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Já se disse que futebol é um esporte que tem características peculiares. Também afirmou-se que ele é dinâmico: o que vale hoje, amanhã pode não valer.
Contemporaneamente, percebe-se uma nova característica do esporte bretão: ele pode possuir um ciclo bem definido, que podemos chamar de Ciclo do futebol "profissional". O ciclo opera sobre o entendimento do que seja ou seria a solução para uma equipe que não está bem.
No primeiro estágio de análise de um time que anda mal, não é raro se ouvir que bom é o jogador que não está jogando. É a solução preferida do torcedor. A solução está ao alcance da mão. Só o técnico burro é que não vê. Este é um estágio primitivo do "entendimento" do futebol e um sinal claro de fraqueza da equipe. A solução não só está no grupo, mas permanentemente fora da escalação, porque ela pula de atleta para atleta, conforme as soluções não solucionam.
A dinâmica do esporte criou outra crença, que se usa como um mantra: bom é o que vai estrear. Esta alivia o técnico e deixa a solução do problema em suspenso, mas ainda ao alcance da mão. O tempo resolverá.
Agora, quando a coisa embatuca de vez e começa encaroçar para o lado do dirigente, passa-se a utilizar a boia do mercado, que alimenta as redações e é o terceiro degrau da caminhada retórica futebolística: bom é o que vai ser contratado.
Por fim, o último estágio de que se tem conhecimento atualmente é construído sobre a ruína no time, quando quase nada se salvou. Este soa como sentença condenatória para a direção: bom é o que não foi contratado.
Após emitido o veredito, costuma-se estabelecer que no próxima ano o grupo estará pronto na pré-temporada e que tudo será diferente. O treinador define os onze titulares e, então, o time tem alguns tropeços. Nada que preocupe muito. Afinal, a solução está ao alcance da mão, como uma luz na escuridão, e só o burro do treinador não vê.