11 de abril de 2013

Camomila, maracujá e sono

Aos 40 minutos eu disse para o meu filho: 
- Tomara que termine logo o primeiro tempo porque daí não sai mais nada. Vamos torcer para que arrume para o segundo. 
Pois saiu. Saiu a expulsão do Cris e com ela entrou o filme de terror, especialmente nos primeiros 20 minutos do segundo tempo.
Gremista, eu sei, está sem paciência. Gremista, eu também sei, está meio descontrolado. Da euforia para a depressão profunda não precisa nem dormir com a Angelina Jolie e acordar com a mulher do Damião.
Gremista, muitos deles, eu sei, querem trocar tudo a cada empate ou mesmo vitória apertada. 
Gremista, eu sei, fica irritado quando alguém diz nos dias de hoje que se deve olhar também para as coisas boas.
Gremista, eu sei, embora seja a maior torcida do sul do Brasil e uma das maiores do Brasil todo, tem mania de ler e dar trela para palhaços desonestos travestidos de jornaleiros. Palhaços que, por dinheiro ou por recalque, provavelmente por um pouco de cada, pouquinho mesmo do primeiro mas muito do segundo, não cansam de procurar toda a qualquer pulga que possa tumultuar as coisas do Tricolor.
Como aquele patife que foi no facebook atrás da torcedora que levou uma bomba próximo da orelha. O episódio é sim, lamentável, embora se possa ver muito mais bebedeira e inabilidade do que tentativa de agressão. Por que diabos um gremista agrediria outro antes mesmo de iniciar um jogo em que o ambiente era festivo?
Passou pela cabeça de vocês procurar algo sobre isto no facebook? Pois é, mas o calhorda foi atrás. Contou toda a história como se fosse uma tragédia gigantesca. Passo a passo descreveu o episódio banal. Que acabou com a menina dormindo em casa sem sequelas. Pobre inocente útil que teve seus 10 segundos de fama.
Enquanto isto, no Cheira-Rio, antes deste se tornar o maior projeto inacabado de remendão do sul do Brasil (que tem sim remendões maiores do que ele, como o Maracanã e o Mineirão, só para dar 2 exemplos), houve até facadas entre torcedores do timinho sem que houvesse a menor repercussão. Houve o atropelamento seguido de fuga do Andrezinho. Você aí leu sobre isto no ClicRBS? Não, claro.
Gremista, eu sei, a maioria talvez, ou pelo menos boa parte, está cansado, desesperançado e louco por uma revolução. Mas é bom que se acalme e pense nas consequências de demissões de treinadores e jogadores em cascata. Mostrem um exemplo em que isto deu certo, e eu me convencerei.
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Sim. Você gremista mais nervosinho leu até aqui e, provavelmente, me encheria de tiro se eu estivesse por perto. Como não estou, recomendo ir adiante na leitura.
E continuo dizendo que não penso que está tudo certo. Mas também não penso que está tudo errado.
O Grêmio cometeu um erro na montagem do time. O Grêmio não contratou um meia de ligação. Zé Roberto e mesmo Elano são grandes jogadores, mas não são este jogador. Bertoglio, eu penso que é. A maioria de vocês acha que ele é meio atacante. Pode até ser, mas ele sempre rendeu mais quando veio de trás. Sempre  trucidou quando abriu defesas a drible. Zé Roberto tenta às vezes. Raramente consegue. Elano nem tenta. Prefere armar mais na zona neutra e chegar de trás para bater.
Com Elano machucado e Bertoglio no exílio, era até previsível o que aconteceu ontem. E sem um meia que crie e de velocidade, gremistas mais raivosos e menos entendedores de futebol, passam a achar que Vargas, Barcos, Kleber, Welliton, e todo e qualquer atacante que entrar não jogam nada. Não sabem, ou não enxergam pela cegueira da raiva, que atacante depende da bola que chega até ele. Seja o Pelé, o Ronaldo ou o William José.
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Querem que eu fale de coisas boas? Vai aí uma.
Na entrevista pós jogo o Pofexô, perguntado se o Grêmio iria jogar pelo empate no Chile respondeu no taco:
- Quem entra para empatar perde.
Depois de ouvir esta resposta e só depois dela, é que começou a baixar a adrenalina e fui dormir. Mais aliviado do que fiquei ao final do jogo. Ele sabe o óbvio. Mas já vi muito treinador que não sabe nem o óbvio. 
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Está em andamento uma conspiração para desacreditar o Barcos. Barcos não marcava há 334 minutos. Agora, nem fiz as contas, mas é certo que já passou dos 400 minutos.

O Impedidão passou 15 ou 18 jogos sem marcar. Alguém aí leu alguma contagem destes minutos por aí?

Bem faz a comissão técnica e a diretoria ao falar que ele jogou sentindo dores. Quem já teve dor nas costelas sabe o que é isto.

Aí vem a pergunta: por que jogou então?

E veio a resposta do senhor Alberto Kaemmerer, diretor do Instituto de Medicina do Grêmio (nem sabia que existia isto). Segundo o jornaleiro de plantão, disse o doutor que "detectou um pequeno edema na membrana que envolve as costelas. Um problema que, conforme sua avaliação, não impede o argentino de treinar, nem é justificativa para uma queda de rendimento em campo."

– Não se deve maximizar um trauma torácico a ponto de dizer que ele interfere em campo. A dor é forte, mas não se pode supervalorizá-la - entende Kaemmerer, cirurgião torácico com doutorado em doenças respiratórias.

Ainda segundo o jornaleiro, o doutor teria dito que "o tratamento será feito com a aplicação de anestésico, com uma agulha, diretamente no nervo que encobre a costela atingida. Medicado, o jogador deixa de exercer o mecanismo de defesa natural que é contrair a musculatura para evitar a dor."
Aham! 
Se o Barcos não sente dor, ele teria mentido ao dizer que não conseguia nem girar? Ou será que o doutor Kaemmerer está na operação tirar o dele da reta?
Afinal, se Barcos sente dores, e não tenho porque não acreditar, porque foi escalado no sábado e na quarta?