Eu sou do tempo que se levava radinho de pilha para o estádio. Alguns levavam radiões de pilha. Neste tempo os profissionais da imprensa eram respeitados pelo seu conhecimento e isenção. Milton Ferreti Jung, por exemplo. Um grande narrador, jamais narrou um gol do Grêmio ou do timinho que denunciasse sua preferência. Há dois anos descobri que é gremistão. Hoje em dia, todos vocês sabem, não se fazem mais jornalistas como antes.
Eu sou do tempo em que se voltava à pé do Olímpico até a Ramiro Barcelos. A meia-noite e com direito a atravessar tranquilo a redenção. Naquele tempo, os assaltos, em menor número e menor violência, estavam na periferia.
Eu sou do tempo em que 15 mil pessoas no Olímpico em jogo do gauchão contra o Bagé era público pequeno e de time em crise. Hoje, jogo decisivo com promoção não chega ao dobro disto.
Eu sou do tempo em que o Grêmio tinha atletas que se tornariam laureados. Atletas laureados são aqueles que permanecem vários anos no clube, contribuem para títulos e se tornam amados e respeitados pela torcida. Danrley, Tarciso e Roger são exemplos. Tarciso parou lá por 1984. Danrley e Roger mais recentemente, mas foram laureados pelo que fizeram entre 1995 e 2001. Olhem para os últimos 10 anos? Quem poderá vir a ser atleta laureado do Grêmio neste período?
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Por falar em laureado, tem esta história do Ganso.
Ganso é um grande jogador. Ou foi, enquanto quis. Há um bom tempo se perdeu entre lesões e ciúmes do salário do Neymar. Ganso é o tipo de jogador que antigamente poderia se tornar um atleta laureado. Hoje não.
Ganso, como a grande maioria de jogadores, sonha com a Europa, com salário em euro, com camisas de times pequenos em torcida mas grandes em dinheiro. Times de empresários russos, por exemplo.
Claro que a perspectiva de Ganso no Grêmio aumenta a adrenalina e faz pensar em grande time e títulos, finalmente. Mas há várias questões sem resposta:
- Qual Ganso viria? O craque ou o ciumento do Neymar?
- Quando Ganso estaria apto a jogar? Agora ou em Novembro como se fala?
- Quanto tempo Ganso ficaria no Grêmio?
Esta última questão é a mais crítica e, parece, já foi respondida pelo presidente Odone, ao dizer que o jogador poderia ser revendido com um bom lucro dentro de um ano. Não se deve esquecer que mais da metade do passe do jogador pertence ao grupo do Sonda, auto declarado cocolorado fanático.
Portanto, na melhor das hipóteses, Ganso ficaria um ano. Se vier machucado poderia jogar por 4 ou 5 meses, descontando as férias e a pré-temporada. Interessa?
No entanto, parece que estas questões podem perder o sentido ainda hoje. Diz-se, no centro do país, que o jogador e seu "dono" preferem o São Paulo. Que sejam felizes.
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Eu não queria falar nas eleições, mas diante de uma insistente pergunta que aparece nos comentários, no twitter e no facebook, sou obrigado a respondê-la.
- Onde andava Koff quando o Grêmio foi rebaixado?
Se te perguntarem isto, responda com outra pergunta e uma resposta:
- A qual rebaixamento tu te referes? Se foi no de 1992, ele assumiu a bronca como presidente e, em 3 anos entregou um clube bi-campeão da Libertadores, bi campeão brasileiro e tri campeão da Copa do Brasil.