Pode não ter sido um jogo plasticamente bonito, mas
para quem gosta de tática e estratégia de jogo foi um prato cheio. E os dois técnicos não precisaram inventar
nas escalações, pois foram aquelas já previstas. Ambos jogando no 4231. Jogaram muito espelhados, pois possuem
dois volantes que sabem jogar (Michel e Arthur /Lucas Silva e Henrique), meias
centrais de qualidade excepcional (Luan/Thiago Neves), extremas com
características próximas, na esquerda um jovem velocista (Pedro Rocha/Alisson),
na direita os motores dos times (Ramiro e Robinho). Grêmio e Cruzeiro fizeram
um verdadeiro duelo tático, digno de xadrez.
Escalações
sem surpresas e jogo espelhado.
Vimos dois tempos distintos, com o Grêmio dominante no
primeiro tempo, com duas chances de gol com defesas do Fabio, além do próprio
gol, depois de uma bela jogada. Mesmo com um volante de origem na lateral
direita do Cruzeiro, e Robinho fazendo a recomposição, as melhores jogadas
saíram pelo nosso lado esquerdo. Muito porque Edilson e Ramiro ficaram em uma
postura mais defensiva, devido ao rápido contra ataque com Diogo Barbosa e
Alisson. Vi muitos falando que Ramiro e Edilson foram mal, eu vejo que foram
muito bem em marcar a principal jogada ofensiva cruzeirense. Nosso lado
esquerdo, de onde surgiu o belo gol, foi de onde saíram os passes que
conseguiram desestabilizar a defesa, os chamados passes que quebram as linhas,
ou os passes de ruptura. Curiosidade que tais passes foram de Luan, Pedro Rocha
e Arthur, o que demonstra a grande mobilidade pelo setor.
Dois
tempos distintos, com o Grêmio (verde) controlando no primeiro tempo e
Cruzeiro (azul) no segundo.
Passes
de ruptura do Grêmio no 1 e 2 tempo, informação do @instatfootball
Quando o Grêmio atacava, conseguíamos ver o bom
trabalho defensivo do Cruzeiro. Vimos as linhas bem próximas e organizadas.
Novamente a inteligência de Luan, em jogar entre estas linhas, fez a diferença.
Outro ponto que observei e que deveremos ver muito no mineirão é a organização
do Grêmio para o contra ataque. Nisso é importante Barrios fazendo o pivô para
que os demais jogadores apareçam em velocidade. Com Everton mudamos o estilo
desse contr ataque. Pelas questãos físicas e características de jogador,
Everton já tem que receber essa bola em velocidade.
Cruzeiro bem organizado defensivamente.
Estruturação de contra
ataque tricolor!
Já no segundo tempo o Grêmio deu campo para o
Cruzeiro. Muito pelo resultado, considerado positivo. Foi a vez do Grêmio se
organizar defensivamente. Neste ponto o Cruzeiro tentou avançar com três
atacantes, e jogar entre linhas, por isso Arthur e principalmente Michel
tiveram um papel importantíssimo. Ambos recuavam na frente da zaga, para
realizar essa marcação e sair com qualidade da bola. Ambos trocaram mais de 60
passes, sendo Michel com 95% de acertos e Arthur com 90%.Mas temos que
considerar a importância de todo o time marcando. Luan e Barrios fazem este
importante papel de marcar a saída de bola. Hoje algum time que almeja algo
maior tem que praticar o "futebol total" onde todos tem funções
defensivas e ofensivas. Acredito que essa seja a característica do jogo no
Mineirão, onde teremos que aproveitar os espaços.
Como o
Grêmio marcou o Cruzeiro.
A pressão na saída de bola do Cruzeiro.
Por ser um jogo tático ele se define e se
concentra no meio campo. Ali que existem as trocas de opções de jogadores, as
marcações por zona ou encaixes individuais, o que vimos muito no jogo. Por isso
mesmo não tivemos um grande destaque no jogo. Os principais jogadores dos times
não conseguiram desenvolver seu habitual futebol. Thiago Neves foi muito bem
marcado pelo sistema defensivo do Grêmio. Luan conseguiu jogar mais, mas também
por viver essa fase extraordinária, e por sair em vários momentos para receber
a bola e organizar o jogo, que com Barrios ele executa muito melhor, pois o
paraguaio, que já tem 17 em 30 jogos, média de 0,57 gols por jogo, segura dois
zagueiros, abre espaços e faz o muito bem o pivô como escrevi acima.
Mapa de calor do Grêmio. Fonte: Footstats
O duelo continuará na próxima semana no
Mineirão. O trio Michel, Grohe e Barrios, considerados os melhores do jogo,
terá que ser inteligente contra o Cruzeiro do bom lateral Diogo Barbosa, para
que assim dê o xeque-mate e classifique o tricolor para mais uma final da Copa
do Brasil e assim buscarmos o hexa!
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