“- Os seus
sonhos cheiram mal. Eles fedem. Talvez você ache que ainda está sonhando, hein?
Isso parece com um sonho pra você, homem branco da cidade?
[...]
- Você quer
se livrar da maldição? Primeiro você tem que passá-la para essa torta. E então você
dá essa torta, com a maldição dentro, para outra pessoa.
- Ok.
- Você
ganhará peso rápido agora. Tão rápido que você não saberá o que está
acontecendo. Mas alguém tem que comer essa torta, e logo. Aquele que comer a
torta morrerá rápido e sofridamente. Você conhece alguém?
- Sim.
- Sim, você
conhece alguém... Mas por que você não faz o certo? Coma sua própria torta! Você
morrerá seco, mas morrerá limpo.
- Saia da
minha frente. Nosso negócio está feito.
- Morra
limpo, homem branco da cidade. Morra limpo!”
Tadzu
Lempke, alertando o inescrupuloso advogado Billy Halleck, no mítico filme “A
Maldição”, inspirado no fantástico livro “A Maldição do Cigano”, de Stephen
King.
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Caros
A
consternação ainda toma conta de todos por conta da fatalidade ocorrida com a Chapecoense.
Todo e qualquer evento futebolístico ficou, justificadamente, relegado a
segundo plano. E nem poderia ser diferente. A CBF decretou luto de sete dias e
o adiamento da tão aguardada final da Copa do Brasil, assim como da última
rodada do Campeonato Brasileiro, foi medida inquestionável. Ou nem tanto assim,
visto que, mesmo em meio à tragédia, sempre surgem os aproveitadores, os quais não estão nem aí com a comoção generalizada. Vale tudo
para atender seus interesses.
Em 1984 Stephen
King escreveu um livro que tornaria-se um marco em sua obra, o qual foi
transformado em filme em 1996. “A Maldição do Cigano” contra a história do
obeso e inescrupuloso advogado Bill Halleck, que não mede esforços para atender
até mesmo aos interesses de bandidos, desde que isso lhe renda dinheiro e
prestígio. Até que Bill sofre um revés em sua vida na noite em que atropela a filha
de um velho cigano. Utilizando seus contatos, Bill é julgado e inocentado da
morte. O velho Tadzu Lempke, pai da cigana morta, faz então valer a justiça
cigana e lança uma maldição nos três artífices da farsa: o delegado que
encobriu as provas, o juiz que proferiu a sentença e o próprio Bill. Todos
morreriam de forma lenta e dolorosa. No caso de Bill, ele emagreceria até morrer.
Só que Bill não aceita isso e utiliza de todos os meios, até mesmo ameaça e
violência, para livrar-se da maldição. Sem nenhum escrúpulo, preocupado apenas
consigo, Bill passa por cima de qualquer coisa para atingir seu objetivo. Leiam
o livro e assistam o filme. É uma história para refletir.
Pois eis que
isso surge exatamente no momento em que todo o mundo do futebol está com os
olhos em Chapecó. O Atlético Nacional, clube sobre o qual o Grêmio
sagrou-se bicampeão da América, mostrou o que os grandes fazem em momentos como
esse. Abriu mão do título da Copa Sul-Americana, solicitando à Conmebol que
entregasse a taça à Chapecoense. Sem ninguém pedir, fez no gramado do estádio
Atanasio Girardot uma cerimônia grandiosa e emocionante nesta última
quarta-feira, no horário em que o jogo deveria ocorrer. Que clube gigante!
O Grêmio, na
figura do vice-presidente Adalterto Preis, foi o primeiro clube a propor a
cedência gratuita de jogadores à Chapecoense, a fim de ajudá-la a
reerguer-se. Torcedores das mais diversas partes associaram-se ao clube, a fim
de auxiliá-lo neste momento de dor. A venda de camisas oficiais disparou, a
ponto dos estoques terem praticamente se esgotado. Todos estão com seus corações voltados para o que mais importa neste momento.
Mas, por
incrível que pareça, mesmo em meio a esta situação, os inescrupulosos e sem
noção acabam agindo e manifestando-se. O vice-presidente de futebol do sci,
fernando carvalho, deu declarações simplesmente reprováveis, preocupando-se
mais com os prejuízos que seu clube teria com o adiamento da rodada do que com
a comoção que o momento exige.
Não bastasse isso, horas depois, reiterou que o clube fará de
tudo para não ser rebaixado, mesmo que isso implique em medidas judiciais. O
famoso “tapetão”, prática abominável utilizada por entidades que, por conta de sua
incompetência em campo, acabam abraçando. O dirigente foi enfático e afirmou, na maior cara de pau, que não tem nenhum problema em ter a "fama" de usar o tapetão. Pior: nos bastidores, há um
movimento capitaneado pelo sci para que a última rodada do campeonato não
ocorra, a fim de gerar-lhe motivo para questionar o resultado final e evitar
seu rebaixamento à segunda divisão. Até mesmo um provável WO em partidas como Atlético-MG e Chapecoense, que em nada impactam no rebaixamento red, será motivo para ações judiciais para evitar a queda.
Para quem
ainda acha exagero, teoria da conspiração, ou mesmo os incautos que vociferam
que este dirigente não responde pelo clube (???), há um exemplo claro de como
pensa e age TODA a direção vermelha. Ontem estava marcada a final do campeonato
Sub19 entre sci e Lajeadense. Em face do luto promulgado pela CBF, a FGF
informou ao clube do interior que o jogo não ocorreria. Por razões óbvias, o
pedido foi acatado pelo Lajeadense, visto que não haveria clima para tal. Só
que, vinte minutos depois, a FGF contatou-os novamente, informando que a final
ocorreria de qualquer maneira, pois o sci NÃO ACEITAVA O CANCELAMENTO DO JOGO!
Não respeitaram sequer o luto e a dor que tomava conta do mundo do futebol.
Vejam abaixo o depoimento do técnico do Lajeadense, Serginho Almeida, sobre o
episódio.
Tudo isso
posto, e considerando as ações inescrupulosas do sci para livrar-se do
rebaixamento, mesmo em meio à dor generalizada, só posso lembrar-se do conselho de
Tadzu Lempke: MORRA LIMPO! Vendo a postura demonstrada até agora pela
direção red, é provável que ignorem o que deva ser feito nesse momento. Utilizarão
até mesmo a tragédia e o que ela eventualmente possa proporcionar para
locupletarem-se. Não aceitam o destino que eles próprios cavaram. Cair é da
vida. Aceitar a queda dignamente e reerguer-se é apenas para os grandes. Essa é
a lei. MORRA LIMPO!
Saudações
Imortais