9 de setembro de 2016

Ah Moleque! Ruindade de conchavo com malas pretas

Ele estava sumido. Mas surpreendentemente hoje apareceu com um belo texto. O já não tão moleque assim Nicolas Pizzolatto.
Degustem.
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Senhores, me peguei nos últimos dias em uma grande provação com o futebol, mas não pense que esse desporto ímpar deixou de me encantar, não, equivoco seu. Quem deixou de me encantar foi o Grêmio. Como um amante que sou do mundo dos esportes tenho acompanhado e praticado quantas modalidades a crueldade do tempo me permite - e várias das que ele não permite também. Contudo a cada partida do futebol inglês, a cada disputa de judô, atletismo, taekwondo, cada jogo de capoeira, tenho sido levado para longe do campeonato brasileiro de clubes. Vê-se jogadores interesseiros, mas pouco interessados, instituições corruptas e falidas e uma mesmice e anarquia total que me levam a admiração daqueles heróis que ainda sentem tesão em assistir tal arremedo. Não consigo discernir se o que me cansa é a imundice que se tornou o campeonato administrado pela CBF ou a ruindade pela qual passamos de conchavo com as malas pretas que, apenas na cabeça dos mais ingênuos, não estão já a correr a beira de um certo lago.

No anseio de compreender o que se passa no Humaitá gastei horas apontando dedos para as bruxas, que na concepção minha e daqueles com quem discuto futebol, eram a causa dos problemas que instem em não deixar a Arena. Em determinado momento, contudo, lembrei das dúzias de refugos que por aqui pisaram sem erguer taça alguma, mas bastou saírem desfilar sua ruindade em outro lugar para que levantassem canecos dos mais importantes certames de seus estados, do país e até do continente e do mundo. Já tivemos todo tipo de jogador, todo tipo de técnico, times caros e baratos, bons e ruins, mas sempre falta alguma coisa, parece que os tais astros desistiram de se alinhar a nosso favor. Surpreendentemente ontem, cheguei à conclusão que talvez esteja bem na frente do nariz de todos – mas definitivamente não estava do meu - temos medo meus amigos, isso mesmo, medo! Medo de mudar, de vencer, de perder, de blefar e de apostar tudo ou até de apostar qualquer coisa, mesmo quando temos uma mão perfeita. Na época das cavernas o medo tinha a função clara de nos manter vivos e capazes de enfrentar e evitar os perigos que acercavam a vida nômade. Ironicamente esse mesmo medo hoje nos torna inertes e nos mata um pouco por dia.

Hoje temos um time titular com 5 selecionáveis, um técnico que compreende como ninguém os conceitos do futebol, uma diretoria que faz um trabalho genial administrativamente, mas esse conjunto não conta com a ousadia necessária para vencer. Certa vez um tal francês disse que: “Quem teme ser vencido tem a certeza da derrota” e é isso que nossa torcida vive em TODOS os campeonatos que o Grêmio entra. Certeza de nada, de que ganharemos nada. Roger Machado, nosso técnico, é um estudioso, um teórico convicto em suas teorias ao ponto de teimar com elas até as últimas consequências, mas é incapaz de correr riscos. 
No filme: O Homem que mudou o jogo, Billy Beane, um diretor executivo de um pequeno clube de beisebol, ao ser colocado contra a parede pela falta de recursos da equipe, resolve se apoiar em uma teoria embasada em estatísticas para fazer diferente do que vinha sendo feito e alterar para sempre a forma como era pensado o desporte. 
Talvez o Guardiroger queira ser o Billy Beane brasileiro, no entanto enquanto o diretor executivo apostou seu emprego, seu dinheiro e sua carreira nas suas convicções fazendo aquilo que queria e devia fazer, Roger, se deixa levar pela influência dos jogadores no vestiário e escala para manter a harmonia, não para ganhar. José Mourinho uma vez foi chamado por Guardiola de técnico de títulos, não de futebol. O português, agradeceu satirizando o comentário do espanhol e seguiu fazendo o que faz, ganhando. Talvez nosso erro tenha sido contratar o Guardiola dos pampas e não o José, aquele... com menos teoria e mais resultado.

Muitos tem dito por aí que Roger vem sendo tão teimoso que está chegando ao ponto da arrogância, mas não se enganem, eu admiro os “arrogantes” e por diversas vezes também o sou, mas como dizia o famoso personagem Dr. House – e como dizemos todos nós “arrogantes” espalhados por aí -: ”É preciso merecer a arrogância. O que você fez para ter a sua? ”. Talvez, professor Roger, seja hora de baixar a cabeça e apostar todas as fichas nas suas convicções com todos os riscos que isso implica ou então tu podes seguir fazendo o que está a fazer e morrer abraçado com as ideias que nunca tiveste coragem de colocar 100% a prova. 
Apenas para fim de ilustração, enquanto tu, Roger, se dobra para jogadores do “calibre” de Marcelos Oliveiras, Bobos e companhia, aquele tal de José, afasta Schweinsteigers do seu grupo por que ele não se enquadra naquilo que ele acredita. Se tu não jogares o jogo caro amigo, nunca terá a chance de ganhar. Aposte! Digam o que disserem. Afinal, verdade seja dita, nós gênios, sempre somos taxados de loucos de quando em sempre.