Por Milton Jung
Grêmio 0x1 Chapecoense
Brasileiro – Arena Grêmio
“Dia de muito, véspera de pouco” era ditado que ouvia muito da boca de minha mãe quando ainda era pequeno. Confesso, já não lembro mais em que momentos da minha infância a tal frase tinha serventia. Ficou na memória. E como todas as coisas na minha memória são passíveis de confusão. Troco nome de amigos assim como mudo frases populares e seu sentido. Essa em especial sempre me soou invertida e, na vida adulta, sempre foi usada para consolar-me naqueles dias em que nada costuma dar certo ou imaginamos que não tenha dado certo. Quem souber da sua origem que me ajude.
Há quem a use para alertar-nos da necessidade de equilibrarmos nossos bens e sentimentos, impedindo assim a euforia da vitória ou o desalento da derrota. Euforia e vitória andam de mãos dadas e geram ilusões que tendem a nos levar ao mesmo resultado lá na frente: ruim. Estão aí para provar que a busca tem de ser pelo caminho da mediação entre a excitação e a infelicidade.
Já ouvi quem repetisse o dito popular como forma de condenar o desperdício que cometemos nas épocas de fartura. Chamar nossa atenção para a necessidade de guardamos o que ganhamos hoje para o período das vacas magras. Como que querendo dizer que é preciso economizar agora para não faltar amanhã. Mas nesse caso, o ditado não teria de ser outro? Véspera de muito, dia de nada?
Sei lá! Só sei que foi a primeira frase que me veio a cabeça quando percebi que o Grêmio repetiria, neste domingo à tarde, o desempenho das últimas partidas quando apesar de ser o dono da bola, faltou-lhe capacidade de furar o bloqueio adversário. Comandou a partida e entregou os pontos. Teve muita bola no pé e pouca criação. Dominou o jogo mas não transformou essa supremacia em gols.
Que esta véspera de decisão da Libertadores, com pouca inspiração e nenhum gol, se transforme em um dia – no caso, uma quarta-feira – de futebol bem jogado e muita alegria para todos nós gremistas.