Vivida por Guilherme C. Bueno
Dias de Glória
Naquele 07/10/1995 o Tricolor entraria em campo com o plantel que é referência até hoje em qualquer bate papo de gremistas. O adversário era o Corinthians, o mesmo que havia arrancado o título da Copa do Brasil daquele que se tornara Bicampeão da América. O Olímpico apresentava cerca de 10 mil torcedores para assistir a última rodada do 1º turno, o que não era pouco para a época, ainda mais pelo fato de o Tricolor já não mais ter chances de obter uma vaga para semi-final do campeonato nacional daquele ano naquele turno.
Foi neste cenário que pela primeira vez coloquei os pés no Olímpico Monumental ao lado do meu pai. O Grêmio foi sem sombra de dúvidas a maior conexão que eu tinha com meu pai aos 11 anos. Lembro com nostalgia dos gols do Grêmio naqueles tempos quando assistíamos o Tricolor pela Globo, Bandeirantes, SBT ou Manchete. Meu pai batia uma palma seca e permanecia inerte, enquanto eu gritava e saltava com a emoção que a minha idade reservava. Lembro que de tanto atucanar o velho, ele me autorizou a doar R$ 3,00 para o Fica Jardel naquela época.
Pegamos o T4 até a Ipiranga e depois um táxi até o Olímpico. Chegando lá eu tive a certeza que meu pai não poderia ter me dado um presente mais inesquecível. Tudo parecia tão imenso que a tela do aparelho de televisão nunca conseguiria captar. Ver Danrlei, Rivarola, Goiano, Carlos Miguel e Paulo Nunes já era demais, mas fomos presenteados com os dois gols do Jardel e a brilhante atuação do Arilson. O gol de desconto do Corinthians não arrefeceu o ânimo que eu sentia naquele momento. Até mesmo o meu pai trocou a frieza das palmas por pulos e gritos.
A ligação que eu e meu pai tínhamos com o Grêmio era tão forte que até mesmo o Tricolor percebeu isso. Quando meu pai morreu em novembro de 1997, o Grêmio cessou uma sequencia avassaladora de títulos e atuações irrepreensíveis. Alguns dizem que a culpa era da má gestão na época, outros que o time dos sonhos estava se desmontando sem Luiz Felipe e Jardel. Pode ser, mas na época eu tinha certeza que o que fazia falta ao Grêmio mesmo era o meu pai.
Este ano tive a melhor notícia da minha vida, minha esposa e eu esperamos nosso primeiro filho (a). Independente de eu substituir meus gritos nos jogos que até hoje me acompanham por uma palma seca ou o Grêmio retomar seu caminho de glórias, tenho certeza que terei novamente a mesma conexão na minha vida.
Abraços e saudações tricolores.