8 de janeiro de 2017

"Não me cuidei"

Os anos passam muito rapidamente. Quando a pessoa dá por si, o tempo passou e não há como retornar. A juventude se esvai num piscar de olhos, principalmente para quem necessita de força física para exercer seu trabalho. Quando o menino inicia sua carreira no futebol pode ser  traído pela sensação de infinitude. A imaturidade muitas vezes age como grande algoz e o que poderia ser um bilhete premiado, torna-se uma grande frustração. Existe um ditado popular que ensina: dinheiro não aceita desaforo.
Profissionalismo e maturidade são os grandes aliados para uma carreira vitoriosa no futebol.
Muitos talentos se perdem pelo caminho por não saberem como lidar com os desafios impostos pelo sucesso, dinheiro e fama. O esporte provavelmente seja a área que mais exige de seus profissionais, porque além de discernimento é preciso ter muita disciplina para chegar ao topo e lá se manter. A vida mundana tem seus encantos e é um perigo para quem sonha com sucesso financeiro, prestígio e credibilidade.
Em entrevista ao site UOL (reproduzida abaixo) , o jogador  Guilherme (ex-Grêmio)  conta que apesar de não ter levado a carreira muito a sério , ainda conseguiu fazer seu "pé de meia". Muitos não possuem a mesma sorte e afundam sem conseguir a tão sonhada estabilidade financeira.
A entrevista é um bom alerta para aqueles que estão iniciando a carreira.
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Hoje técnico, Guilherme diz que baladas reduziram a carreira: "não me cuidei"

Marcello De Vico e Vanderlei Lima
Do UOL, em Santos e São Paulo

Quanto a vida noturna pode influenciar na carreira de um jogador de futebol? Para o ex-atacante Guilherme, hoje técnico contratado pelo Linense para o próximo Campeonato Paulista, bastante. Com passagens por São Paulo, Corinthians e Atlético-MG, o agora treinador coloca - em entrevista exclusiva ao UOL Esporte - as baladas como principal responsável por sua curta carreira como atleta - ele parou de jogar bola cedo, ainda aos 31 anos de idade.
Consciente dos erros que cometeu quando era mais jovem, Guilherme tenta agora passar para os seus comandados os riscos da vida noturna. Não só a curto prazo, como em um jogo específico, mas principalmente a longo prazo, com a possibilidade de ver o fim da carreira chegar antes da hora, como aconteceu com ele – pendurou as chuteiras em 2005, no Bota.

FOLHA DE S.PAULO
"Hoje [as baladas atrapalham] muito mais, porque exige muito mais fisicamente, se treina muito mais forte, os jogos são muito mais exigentes que no passado. Hoje o atleta tem que ser atleta profissional na concepção da palavra, não pode fugir, não tem como fugir, hoje o cara não aguenta ter duas vidas. Eu fui muito de balada para falar a verdade, só que eu guardei dinheiro, a diferença é essa. Eu fui muito de balada, resolvia os meus problemas dentro de campo também, mas guardei muito dinheiro", recorda Guilherme.

"As minhas baladas não eram pesadas, mas ela atrapalhou porque eu tive que parar com 31 anos de idade, eu tinha muito ainda o que dar, mas eu não conseguia jogar em alto nível e eu não ia jogar tudo fora o que eu tinha conquistado. Eu tive que parar com 31 anos de idade, então atrapalhou. Eu nunca tive lesão, para falar a verdade eu tive muita sorte. Como eu não me cuidei, quando eu passei dos 30 anos eu comecei a ter lesão muscular e, ao invés de eu parar 15 dias, eu parava 30 dias. Aí eu decidi parar", acrescenta o ex-atacante.
Para Guilherme, os jogadores, especialmente de hoje em dia, precisam deixar a noite de lado se quiserem ter sucesso na carreira, até pelo alto nível físico de exigência que existe em relação à época em que ele atuava.
"O que eu passo para eles é aproveitar o mais rápido possível a pouca idade, porque a idade vai passando e a carreira de jogador de futebol é curta. Eu parei de jogar com 31 anos de idade e tive sorte de jogar só em alto nível, três anos de Europa [Rayo Vallecano] e consegui fazer a minha vida. Eu não cheguei em alto nível ainda como treinador e trabalho com jogadores que estão com a vida não resolvida ainda, e alguns deles tomaram decisões erradas no meio do caminho que dá tempo ainda, mas que realmente precisa colocar a cabeça nas coisas boas, curtir a família, esquecer as baladas, esquecer a noite e focar no futebol porque o futebol é muito curto, e 90% dos atletas hoje, depois que param, não têm perfil pra seguir uma carreira que vai proporcionar a ele uma vida financeira", analisa.
Carreira de técnico? Nem ele imaginava...
Quando jogador, Guilherme já sabia que, a ideia após pendurar as chuteiras, era continuar no mundo do futebol. Mas não como técnico. O ex-atacante revela que a nova profissão não passava pela sua cabeça, muito menos pelas pessoas com quem convivia no esporte.

Site oficial do Novorizontino
"Eu acho que todo mundo não imaginava, e agora que as coisas vêm acontecendo ainda bem, porque eu acho que tomei a decisão correta [risos]. Eu, na verdade, sempre pensei em continuar nas quatro linhas, essa situação de dirigente, empresário... Eu gosto muito do dia a dia, do ambiente, da adrenalina, dos jogos, então para mim não foi uma surpresa [ser treinador], foi para muitos, amigos, amigos repórteres, para o pessoal da imprensa, realmente assustou um pouco no início, mas eu tomei a decisão correta. A melhor decisão que eu tomei foi me preparar antes de iniciar a carreira, eu não tenho nada contra os atletas que param de jogar e se tornam treinador, eu acho que vão sofrer um pouco. Eu me preparei, eu procurei ficar quase cinco anos me preparando. Eu vejo hoje que eu tomei a decisão correta, eu tirei o CREF, congressos, estágios, trabalhei de auxiliar técnico, ou seja, percorri todo um caminho".

Técnicos que servem de inspiração... Telê é exaltado

David Cannon/Getty Images
Com 14 anos de carreira como jogador, Guilherme foi comandado por muitos treinadores de nome, como Luxemburgo, Abel Braga, Levir Culpi e Felipão. Mas nenhum deles marcou tanto o ex-atacante como Telê Santana, com quem trabalhou na época do São Paulo, entre 1993 e 94. E, obviamente, o ex-técnico vem servindo de inspiração para Guilherme em sua nova 'profissão', que já conta com Ipatinga, Marília, Grêmio Novorizontino e Vila Nova no currículo.

"É difícil, sabe por quê? Eu trabalhei com muitos treinadores de nível muito bom: Telê, Luxemburgo, Abel Braga, Muricy, Levir Culpi, Felipão, fiz estágio com o Adilson Batista, Parreira foi o meu treinador, passei por quase todos na verdade, se for pegar os treinadores mais vitoriosos do Brasil... Logicamente que o Telê me marcou muito por ser o início da minha carreira, mas hoje não tem como eu visualizar muito aquilo que o Telê fazia porque o Telê era 50% parte técnica e 50% coletivo, e coletivo hoje não se faz mais, mas esta parte técnica do Telê eu ainda gosto, lembro muito e de todos os outros a gente vai tirando aquilo que você acha que é interessante para você no momento, isso que é importante, porque não adianta você ter passado por grandes treinadores há 15 anos atrás e tudo aquilo que ele pensava sobre futebol hoje já não existe mais. O futebol vem mudando muito e rapidamente você tem que estar atualizado, o futebol não é mais o mesmo, então os conceitos são outros. O que me chamava a atenção no Telê era a repetição, muita repetição de finalização, domínio, passe, ele treinava isso a exaustão, até mais que coletivo. A parte técnica era a que o Telê mais pegava com a gente, era realmente a parte técnica".

13 comentários:

Gilberto Rezende-Rio Grande/RS disse...

O que o Guilherme fala é conhecido, mas o depoimento dele (um ex-bad boy) tem ainda mais peso.
Do ponto de vista do CLUBE isso tem implicações, no sentido que este perfil de jogador mais profissional TEM DE SER melhor avaliado e ter MAIOR PESO na hora do clube contratar um atleta CARO que ele não formou e portanto tem dificuldades de avaliar seu comportamento extra campo.

MAS como sabemos no Grêmio sempre tem um Douglas para ser a exceção da regra...

Pitica disse...

É verdade, Gilberto. Todo mundo sabe o que acontece para quem se joga na balada e apesar disso há jogadores que continuam jogando a carreira fora.

Anônimo disse...

Foi um dos grandes centroavantes que eu vi jogar porém a balada matou ele, fazia gol todo jogo!

Gilberto Rezende-Rio Grande/RS disse...

Mas Bah Pitica o Odorico está ON FIRE !!!
Depois de furar o Kayke e se livrar de dois perigosos na Zaga de uma só vez Fred e Walace Reis! Seguem as movimentações...

Renovo minha dica pro nosso VP, dá uma sondada com a turma do Monte Azul porque o Palmeiras liberou o Gabriel e espero que o Rafael Tyhere tenha mais espaço no Grêmio em 2017 e mais tarde dar um bom lucro na venda...
Já foi dito que o Esperon o volante ex-vermelho deve subir.
Temos a expectativa da chegada do fazedor de gols Gabriel Fernandez e da renovação por dois anos do Douglas...
O Tontini se foi emprestado para o Ceará (talvez por previsível falta de espaço para ele no banco) o Odorico tá a todo vapor...
E ainda tem os repatriados da primeira semana com Fernandinho e Max Rodriguez puxando o grupo. E ainda temos que definir o tamanho do plantel que tem de ser maior que o do ano passado pelo calendário mais puxado de competições...

Só me incomoda a calma exagerada em torno do Marcelo Oliveira...
LATERAL ESQUERDO ODORICOOOOOOO !!!!!

Unknown disse...

O Reche tá apanhando quieto de relho no twitter ! Eu aqui rindo baldes !

2017 vai ser lindo ! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK !

Pitica disse...

Gilberto, Arigatô trabalhando direto para fazer o melhor pelo Grêmio. Nas transações, sempre procurando atender os interesses do clube em primeiro lugar. Todos os nomes são muito bem estudados por toda a equipe que tem em mãos informações completas de todos os atletas. Muitos jogadores com bom nome no mercado e sugeridos pelos torcedores possuem preço dos direitos federativos muito elevados. Só será possível uma transação de maior porte com a venda de algum jogador, conforme o presidente Romildo já explicou em entrevistas.

Anônimo disse...

Pitica os empréstimos de Tontine, Breno e Lincon, e a contratação de Leo Moura se aplicam no teu comentário acima?

Pitica disse...

Sim, os meninos precisam pegar ritmo de jogo e experiência.
Ficando na reserva, eles não conseguirão aperfeiçoar a técnica e a parte física.
Léo Moura já tem bagagem suficiente.

Anônimo disse...

"Só será possível uma transação de maior porte com a venda de algum jogador"
Frase maldita

"Léo Moura já tem bagagem suficiente." Pra mim está com o prazo de validade vencido.

heraldo disse...

Pouquíssimas pessoas em qualquer profissão conseguem se cuidar,tanto que os que conseguem viram noticia ou seja são as exceções.Atletas e modelos,pela exposição do corpo e por estarem intimamente ligado sua imagem ao físico são os que mais notamos. Agora se cada um do blog ganhasse 100 a 200 contos por mês aos 20 e poucos anos,qual seria nosso comportamento?
Me pedem o que faria se ganhasse a mega Sena,digo não sei. Falar que faria isso ou compraria aquilo é muito divertido,mas com a grana concreta na mão,não sei.
Qual a quantidade de jogadores acima de 33 anos estão jogando em alto nível?

Ancião Imortal disse...

O Grêmio segue com a mesma política de achar que com velharias em fim de carreira se ganha grandes títulos.
Não aprendemos nada com o Grêmio dos anos 1990, e também não sabemos ainda porque ganhamos a copa do Brasil.

Quase sempre emprestamos os jogadores mais jovens para ganahr experiência. aí eles vão jogar em Varginha e, com tanta experiência ganha, somem do mapa.

Arthur disse...

Com o monte de competições que teremos no ano, não há espaço pro Lincoln jogar?

Fora ele, os únicos meias do grupo são o Douglas e o Bolaños.

Ancião Imortal disse...

O que se passa com o sub-20 do Grêmio? Um clube para formar times vencedores tem de ter categorias de base com esse espírito. Mas o Grêmio não consegue isso há muito tempo.

De favorito a eliminado no primeiro mata-mata do ano. Eliminado pelo Mirassol. Que coisa feia!