Domingo sem jogo do tricolor e segundo dia dos Jogos Olímpicos permitem que eu fale de um tema que, mesmo no inconsciente, incomoda a todos que acompanham futebol.
Quem acompanha o blog sabe que eu torço sempre contra o que chamam de Seleção Brasileira de futebol. Sempre? Sempre, com uma exceção: quando joga a seleção feminina eu torço a favor.
Ontem não vi o jogo porque entre o futebol que tem sempre e a natação fiquei com a segunda opção. Mas vi os melhores momentos e as entrevistas. E aliás, nem precisava ver a partida para saber o que aconteceu.
O futebol feminino sabemos todos não existe no Brasil. Alguém saberia dizer aí, sem olhar no google, quantos e quais clubes tem departamento de futebol feminino no nosso país? Alguém sabe dizer se há um campeonato de futebol feminino? Duvido que tenha um leitor capaz de dar estas respostas. Mas nossas meninas estão lutando bravamente pelo título. Ontem aplicaram um sonoro 5 x 1 na seleção sueca que é uma das mais fortes do mundo.
E o que se vê no jogo feminino? Luta! Aplicação! Denodo! Irresignação! Simplicidade! Atletas!
Sim. Atletas. Dizem que as mulheres são vaidosas. E são. Dizem que as mulheres gostam de se enfeitar. E gostam. E que bom que sejam assim para nós homens. Mas apesar de vaidosas e de gostarem de se enfeitar as mulheres sabem a hora correta para isto.
Nossas garotas entram em campo sem usar nem mesmo batom. O cabelo é amarrado displicentemente com um rabo de cavalo. Os brincos e demais adereços são deixados nos vestiários. Elas jogam focadas naquilo que interessa durante a partida: no resultado, na vitória.
Não se vê uma jogadora mulher procurando o telão a cada passe que faça. Nem Marta, esta multi-campeã como melhor do mundo mostra a menor vaidade.
Já nosso bravos guerreiros...
Cheios do dinheiro desde a tenra idade iniciam com carrões mas logo se aborrecem com o brinquedinho. Afinal, carrões todos eles tem. E carrão eles não podem mostrar durante os jogos. Do carrão passam para cabelos a cada dia mais estranhos, para não dizer ridículos e escrotos. Dos cabelos para os brincos, tiaras, anéis, e tudo o mais que as mulheres, estas vaidosas, adoram usar. E dos adereços pulam para as tatuagens. Não há praticamente uma parte do corpo de jogador de futebol que não tenha tatuagem. Não do corpo destes nossos "craques" dos grandes clubes e seleções. Aí eu fico pensando. Gastando tanto tempo para os carros, as festas, os enfeites, os cabelos ridículos e as tatuagens quando é que eles pensam no clube que os paga, nas jogadas que devem ser ensaiadas e assimiladas, no sentimento do torcedor que, afinal de contas, paga a festa toda?
Pois é. Não tenho nada contra que cada um ande como quiser e do jeito que quiser. Gostos e, principalmente, a individualidade das pessoas deve ser respeitada. Mas eu, como torcedor, me senti muitas vezes desrespeitado ao perceber que muitos jogadores, para não dizer a maioria, está mais preocupado com a aparência e o pós jogo do que com a paixão do torcedor.
Será o excesso de dinheiro? A exposição demasiada na mídia? Aconselhamento de empresários preocupados sempre com o próximo contrato?
Não sei a resposta. Simples vaidade sei que não é. Fosse assim, as mulheres da seleção feminina, estas vaidosas, passariam pelo menos um batom nos lábios antes de entrar em campo. Mas estas não podem. Elas tem de lutar pela vida. Tem de batalhar o prato de comida de amanhã. Tem de dar uma felicidade para o torcedor que sai de casa e vai incentivá-las, enfrentando os transtornos do trânsito e os perigos das nossas ruas.
Ah se nossos "ídolos" masculinos se espelhassem nas nossas verdadeiras heroínas...