Jogo de Libertadores e a tensão pré-jogo não poderia ser diferente, ainda mais na dúvida se jogaríamos com dois dos nossos principais jogadores, e sem Michel que estava suspenso. Para a vaga de Geromel não haviam dúvidas que Bressan seria o substituto. Mas para a vaga de Luan, várias opções foram pensadas e discutidas: mantem a mesma equipe que jogou mal contra o Vasco? Entraria Arroyo? Jogaríamos com três volantes? E sem Michel, a dúvida era se entrava Jaílson ou recuava Ramiro. Pois Renato manteve a estrutura do time. Colocou Jaílson no lugar de Michel, ou seja, posicionado mais a frente da zaga, assim mantendo Arthur no seu posicionamento habitual. No lugar de Luan manteve Leo Moura como substituto, mas só no nome, pois se falarmos em posicionamento ele inverteu com Ramiro. Leo Moura ficou pela direita, dando apoio para Edilson, e Ramiro ficou centralizado. E essa mudança foi de fundamental importância para que o Grêmio tivesse o controle do jogo. Com certeza Leo Moura e Ramiro não fizeram o que Luan faz, e foram criticados por parte da torcida, pois eles não criaram jogadas. Concordo plenamente, mas observando mais a fundo, e isso que quero mostrar, os dois tiveram um papel importante.
Na imagem acima Leo Moura pela direita na parceria com Edilson.
Abaixo, Ramiro se movimentando pela área central.
O Botafogo possui um modelo de jogo diferente do Grêmio. Enquanto o Grêmio quer a posse da bola, o time carioca quer dar a bola para o adversário, sendo um um time que gosta de jogar no contra-ataque, ou reativo se preferirem. Para isso o time da "estrela solitária" mantém 5 jogadores no meio campo, onde todos marcam, para que assim que recuperarem a bola saiam em contra-ataque, em especial pela esquerda, com Victor Luis (estava suspenso, por isso jogou Gilson) e Rodrigo Pimpão. Estes buscam jogadas em velocidade para encontrar Bruno Rodrigo e Roger na área. Com essa mudança do posicionamento de Leo Moura e Ramiro, Renato marcou a principal arma do Botafogo. Leo Moura jogou muito próximo de Edilson, que por sua vez jogou muito melhor, pois se preocupou em marcar, deixando para Leo Moura fazer a transição ofensiva. Já Ramiro tinha um poder de marcação mais intenso junto a saída de bola dos zagueiros e volantes. Os três melhoraram com essa mudança, com posições mais definidas e assim com mais intensidade. Edilson mais atrás, Leo Moura fazendo a transição e atacando pela direita, e Ramiro focado na saída de bola pelo meio. Isso se reflete no número de chances do Botafogo (4), onde NENHUMA foi a gol!
Mapa de calor de Gilson e Pimpão, que não foram efetivos no ataque botafoguense.
Bom, mas com Leo Moura e Ramiro com funções mais defensivas, quem criaria o jogo do Grêmio? Coube a qualidade e INTELIGÊNCIA de Arthur essa responsabilidade. Claro que não um armador como Luan, como Douglas, mas sim um jogador que sai de trás, criando as principais jogadas da equipe. Para isso, além do lado direito que já escrevi, o posicionamento do tão criticado Jailson (com razão, pois esse ano não parece nem de perto o jogador que surgiu no passado) foi importante, sendo fixado mais a frente da defesa. Arthur se movimentou por todo campo, como normalmente faz, buscando passes e triangulações, com incríveis 95% de acertos em 70 passes. Mas além disso Arthur conseguiu avançar com a bola, e jogando mais pela esquerda, fazendo com que Bruno Silva, o principal jogador do Botafogo, ficasse mais na defesa, se preocupando com estas investidas.
Acima os números de Arthur contra o Botafogo
Posicionamento médio do Grêmio. Leo Moura na direita, Ramiro centralizado. Jailson na frente da defesa, Arthur com maior liberdade de avançar pela esquerda.
Não só por essa atuação onde toda mídia o escolheu como o melhor em campo (eu também fiz uma pesquisa no Twitter, onde teve 91% dos votos), mas por todo ano, ele merecidamente foi convocado por Tite, que estava no estádio acompanhando o jogo. O Footstats refletiu muito bem essa temporada espetacular de Arthur, como mostrado na imagem abaixo. Mas quero que tenham atenção para um dado, o mapa de calor, que se refere ao jogo contra o Vasco. Comparem com o jogo do Botafogo, e analisem a movimentação mais pela esquerda e uma menor preocupação defensiva pelo lado direito.
Ao fim do jogo, vejo que o resultado não foi dos piores, jogando fora de casa e sem as principais peças. Tivemos 54% de posse de bola, com 92% de passes certos, além de 11 finalizações, sendo 5 certas. Claro que na partida de volta aguardamos principalmente o retorno de Luan, pois necessitamos da vitória. Sem ele o time terá que se reinventar novamente, mas somos o Grêmio, e o Grêmio é copero!
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