1 de abril de 2013

Minuzzi: Atrás de uma identidade

Com prazer recebo post do Minuzzi e sua visão de quem vive no pedaço. E me alegro ao ver que o blog não está equivocado na sua análise.
Boa leitura
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Apos a eliminação da minha equipe na superliga, fiquei com muito tempo de sobra. Bom, tenho 3 filhos, não sobra tanto tempo assim, mas de férias, minha vida fica mais leve, sem a pressão de estar em um campeonato. Mas ainda tenho motivos pra ficar pensativo antes de dormir. Fico tentando achar uma solução para que eu possa entender este time do Grêmio.
Aliás, o time  entendi. Conheço as pecas, os jogadores, as invenções .... mas continuo a tentar entender a postura que esta equipe esta demonstrando.
Eu tenho a leitura um pouco diferenciada da dos torcedores. Sou atleta profissional, então consigo ir um pouco mais além. Gosto de buscar no dia a dia deles, pois é ali que se constrói tudo o que sera apresentado nos 90 minutos oficiais. É no treino, na concentração  na palestra. E é inevitável eu tentar achar em meu currículo algum ano, algum time, alguma situação que se pareca com essa.
A outra vez que escrevi, pedi calma, pois os jogadores gremistas eram sérios. Estavam focados. Escrevi que meu único medo era o Pofexo. E suas invenções  E lembrei de algumas situações da minha vida profissional, que se comparam com a atual do Grêmio. E todas tem a ver com IDENTIDADE.
Todos nós temos a nossa, com foto, polegar e assinatura. Todo time constrói a sua. São aquelas características que os outros comentam. Que os adversários comentam. E a nossa não esta sendo boa. E não é por culpa dos jogadores.
Entre 2002 e 2007 , eu fiz 5 finais seguidas de superliga. Sabia exatamente o que precisava , ou melhor, o que não podia faltar para se chegar: SER RESPEITADO. Em 2009, joguei em um time montado para ser campeão  Time de respeito, com selecionáveis, jovens promessas, jogadores campeões,  bons de bola e de trabalho. No começo da temporada tivemos vários problemas de logística  Jogadores lesionados, outros convocados e não tínhamos material humano para treinar... 
Tínhamos 3 torneios para jogar e eu sugeri a direção que não fôssemos. Fui taxado de louco, que eu tinha medo de perder. Falei que eu não tinha medo de perder o jogo. Mas tinha medo de perder o respeito que tinham por mim e pelo meu time quando entrávamos em quadra. Não fui atendido. Viajamos com o time quebrado....um misto destes ai que o Grêmio está colocando. Nem é reserva, nem é titular. Não é nada na verdade. Perdemos muitos jogos. Foram 3 torneios em que saímos derrotados. Num começo de temporada. Criamos a nossa IDENTIDADE. Éramos um time que não impunha tanto respeito assim. Perderam o medo de jogar contra nós. E nem chegamos na semi final aquele ano.
Tenho medo, pois isso está acontecendo no Grêmio. Tivemos 1 jogo difícil este ano. Fluminense fora. Ganhamos e goleamos. TODOS temeram o Grêmio depois daquela noite. Metemos 4 no Caracas e mostrávamos que sim, todos tem que nos temer. E depois em partidas medíocres  contra adversários fracos, mostramos nossa fraqueza. Deixamos de vencer e vencer e vencer. Vencer quem quer que seja, mas acumular vitórias. Isso engrandece um time. Mas aproveitamos a nossa boa fase para desorganizar tudo. Para mudar esquema tático  Para um dia colocar os titulares sem motivação nenhuma, sem um objetivo a cumprir. Para depois voltar com o misto para fazer experiências. A melhor experiência é entrar com tudo e vencer. Aí quando está 3 x 0, porque estes times que o Grêmio perdeu ou empatou, se fizer uma forcinha, mete 3 pelo menos, ai faz experiência. LDU, Caracas, o time lá do Chile, o Cruzeiro de Porto Alegre. As chances que o Grêmio perdeu de golear e fortalecer sua identidade. De garantir o primeiro lugar geral da Libertadores com respeito. Assim como o time do traíra dentuço está fazendo la em MG.
Como diz meu pai, o time é a cara do técnico  O nosso sabe tudo. É bom, mas muitas vezes falta atitude. De tanto que sabe fica inventando. O Grêmio demonstra ser um time que  joga com a corda esticada. Quando está sob pressão faz cara feia, entra gritando, com raiva e vai pra briga. Quando não está, parece que a ordem no vestiário é se divertir.
Que pena! Se for assim, nós torcedores, vamos sofrer muito.