15 de outubro de 2016

Os bravos, honestos e talentosos rapazes (e gatinha) da Grêmio Rádio Umbro

Guarde estes nomes:

Cristiano Oliveski
Luciano Rolla
Márcio Neves
Rodrigo Fatturi
Ígor Póvoa
Jéssica Maldonado

Já houve um tempo em que ser jornalista era um orgulho. Eu não fiz jornalismo por duas razões: era tímido e sabia que jornalismo, tirando os monstros sagrados, pagava pouco. Fui para a engenharia mas, ironia, convivi no básico com turmas do jornalismo. O Ilgo Wink foi um dos meus colegas no básico.

Mas sim, sou do tempo do Pedro Carneiro Pereira, do Milton Ferreti Jung (pai do Milton da Avalanche), do Ruy Ostermann, do Lauro Quadros, do Belmonte, do Ranzolin e de muitos outros que, tinham time sim, mas tinham acima de tudo credibilidade. Todos eles eram JORNALISTAS. Assim mesmo, em caps locks. Todos trabalhavam a notícia, a informação, a verdade. E faziam isto tão bem que deixavam sempre a dúvida. Eram colorados ou gremistas? Não importava. Eram jornalistas.

Mas o tempo passou. A internet chegou. E mais do que a credibilidade e a respeitabilidade o que dá dinheiro é "pageview". Saca o Topa Tudo por Dinheiro do Silvio Santos? Fichinha. Quer manter o emprego? Consegue "pageview". Quer deixar o chefe feliz? "Pageview". E se assim é para ser, assim será.

E se assim será, que seja ajudando quem paga mais. Ou, pelo menos, aquele que amamos. E assim se faz a crônica esportiva gaúcha. Não há mais profissionalismo em 90 % do que se lê. Há interesse financeiro. Há clubismo. Há desonestidade. Há vergonha. Todos lembram do áudio vazado do candidato a presidente la no aterro. "Eu descobri o quanto custa a imprensa esportiva gaúcha. E vi que é pouco." Ele disse. E está lá gravado. Claro que há exceções. Mas o jornalista sério hoje é minoria.

Ontem mesmo. Anderson deu uma bofetada mais do que bem dada naquele elemento que acabou com a temporada do Miller. Há filmes, que nestes tempos de smart phones e vigilâncias não existe mais privacidade no mundo. Mas os nossos jornalistas gaúchos só noticiaram depois que a notícia se espalhou mundo afora. Quando não há como proteger o SCI2006, corra-se para parecer honesto. Se é notícia da Arena entreviste-se o pai, a mãe, o tio, a namorada do jogador. Aquele que for mais barulhento e puser mais lenha na fogueira. Se é no time do Cheira Rio é assim ó:



Não enganam mais ninguém. Lembram do episódio do Tite e das ovelhinhas? O cara jogou no ventilador. O mesmo cara que no ano passado, depois que saiu a público uma treta dos róseos falou que "sabia mas não tinha divulgado em respeito à diretoria do SCI."

Mas voltemos ao que interessa: os nomes acima. Acrescentem Carlos MiguelMazaropi e os técnicos Carlos Pereira e Victor Pereira.

Desde vários anos pensava-se no tricolor em uma rádio que falasse de Grêmio de gremistas para gremistas. Isto custa dinheiro. Mas o marketing foi atrás. Depois de muito estudo a coisa aconteceu. Um espaço em uma rádio FM (90.30) foi alugado e a rádio tornou-se realidade não só para quem acessasse a internet, onde ela já existia timidamente desde 2007.

E quando a rádio foi anunciada foi uma polvorosa. Nando Hipoglos reclamou, Mortadela reclamou, Malfiquinhas reclamaram. Outros reclamaram. "Isto é controle da notícia." "Esta rádio vai ser oficialista e manipulada." "Isto é coisa de não sei o que." "Bla bla bla." Não adiantou. A Grêmio Rádio Umbro já é segundo lugar em audiência mesmo que operando em uma emissora pequena e de pequeno alcance. Ela está em aplicativos como o do próprio Grêmio ou o tunein. Ela já está na cabeça e no coração dos gremistas.

As razões deste sucesso? Primeiro e acima de tudo porque esta turma listada lá em cima teve a coragem de, sendo jornalistas, declararem-se gremistas em um estado que divide tudo em nós e eles. Ao fazerem isto sabiam que estavam fechando algumas portas para futuros empregos. Mas o sucesso vem por razões ainda mais fortes e importantes.

Eles não são isentos e muito menos baratos. Eles tem lado mas são honestos na narração, entrevistas e comentários. Eles são gremistas mas eles não aliviam. Quando o time está mal a crítica é forte. E estes rapazes têm um grande talento. Narram como os melhores, comentam com conhecimento e facilidade e entrevistam com inteligência. E com honestidade, talento e inteligência eles conseguem credibilidade. E da credibilidade, respeito e audiência.

Por que este post? Simples. Com o momento em que estamos vivendo, quando o jornalismo esportivo gaúcho deixou de fazer o seu papel de informar para se tornar um puxadinho do cocô-irmão na luta inglória contra o rebaixamento, pensei ser a hora de pagar respeito a quem, mesmo tendo um lado declarado e escancarado faz seu trabalho com honestidade. Ainda mais lembrando como foi em 2004, quando todas as desgraças do tricolor vinham à tona e não faltaram empurrões para apressar a queda. Minha memória é bem longa.

Falta o que para a Grêmio Rádio Umbro? Aquele programa do início da tarde. No futuro quem sabe um dia inteiro de programação. Mas por hora seria maravilhoso um programa das 12 às 14 horas.

Longa vida a este projeto. A torcida do Grêmio agradece.