E Gabrieli terá seu uniforme completo (já a caminho de Santa Maria) devidamente autografado pelo atacante Barcos.
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Revista Época Negócios
A incrível identificação entre Gabrieli, Barcos e o Grêmio (e o que o Palmeiras perdeu).
09/03/2013 - por Rodrigo CapeloO futebol precisava de Gabrieli Van Oudheusden Medeiros. Foram tantas as notícias de garoto morto por corintianos na Bolívia, uns torcedores presos e outros impedidos de ir ao estádio, jogador agredido com xícaras por palmeirenses em aeroporto, que tudo o que o torcedor precisava para voltar a ter prazer com o esporte era a história da garota.
No ano passado, com apenas dois anos de idade, Gabrieli foi diagnosticada com leucemia. Uma doença que a deixou 47 dias sem sair do hospital, entre várias sessões de quimioterapia e medicação. No Hospital Universitário de Santa Maria, todos a conhecem por ser convicta gremista.
Gabrieli comoveu milhares de pessoas na internet quando imitou o atacante Hernán Barcos, do qual é fã, nesta semana. A foto foi publicada pelo Grêmio em sua página no Facebook e, dias depois, tinha mais de 10 mil “curtir” e cerca de 4 mil compartilhamentos.
É nítida a diferença entre Grêmio e Palmeiras.
O argentino, quando vestiu a camisa verde e branca no ano passado, afundou junto com o clube. Conquistou torcedores por aparentar ser a solução de um time que seria rebaixado para a segunda divisão e pôde mostrar a sua marca, a de pirata, quando comemorava com um olho tapado os gols que fez.
Mas o Palmeiras fez muito pouco com a imagem do jogador e preferiu trocá-lo com o Grêmio, no início da temporada, com o argumento de que era melhor perder um potencial ídolo do que arriscar as finanças do clube.
Barcos chegou ao Grêmio, seguiu marcando seus gols e, novamente, ganhou a simpatia da torcida. E o clube gaúcho soube, até agora, aproveitá-la.
Na goleada por 4 a 1 sobre o Caracas, da Venezuela, nesta semana, os gaúchos distribuíram à torcida 15 mil tapa-olhos com o número 28 para que os torcedores os usassem no estádio.
A ação foi simples, certamente não custou muito aos cofres do Grêmio e ajudou a consolidar a marca de Barcos na mente do gremista.
A ponto de estimular Gabrieli a brincar de pirata.
O Grêmio, então, levou a história da menina e movimentou suas redes sociais. Montou um kit de produtos autografado por Barcos, apesar de o atleta estar prestes a embarcar para mais uma partida fora de Porto Alegre, e irá enviar o presente para a menina no hospital de Santa Maria.
A série de acertos do marketing gremista ajudou a elevar as vendas da loja do Grêmio em cerca de 40% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês de 2012, segundo Beto Carvalho, diretor de marketing do clube.
Não por acaso, a camisa mais vendida é a de Barcos.
“Estamos fazendo dele um grande ícone. É um cara muito bacana, carismático. Todo mundo gosta dele. Ele gostou da cidade, entrou bem na torcida, tem sua marca pessoal e, acima de tudo, é um grande cara”, descreve o dirigente, que está no cargo desde o início do ano.
O Grêmio mostra tudo o que o Palmeiras poderia ter feito no passado.
E lembra, com a ajuda de Gabrieli, para a nossa sorte, que a relação entre futebol e torcida pode ser muito mais do que vândalos organizados.