A semana correu sem maiores surpresas nas quatro linhas. Apenas um jogo-treino no meio para não ser um marasmo total. E continua a contagem regressiva para que voltem logo os jogos da Libertadores, que é o torneio talhado para o Imortal. Até lá, não obstante os jogos-treino do ruralito, naturalmente que temos os fatos “jornalísticos” para entreter os incautos. Retomaremos este tema logo adiante.
Além do futebol, uma de minhas muitas especialidades é a gastronomia. Curto muito visitar restaurantes nos mais diversos recônditos, experimentar sabores diferentes e me aventuro com louvor na arte culinária. Se no futebol tenho um estilo mais Renato Gaúcho, matador e definidor, dá pra dizer que na cozinha meu estilo é mais Zidane, cerebral e surpreendente. Há alguns anos atrás, mais precisamente em 2007, um filme nacional despretensioso me foi indicado. Nunca fui muito fã do cinema brasileiro, mas como a sinopse da história apontava um tema gastronômico, me dispus a assistir a película, intitulada Estômago. E qual não foi minha surpresa ao deparar-me com aquele que provavelmente é um dos melhores filmes nacionais já produzidos.
O nordestino Nonato, interpretado com maestria por João Miguel, chega à cidade grande sem um tostão no bolso, em busca de uma vida melhor. O dono de um boteco fuleiro lhe propõe um emprego frio de ajudante, dando-lhe em troca apenas um quartinho para dormir nos fundos da cozinha e as refeições. Acaba lhe ensinando a preparar os tira-gostos do local, existentes em qualquer boteco do Brasil, como coxinhas e pastéis. A cena em que ele lhe ensina a preparar pastel é de encher os olhos e dá vontade de rever várias vezes. O ovo caindo no monte de farinha em forma de vulcão, ambos sendo misturados e o dono do boteco falando com uma gentileza paquidérmica “põe um pouco de pinga aí na massa; mas é na massa, rapaz, não é pra beber” são impagáveis. Por conta de seu talento culinário, o obscuro boteco acaba atraindo cada vez mais clientela, a ponto de ficar lotado todos os dias e ter que colocar mesas na rua. As coxinhas são um sucesso e num belo dia Nonato recebe uma proposta de emprego do dono de um restaurante italiano, o qual fica impressionado com o sabor da comida do nordestino. Nonato acaba indo trabalhar na cantina e aprende os macetes de uma culinária mais elaborada. Ao mesmo tempo em que conta esta história, outra trama paralela é mostrada no filme, onde Nonato aparece preso. E na cadeia acaba fazendo seu nome também por conta de seus dotes na cozinha. Ele acaba virando o cozinheiro oficial dos marginais e por isso ganha regalias. Mas por qual motivo Nonato está preso? Recomendo assistir o filme para saber. Vale muito a pena.
E aí vem a pergunta clássica: e o futebol da província, o que tem a ver com isso? Como citado no primeiro parágrafo, fomos bombardeados nesta semana com notícias de virar o estômago. Dá para elencar apenas algumas, se ninguém ficar indisposto pelo teor indigesto das mesmas:
Saudações Imortais
- O Corpo de Bombeiros, além de enviar um representante sem poder de decisão para uma reunião decisiva sobre a Arena, ignora o Termo de Ajustamento de Conduta firmado anteriormente com o Grêmio e ainda faz novas exigências para liberar uma área do mais moderno estádio das Américas. Algumas são de cair os butiás do bolso, como a exigência de apresentar as notas fiscais de compra das cadeiras que são exigidas no local. Como citado em outro blog, talvez o ideal seja instalar arquibancadas móveis ou demolir a área, apenas isolando a torcida dos escombros. Ambas as opções já foram utilizadas em jogos de outro clube da capital, inclusive no interior. A segurança deve ser um primor, visto que nestes casos o Corpo de Bombeiros sequer deu um pio. Fiquei nauseado com o caso e tomei um remédio para não enjoar.
- Enquanto um ídolo ascendente usava seu domingo de folga para viajar mais de 600 quilômetros para visitar uma criança no hospital, fazendo questão de não capitalizar o feito, na capital gaúcha um evento diferente ocorria. Que fique bem claro, para início de conversa: toda e qualquer ajuda a quem necessita é uma atitude louvável e merece ser reconhecida como tal. Mas, diferentemente de Barcos, que fez questão de não propagandear seu feito, uma assessoria de imprensa de um certo clube moveu mundos e fundos para noticiar o chá dançante que outro elemento patrocinou para um grupo de velhinhos em um asilo. As “matérias jornalísticas” citam que o cidadão já vinha auxiliando o local há alguns anos. Ok, tudo muito bom, tudo muito bonito. Mas por qual motivo somente agora resolveram fazer uma mega cobertura do “evento”, mostrando o indivíduo, cujo bom humor nunca foi uma qualidade latente, posando de dançarino de valsa da terceira idade? Reconstrução de imagem, mudança de foco para que relevem os palavrões ditos à beira do campo ou algum outro objetivo que não vem à mente? Mesmo com a boa intenção do gesto, me deu “um ruim”. Pareceu forçado demais. Me embrulhou um pouco as entranhas.
- De 5 em 5 minutos, o site de uma empresa “jornalística”, composta por 3 letrinhas, atualizava a matéria que contava a saga da instalação da primeira metade da estrutura que suportaria a primeira folha da “espetacular, “inovadora”, “estromboscópica” cobertura metálica de politetrafluoretileno autolimpante (nossinhora!!!) do remendão. E diz a referida matéria, na última atualização (perdi a conta da quantidade de atualizações que ocorreram durante a semana) que simpatizantes róseos chegaram a chorar ao ver a engronha finalmente instalada.
Saudações Imortais