3 de fevereiro de 2017

Avalanche Tricolor: saudade do meu Campeonato Gaúcho

Por Milton Jung

Grêmio 2 x 0 Ypiranga-Erechim
Gaúcho – Arena Grêmio


Gremio x Ypiranga
Luan em uma disputa típica do Gaúcho. Foto:Lucas Uebel/GremioFBPA

Diga o que quiser. Pense o que pensar. Pode desmerecer. Não tem problema. Eu vou entender, mas nada será capaz de me tirar do peito esta saudade que sinto do Campeonato Gaúcho. Uma baita de uma saudade, como diria lá no meu Rio Grande.

Conheci o Gauchão quando este aumentativo era dispensável. Bastava-nos chamá-lo de Campeonato Gaúcho. Era ainda a competição mais importante que disputávamos nos anos de 1970. Assistia a todos os jogos no Olímpico, que ficava do lado de casa. Ou então viajava para o interior seguindo os passos gremistas. Muitas vezes passos enlameados em estádios acanhados e arquibancadas de madeira.

Tive o privilégio de acompanhar o Grêmio por todo o interior do Rio Grande levado de carona pela equipe de esportes da rádio Guaíba, onde meu pai trabalhou por cerca de 50 anos. Na maior parte das vezes ficava em pé, atrás dos postos ocupados pelo narrador e comentarista da emissora, nas cabines de rádio. Algumas eram tão pequenas que mal cabiam os profissionais, os equipamentos e este torcedor fanático.

Da mesma forma que a lama, o frio era uma das marcas da competição. Houve até um histórico jogo na neve, em Bento Gonçalves, lá pelos anos de 1980. E se alguém me perguntar qual o momento mais marcante como torcedor gremista, não vou titubear: o título Gaúcho de 1977. Foi o primeiro que pude comemorar ao lado e abraçado com o meu pai nas cadeiras do Olímpico.

Desde lá, nossas ambições foram além das fronteiras do Rio Grande. Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores e Mundial entraram no nosso cardápio. E ganhamos todos eles, queiram ou não os mercenários da Fifa.

O Gaúcho ficou menor, mas segue muito perto do coração de cada um dos torcedores. Por isso, foi muito legal ligar a televisão nesta quinta-feira à noite para assistir à estreia gremista na temporada 2017.

O jogo foi na Arena que tem mais cara de Copa do Brasil e Libertadores do que Gaúcho. Mas tinha muita chuva para nos lembrar do passado e um adversário tradicional, lá do norte do Estado na divisa com Santa Catarina. Teve jogadas duras, chutões para o alto, excesso de força e reclamações – o suficiente para matar a saudade.

Teve também o talento que fez do Grêmio penta campeão da Copa do Brasil no ano passado. Geromel, Luan, Douglas, Marcelo Grohe … marcação alta, volume de jogo, troca de passe precisa e muita movimentação.

O primeiro gol foi contra e resultado de uma blitz que resultou de sete cobranças de escanteio em pouco mais de meia hora de partida. O segundo saiu dos pés do redivivo Fernandinho após outra pressão imposta no segundo tempo.

Que venham novas vitórias, a classificação às próximas fases e o título do Campeonato Gaúcho. Até porque desse também estou com uma baita de uma saudade.