Por Milton Jung
Direto de Abu Dhabi

Foram dias agitados esses últimos. Com menos de duas semanas entre a final da Libertadores e o início do Mundial, os trâmites burocráticos e a montagem da estrutura mínima para viajar ocorrem no limite do tempo. A passagem fica mais cara, o hotel com menos vagas, os ingressos desaparecem a cada dia e a concessão do visto gera ansiedade: a autorização da Embaixada dos Emirados Árabes para entrar na região chegou no fim da quinta-feira, último prazo para quem pretendia embarcar no fim de semana (soube de quem a recebeu no saguão do aeroporto).
Com uma viagem de cerca de nove horas até Nova Iorque e mais de 16 horas para Abu Dhabi, com direito a três fusos horários – para trás e para frente -, escala em aeroportos internacionais, despacho de malas e outros quetais, tudo que eu queria era chegar nos Emirados a tempo de ver a primeira partida.
Cheguei …. e não cheguei em um dia qualquer. Cheguei em um 11 de dezembro, data histórica na qual comemoramos a primeira vez que o Grêmio conquistou o Mundo ao vencer o Hamburgo da Alemanha, por 2 a 1, em Tóquio, em 1983. Quis o destino que depois de tudo certo e arranjado, eu desembarcasse na Terra do Mundial exatamente nesse dia em que lembramos um dos maiores feitos de nossa história. Pode ser um sinal, pode ser coincidência ou pode ser coisa alguma. Mas fiquei ainda mais feliz com a conspiração do calendário.
Lá se foram 34 anos desde que alcançamos o topo do mundo em uma competição da Fifa – sim, meu senhor, sim, minha senhora, tinha a assinatura da federação internacional, basta ver as imagens da época – que era disputada em uma só partida e sempre no Japão.
Eu era apenas um guri de 20 anos, universitário, jogador de basquete do Grêmio e sem um tostão no bolso para viajar até o outro lado do mundo. Estar ao lado do Grêmio era um sonho impossível de ser realizado. Assisti ao jogo em Porto Alegre mesmo. E tenho certeza que você, caro e raro leitor desta Avalanche, se gremista for, também haverá de lembrar onde estava. Eu estava ao lado do meu pai – boa parte das nossas grandes conquistas, estive na companhia dele. Estávamos junto com alguns amigos do basquete gremista no apartamento do técnico Edson Rezeznik.
Vibramos entre amigos cada drible e cada gol de Renato, aplaudimos a bravura (e braveza) de nossos jogadores e comemoramos a grandeza do Grêmio que fez os alemães e a Europa se renderem ao nosso futebol. Voltei para casa de carona com o pai, buzinamos no meio do caminho para cada torcedor que corria pelas ruas extravasando sua alegria na madrugada de Porto Alegre. Uma enorme festa que se estenderia até o retorno da delegação ao Brasil.
Tanto tempo passou e tantas coisas aconteceram na minha vida desde então. Pessoas que estavam comigo se foram, muitas outras vieram. Eu mesmo fui embora. Troquei Porto Alegre por São Paulo para construir minha própria família e carreira profissional. Cresci, chorei, amadureci, sofri, envelheci, comemorei … e sempre estive com o Grêmio onde o Grêmio estivesse.

Neste 11 de dezembro, 34 anos depois de conquistamos o Mundo, desembarquei em Abu Dhabi ao lado de meus dois filhos. Por onde passamos, nos aeroportos que andamos e nos aviões que embarcamos, no Brasil e fora dele, o Grêmio esteve conosco. Torcedores enrolados em bandeiras, trapos esticados sob as mesas de bar, camisetas novas, antigas e retrôs vestidas com orgulho. Quem não se falava, trocava olhares cúmplices. De quem sabia o que carregava na mala, no que sonhava naquele momento …
Um sonho que é muito mais complicado hoje do que foi em 1983. As diferenças financeiras e técnicas entre o futebol da Europa e da América do Sul aumentaram desproporcionalmente. Etapas e times encardidos se meteram no meio desta disputa e entram em campo dispostos a fazer sua própria história e desconstruir a nossa.
Independentemente das diferenças e dificuldades impostas no nosso caminho, aconteça o que acontecer amanhã e depois, quero aqui deixar registrado: 34 anos depois de o Grêmio me dar o prazer de gritar “Campeão do Mundo”, o Grêmio volta a me dar o direito de sonhar o maior de todos os sonhos que o futebol pode proporcionar.
Eu estou aqui na Terra do Mundial, sonhando e orgulhoso de ser gremista!
Patrick · 379 semanas atrás
Ps.: Estou muito pilhado pra esse jogo!
Regis · 379 semanas atrás
heraldo · 379 semanas atrás
MARCELÃO · 379 semanas atrás
nelsongz2 92p · 379 semanas atrás
Em 1995 era muito difícil vencer o Ajax, base da seleção holandesa, invicto a quase 60 partidas, mas o Grêmio foi um gigante. Os deuses do futebol não estavam do nosso lado. Além da injusta expulsão do Rivarola, fazendo com que o time tivesse que jogar com um a menos, durante todo o segundo tempo e prorrogação, antes dos dois pênaltis perdidos pelos que sempre acertavam, Arce e Dinho, teve um gol perdido pelo goleador Jardel, cara a cara com o goleiro. Ficou aquele gostinho amargo de que poderíamos ter conquistado o bi, que foi injusto não termos vencido ao Ajax.
Hoje vamos iniciar nossa terceira jornada. Não será fácil vencer ao Pachuca. Pelas entrevistas, acho que o time do Grêmio está respeitando o adversário, como deve. Apesar do nervosismo da estréia, esperança da IVI, vamos vencer, por um ou dois golos de vantagem.
No próximo sábado, 22 anos depois, contra Cristiano Ronaldo ou não, sinto que venceremos, vamos ganhar o BI!
Maurício · 379 semanas atrás
Nunca me esqueci disso. Não lembrava da data do primeiro título do mundial, mas, acho que 11 de dezembro é um dia especial. 1983, Grêmio campeão mundial, 2016 inter B, 2017 bons presságios (treino do real, prorrogação do jogo do pachuca)... Nunca acreditei em título do Grêmio, e continuo não acreditando - e espero que continue errando o resto da minha vida.
COPIÂO DE TUDO · 379 semanas atrás
Continuo realmente muito confiante em dois confrontos muito superiores aos que fizemos até aqui nos vários ótimos jogos de 2017, pois vejo Diretoria, Comissão técnica, grupo e time muito ligados, mas muito mesmo no que poderão conquistar à partir deste mes maravilhoso de dezembro de 2017. Eu acredito, sempre acreditei nesse grupo & comando.
Jair · 379 semanas atrás
Jaílson e Michel não estão se encontrando, não participam do jogo...