Quando leio ou escuto alguém sugerir que o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil fiquem sem conclusão por causa da comoção em torno da tragédia que vitimou dezenas de jogadores, técnicos, dirigentes e jornalistas fico pensando qual a motivação, o que está por trás desse tipo de manifestação.
Sei, partindo de dirigentes e jogadores de um clube que está com um pé na segundona não resta nenhuma dúvida. Da ética e da vergonha na cara, então, não resta nada.
Mas quando é um jornalista que está vendo companheiros seus trabalhando – desde o primeiro minuto – com a voz embargada e lágrimas nos olhos para cobrir a morte de inúmeros colegas, aí fico meio que sem chão.
Será mesmo que são jornalistas esses que sugerem que pare tudo? Os jornais pararam de sair? As redações ficaram em silêncio? 
Aí, lembro de uma noite de um domingo de verão, há muitos anos. Eu, na redação do jornal Correio do Povo, editando o esporte com equipe reduzida, recebo uma ligação: um filho meu, de 10 anos, havia sido atropelado no litoral quando passeava de bicicleta, que estava no hospital local passando por cirurgia na cabeça, mas que tudo estava sob controle.
Não sei o que fariam esses que defendem o fim do futebol neste ano – curiosamente na mesma corrente do presidente patético -, mas eu fiquei trabalhando até fechar as páginas do esporte, e ainda escrevi uma coluna. Lágrimas nos olhos e uma vontade louca de pegar o carro e seguir para o hospital de Capão da Canoa.
Não sei de onde tirei força e serenidade para concluir o trabalho.
Então, quando leio e ouço esse pessoal querendo parar tudo – e um ainda tendo a ousadia e a desfaçatez de cobrar ação nesse sentido do presidente Romildo Bolzan – aí me bate uma revolta, uma irritação tão profunda que me faz escrever e expor algo da minha vida para mostrar que compromisso assumido, é compromisso honrado; e também me invade um nojo que me faz interromper por aqui.
AOS QUE QUEREM FALAR SOZINHOS
http://cornetadorw.blogspot.com.br/2016/12/ao-corneta-o-que-e-do-corneta-e-o.html