Em 1993, mesmo ano em que Fábio Koff assumiu a presidência do Grêmio pela segunda vez para iniciar uma nova trilha de glórias, era lançado o filme Feitiço do Tempo, com o excelente Bill Murray. Ele interpreta um repórter que vai cobrir o tradicional evento do “dia da marmota” nos EUA, quando a saída deste animal da toca sinaliza se o inverno será mais curto ou mais longo (mais uma daquelas tradições americanas meio esquisitas). Ao acordar no dia seguinte, ele passa a notar que todos estão comportando-se exatamente como no dia anterior. As pessoas estão com as mesmas roupas, lhe dirigem os mesmos cumprimentos de “bom-dia” e coisas do gênero, o que lhe causa grande estranheza. Até que ele percebe que está preso em um dia que se repete sempre. Ao acordar no dia seguinte, todos os eventos são exatamente iguais aos do dia anterior. Passa então a tirar proveito deste fator e começa a imaginar uma maneira de sair do looping eterno. Este filme é um daqueles clássicos que volta e meia repetia na Sessão da Tarde e garante muito divertimento.
Me lembrei dele por conta do último post do Minuzzi e dos comentários ali postados. Como havia citado ali, o treino de repetição é um conceito consagrado no futebol há várias décadas. Não só no futebol, mas praticamente em todos os esportes. Para os pouco afeitos ao estudo de análise tática e conceitos futebolísticos, farei um curtíssimo resumo de como a coisa funciona, baseado inclusive na forma como as escolinhas de futebol atuam. Se algum leitor incauto tiver inscrito seu filho em alguma escolinha que não pratique estes conceitos, sugiro rever seriamente sua decisão. A não ser que o objetivo seja só fazer o piá gastar energia, ao invés de transformá-lo em jogador de futebol.
A primeira fase de um treinamento consiste no chamado treino de fundamentos. E aqui não estamos falando de fundamentos específicos para um jogador sem posição definida, como passe, controle de bola, cabeceio e afins, pois esta é uma fase anterior (posso até retomar esse tema em outro post). Os fundamentos aqui tratados são os fundamentos coletivos, aqueles que funcionam para que a equipe possua a mecânica mínima de jogo. São os fundamentos que constroem as jogadas básicas de um time de futebol. O exemplo que dei no post do Minuzzi referia-se aos cruzamentos. Esta é uma jogada clássica, preconizada pelos inventores do futebol, os ingleses, aquele povo que mora naquela terra que o Seu Algoz tanto ama e pela qual nutre saudades constantes. A jogada básica envolve a bola rolando em direção à linha de fundo, com o lateral correndo em direção a ela e alçando-a na área. Na área estará o atacante, o qual tem a tarefa de receber a bola e marcar o gol. Na goleira, obviamente, estará o goleiro, o qual também participa deste treinamento com objetivo inverso. No caso dele, seu treino visa a parte defensiva deste tipo de jogada. Ela pode ser treinada com suas variantes centradas no atacante, no caso, arremate direto (recebendo a bola e dando apenas um toque nela em direção ao gol), domínio sem quique (permite que o atacante domine a bola antes de arrematar ao gol, porém sem tocá-la no solo), domínio com quique (igual ao anterior, porém permitindo um toque no solo) e muitas outras.
O primeiro fator a ser treinado é o início da jogada, no caso, o ato do lateral alçar a bola na área. Demarca-se um perímetro na grande área onde o atacante poderá movimentar-se, considerando como correto aquele cruzamento que faça a bola chegar ao perímetro. Caso contrário, a jogada é considerada como falha. A repetição fará com que o lateral comece a automaticamente tratar este fundamento, variando-o apenas para aprimoramento. Cruzou 300 vezes e acertou só 20? Continua até atingir um percentual considerado como satisfatório. Tão logo seja atingido este patamar, aí o treino de repetição passa a concentrar-se no atacante. Recebeu 200 cruzamentos corretos e só marcou 10 gols? Repete até começar a ter um aproveitamento decente. E por aí vai. Este conceito de treinamento é universal, podendo ser aplicado para todos os tipos de jogadas coletivas e individuais.
“Ah, Matador, mas e aí o time vai ter só as jogadas básicas? Não é muito pouco?” Claro, padawan! A partir do momento em que os fundamentos coletivos sejam dominados, aí o treino de repetição passa a concentrar-se nas chamadas “jogadas ensaiadas”. São aquelas que fogem à situação das jogadas clássicas. Uma cobrança de falta na meia-lua por cima da barreira em direção ao gol é jogada ensaiada? Não, lógico que não. É jogada clássica, passível de treino de repetição clássico. O que for diferente disto é considerado jogada ensaiada, como naquelas situações em que um jogador efetua infiltração na área partindo de um ponto atrás da bola para arrematar a gol, ou quando ocorre posicionamento diferenciado de um jogador que recebe a bola que iria a gol para fazer cruzamento. Mas este tema já daria outro post, então vamos só até aqui.
Nesta semana o Grêmio efetuou o típico treinamento clássico de cruzamentos para a área. Não vou entrar em detalhes, pois não sou X-9, mas posso dizer que a cobrança por este tipo de treinamento veio de instâncias superiores. Sinal positivo de que o futebol do tricolor está sendo visto sob outro prisma a partir de agora. Não me importa que os atletas tenham que ficar em looping eterno repetindo as jogadas. Até penso que, dado nosso momento, seria o ideal. Por mim, eles poderiam ficar como o personagem do Bill Murray em Feitiço do Tempo, repetindo e repetindo as jogadas até aprenderem a fazer de olho fechado. A construção de um time campeão passa por situações como esta.
E falando em time campeão, mais do que nunca estou torcendo para o Grêmio faturar um caneco este ano, podendo ser o do Brasileirão, que começa amanhã na partida em Caxias contra o Náutico. Neste domingo começamos a trilhar mais um caminho que pode nos dar uma conquista da qual já desfrutamos e queremos mais. Os Correios me entregaram neste sábado um Sedex cujo remetente estava identificado como “Grêmio FBPA”. Dentro havia um objeto que pode tornar-se um item de colecionador daqui a alguns anos, caso o grupo que aí está comece a treinar e jogar como deve. Ganhei porque fui o mais rápido em acertar o resultado de um jogo do Grêmio contra os róseos no ruralito de 1988. Tá certo que foi quase uma covardia, pois alguém com minha sapiência futebolística deveria ser impedido de participar deste tipo de promoção, mas fazer o quê? O Hernández que me desculpe, mas eu nem quero mais aquela camisa que a Topper enviou pra ele na época da inauguração da Arena. Olha aí a foto do meu presente e baba, paraguaio!
Me lembrei dele por conta do último post do Minuzzi e dos comentários ali postados. Como havia citado ali, o treino de repetição é um conceito consagrado no futebol há várias décadas. Não só no futebol, mas praticamente em todos os esportes. Para os pouco afeitos ao estudo de análise tática e conceitos futebolísticos, farei um curtíssimo resumo de como a coisa funciona, baseado inclusive na forma como as escolinhas de futebol atuam. Se algum leitor incauto tiver inscrito seu filho em alguma escolinha que não pratique estes conceitos, sugiro rever seriamente sua decisão. A não ser que o objetivo seja só fazer o piá gastar energia, ao invés de transformá-lo em jogador de futebol.
A primeira fase de um treinamento consiste no chamado treino de fundamentos. E aqui não estamos falando de fundamentos específicos para um jogador sem posição definida, como passe, controle de bola, cabeceio e afins, pois esta é uma fase anterior (posso até retomar esse tema em outro post). Os fundamentos aqui tratados são os fundamentos coletivos, aqueles que funcionam para que a equipe possua a mecânica mínima de jogo. São os fundamentos que constroem as jogadas básicas de um time de futebol. O exemplo que dei no post do Minuzzi referia-se aos cruzamentos. Esta é uma jogada clássica, preconizada pelos inventores do futebol, os ingleses, aquele povo que mora naquela terra que o Seu Algoz tanto ama e pela qual nutre saudades constantes. A jogada básica envolve a bola rolando em direção à linha de fundo, com o lateral correndo em direção a ela e alçando-a na área. Na área estará o atacante, o qual tem a tarefa de receber a bola e marcar o gol. Na goleira, obviamente, estará o goleiro, o qual também participa deste treinamento com objetivo inverso. No caso dele, seu treino visa a parte defensiva deste tipo de jogada. Ela pode ser treinada com suas variantes centradas no atacante, no caso, arremate direto (recebendo a bola e dando apenas um toque nela em direção ao gol), domínio sem quique (permite que o atacante domine a bola antes de arrematar ao gol, porém sem tocá-la no solo), domínio com quique (igual ao anterior, porém permitindo um toque no solo) e muitas outras.
O primeiro fator a ser treinado é o início da jogada, no caso, o ato do lateral alçar a bola na área. Demarca-se um perímetro na grande área onde o atacante poderá movimentar-se, considerando como correto aquele cruzamento que faça a bola chegar ao perímetro. Caso contrário, a jogada é considerada como falha. A repetição fará com que o lateral comece a automaticamente tratar este fundamento, variando-o apenas para aprimoramento. Cruzou 300 vezes e acertou só 20? Continua até atingir um percentual considerado como satisfatório. Tão logo seja atingido este patamar, aí o treino de repetição passa a concentrar-se no atacante. Recebeu 200 cruzamentos corretos e só marcou 10 gols? Repete até começar a ter um aproveitamento decente. E por aí vai. Este conceito de treinamento é universal, podendo ser aplicado para todos os tipos de jogadas coletivas e individuais.
“Ah, Matador, mas e aí o time vai ter só as jogadas básicas? Não é muito pouco?” Claro, padawan! A partir do momento em que os fundamentos coletivos sejam dominados, aí o treino de repetição passa a concentrar-se nas chamadas “jogadas ensaiadas”. São aquelas que fogem à situação das jogadas clássicas. Uma cobrança de falta na meia-lua por cima da barreira em direção ao gol é jogada ensaiada? Não, lógico que não. É jogada clássica, passível de treino de repetição clássico. O que for diferente disto é considerado jogada ensaiada, como naquelas situações em que um jogador efetua infiltração na área partindo de um ponto atrás da bola para arrematar a gol, ou quando ocorre posicionamento diferenciado de um jogador que recebe a bola que iria a gol para fazer cruzamento. Mas este tema já daria outro post, então vamos só até aqui.
Nesta semana o Grêmio efetuou o típico treinamento clássico de cruzamentos para a área. Não vou entrar em detalhes, pois não sou X-9, mas posso dizer que a cobrança por este tipo de treinamento veio de instâncias superiores. Sinal positivo de que o futebol do tricolor está sendo visto sob outro prisma a partir de agora. Não me importa que os atletas tenham que ficar em looping eterno repetindo as jogadas. Até penso que, dado nosso momento, seria o ideal. Por mim, eles poderiam ficar como o personagem do Bill Murray em Feitiço do Tempo, repetindo e repetindo as jogadas até aprenderem a fazer de olho fechado. A construção de um time campeão passa por situações como esta.
E falando em time campeão, mais do que nunca estou torcendo para o Grêmio faturar um caneco este ano, podendo ser o do Brasileirão, que começa amanhã na partida em Caxias contra o Náutico. Neste domingo começamos a trilhar mais um caminho que pode nos dar uma conquista da qual já desfrutamos e queremos mais. Os Correios me entregaram neste sábado um Sedex cujo remetente estava identificado como “Grêmio FBPA”. Dentro havia um objeto que pode tornar-se um item de colecionador daqui a alguns anos, caso o grupo que aí está comece a treinar e jogar como deve. Ganhei porque fui o mais rápido em acertar o resultado de um jogo do Grêmio contra os róseos no ruralito de 1988. Tá certo que foi quase uma covardia, pois alguém com minha sapiência futebolística deveria ser impedido de participar deste tipo de promoção, mas fazer o quê? O Hernández que me desculpe, mas eu nem quero mais aquela camisa que a Topper enviou pra ele na época da inauguração da Arena. Olha aí a foto do meu presente e baba, paraguaio!
Saudações Imortais