Futebol é uma caixinha de surpresas.
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Está todo mundo posicionado. Até parece cobrança de escanteio. É não. Firmam posição sobre a possível queda do Corínthians. Quase todo mundo querendo, muito poucos não desejando.
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Confesso que cheguei a pensar que seria bom. Mas também confesso que, quando vi o desespero vertendo na face das pessoas no final daquele jogo contra o Vasco, fiquei compadecido. Safado tem lá, como em todos os lugares. Mas os olhos indefesos para o céu, as preces mudas, os pais afagando os filhos pequenos, para aliviar preventivamente a dor futura e profunda que os ameaça... Isso não tem em todos os lugares.
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Não creio em jogo arranjado. Pode haver desinteresse, mas em derrota deliberada não acredito. Nem aqui, nem lá em Goiás, onde o time da casa é favorito. O Goiás teria menos chances se pegasse, por exemplo, o Veranópolis. Mas contra "eles", pode conseguir um triunfo. Tantos já o fizeram.
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Jogo arranjado? Mano não permitiria isso, mesmo que não fosse sua despedida. Podemos perder, como perdemos para o Figueirense. Mas deveremos ganhar, como ganhamos de quase todos.
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Há quem tenha raiva de paulistas e por isso quer a queda do time que um dia foi de Roberto Rivelino. Esquecem que os paulistas, a maioria deles, vai estar eufórica se o Corínthians cair: são-paulinos, palmeirenses, santistas... Capaz até de o Burricy trocar de chiclete, só pra festejar. Esta raiva, então, está mal focada e não pode motivar o desejo.
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Outros têm raiva específica do Corínthians. Isso é caso pra analista e disso não me ocupo.
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Não posso deixar de pensar em outra tristeza imensa vivida neste 2007 por outra torcida apaixonada: a do Santa Cruz do Recife, ao ver seu time rebaixado para a Série "C". Será 2007 o ano das paixões massacradas?
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O Grêmio caiu e voltou. E voltou campeão, voltou fazendo história. Voltará o Corínthians? Cair não é o principal da questão. É apenas o início. O voltar é que é. E nisso, há uma diferença crucial entre nós e aquele posicionado à beira do precipício: o Corinthians não é, como nós, imortal. Voltará?
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Vou a campo, como sempre fui: querendo vitória do meu time. Se mais não seja, porque a bola rola para todos e o futebol, senhores, é uma caixinha de surpresas.
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Mas os olhos vazados pelo desespero não me saem da retina.
