31 de março de 2013

Normal, enfadonho e irritante

E tem quem discuta qual a maior e melhor torcida (Foto Luciano Périco)

Passo Fundo 1 x 1 Grêmio

Pré-jogo

Oito anos de blog e ainda me surpreendo com muitas coisas. Com os comentários por exemplo. Às vezes espera-se uma reação com determinado post e nada acontece. Outras vezes um assunto despretensioso atrai a atenção e uma chuva de comentários.

No meu último post deixei várias coisas importantes nas entrelinhas e ninguém percebeu. Se percebeu não comentou. Recomendo uma nova leitura mais atenta.
Hoje o jogo tem Arigatô como chefe da delegação. Espera-se que esquente o pé pois em Caxias perdeu.
E tem também o Luxemburgo de luto pela perda da mãe na madrugada. Profissionalismo é assim. O coração e a alma podem estar doídos e em outro lugar. Mas a mente tem de estar no local onde se trabalha.
O Pofexô, que tem sido tão criticado nos últimos tempos, com razão ou sem, agora merece todos os elogios do mundo. Isto que deixou o Bertoglio fora até da delegação. Vai entender este cara. Mas que tenha sorte neste momento de dor profunda que só quem já perdeu a mãe consegue saber como é.
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Primeiro tempo: 0 x 1


Uma falha de Vargas seguida de outra de Werley e quase que o jogo sai 1 x 0 para o time de Passo Fundo. Aos 3 minutos Werley enfeitou de novo e Marcelo Grohe fez uma defesa espetacular evitando o gol.
O primeiro bom ataque do Grêmio foi apenas aos 14 minutos quando Kleber, do risco da pequena área, chutou na trave. Um gol feito perdido. Aos 20 minutos mais duas jogadas erradas do Kleber que poderiam ter resultado em gol do Grêmio.
O jogo era parelho com melhores chances para o Passo Fundo.
Aos 35 minutos Marco Antonio, que surpreendentemente jogava bem, perdeu uma chance. No escanteio que se seguiu Souza cabeceou para fora.
Na indefinição do jogo, um pênalti em Kleber, muito bem marcado, fez com que o Grêmio saísse na frente. Vargas bateu sem chance.
Foi um bom primeiro tempo especialmente considerando que havia apenas 4 titulares em campo. Tanto a vontade quanto o comprometimento que não foram na Arena na quinta-feira estavam em campo no Vermelhão da Serra.

Segundo tempo: 1 x 0
O segundo tempo começou com um pênalti no Kleber.O juiz já havia dado um. Deve ter levado uma bronca no intervalo e fez de conta que estava olhando a torcida para não marcar este. Logo depois cobrou juros dando um cartão amarelo ridículo para o Vargas. Voltou bem instruído o elemento.
Aos 12 minutos Biteco, que voltou bem melhor no segundo-tempo, quase fez de falta.
O Grêmio tentava explorar os contra-ataques e aos 19 minutos Vargas pifou Kleber que pifou o taco. Na frente do gol desviou do goleiro e da goleira. Um gol incrível perdido. Mais um.
Fábio Aurélio finalmente fazia sua estréia. E Mateus Biteco entrou no lugar do Souza.
O Passo Fundo estava completamente controlado e não assustava. Mas o segundo gol que daria a tranquilidade não saia.
Aos 30 minutos o castigo. Um bago do meio do campo encontrou o maior problema do Grohe: chutes altos nos cantos.
O time, por conta das substituições estava mal e aos 38 minutos o atacante do Passo Fundo entrou livre e encontrou Grohe no que ele tem de melhor: fechou o ângulo e salvou a virada.
Aos 40 minutos o bandeirinha inventou um impedimento quando Vargas ia marcar.

......


As substituições do Pofexô acabaram com o time do Grêmio. Dar ritmo para o Fabio Aurélio poderia ocorrer quando e se estivesse dois ou três a zero. Biteco, o Mateus entrou mal e o meio de campo desandou.
Tudo bem que o Novelhacão não merece que se perca o sono e nem muito tempo, mas esta história de entregar resultados e pontos está se repetindo com uma frequência enfadonha e irritante.
E também estes juízes são muito sem-vergonhas. Quanto tempo ainda vão deixar errarem sempre contra o Grêmio?
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Como jogaram

Marcelo Grohe: Uma grande saída do gol no início do jogo. Firme no resto.
Tony: Bem no apoio. Mal na defesa.
Bressan:
Bem. É um zagueiro que tem muito futuro.
Werley: Mais enfeitado do que carroça de polaco em dia de festa. Tem que calçar as sandálias da humildade porque não tem bola para firular.
André Santos: Discreto.
Adriano: Não apareceu no primeiro tempo. É um cão de guarda. Não brilha mas também não dá mole para ninguém.
Souza: Bem como sempre.

Marco Antonio: Boa partida desta vez. Aliás, foi o melhor em campo. Isto talvez explique um pouco o empate.
Guilherme Biteco: Não fez bom primeiro tempo, mas cresceu muito no segundo. Quase fez gol em duas faltas.
Kleber: Se enrolou com a bola várias vezes, mas cavou o pênalti que abriu o escore. Abusou de perder gol.
Vargas: Boa participação. Sem brilho no entanto.
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Fabio Aurélio (Biteco): Completamente sem ritmo de jogo.
Mateus Biteco (Souza): Entrou  meio atrapalhado.
Welliton (Kleber): Não apareceu.

Pofexô: Errou nas substituições. Mas as circunstâncias do dia o absolvem. 

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Arbitragem: Anderson Daronco - Deu um pênalti legítimo para o Grêmio. Algo aconteceu no intervalo porque voltou pronto para operar o Tricolor. O bandeirinha também inventou impedimentos que não foram. Portanto começou anormal a arbitragem e terminou normal: roubando do Grêmio.

29 de março de 2013

No limite e na chincha


Acho que agora acabou a brincadeira. Esta passando da hora do técnico Luxemburgo mostrar serviço. A torcida gremista já mostrou paciência suficiente na espera por bons resultados. Tudo muito bem, tudo muito bom... mas como já diziam nossos bisavós: “quem não tem competência, não se estabelece”. Ou mostra de uma vez sua capacidade ou desocupa a moita. Não há outra saída. Com as suas mil e uma exigências atendidas,  Pofexô  não terá mais perdão para erros grotescos e bobagens escaganifobéticas.
Não há mais espaço para experiências e devaneios. Está na hora de ser acionado o bafo na nuca do Pofexô!  Já que ele faz a linha auto-suficiente, então que arque com toda a responsabilidade. Tem em mãos matéria-prima da melhor qualidade. Pois então, que trate de se organizar e dizer a que veio. Inventar troca de esquema tático de uma hora para outra não parece uma boa idéia. Por que não jogar da maneira já comprovada de que dá certo? 

No limite
Paciência de torcedor tem limite. Não sei a de vocês, mas a minha está quase lá.
É duro ir para o estádio (ou sentar na frente da  TV) e ver se repetir, jogo após jogo,  uma realidade frustrante e bisonha. Quanto tempo e dinheiro gastos  pensando que a coisa está se encaminhando para um final satisfatório e,  no final das contas, observar que estamos quase na estaca zero? Não é admissível que um clube como o Grêmio, que gasta uma fortuna mensal com salários de atletas e comissão técnica, seja vitimado por um futebol pobre e inexpressivo como o do time do Cruzeiro de Porto Alegre. Com todo o respeito ao adversário, mas vamos falar a verdade:  não é páreo para um clube com a tradição e a força do Imortal Tricolor

Na chincha
Seria capaz de apostar um bem precioso como  o presidente Fábio Koff não deve ter gostado nadica de nada do que viu no jogo de ontem.  Com quase cem por cento de possibilidade, Koff deve ter o mesmo temperamento e personalidade de anos passados. Mesmo porque, um homem  equilibrado e saudável não muda suas diretrizes depois de adulto.  
Então, minha gente, acho que a batata do Pofexô está esquentando na chapa. Com a responsabilidade que tem, o presidente vai chamá-lo na chincha e cobrar resultados.
Agora  a etapa já é outra. Passados os salamaleques e a lua-de-mel  iniciais, acabou a brincadeira. E espero que Luxemburgo esteja bem consciente disso e decida o que quer da vida e valorize como deve o cargo que ocupa. Não interessa currículo e nome. Queremos resultados. E quem vive de passado é museu.
  
O mar não está para peixe, Pofexô! Se liga!!!!!

*Chamar na chincha é expressão usada pelo povo gaúcho :

É uma cinta fina, em couro, usada em conjunto com o "travessão", que faz parte do conjunto de selaria de um cavalo. É colocada na barriga para ajudar a firmar o conjunto sobre o animal. Diz-se também "chamar na chincha" ou "um abraço bem chinchado". Significa trazer para perto de si (para uma conversa séria, resolver de vez um assunto) ou um abraço fraterno, apertado, expressão usada entre amigos.
Chamar na chincha: conversa séria;
Abraço chinchado: abraço apertado.

Bastidores de um fiasco


Normalmente a estrutura dos posts dos jogos é preparada antes. Deixo pronto o tópico pré-jogo, formato o espaço do primeiro tempo, segundo tempo, como jogaram, etc. Depois vou preenchendo durante o jogo. Às vezes por conta disto até perco um lance importante e vem a reclamação nos comentários.
Por sorte não fiz isto ontem. Não teria nenhum recheio para preencher os vazios.
Em Porto Alegre para resolver problemas particulares e passar a Páscoa com a família, aproveitei para ir ao jogo. Com a Pitica de férias, restava tentar fazer o post da própria Arena. Arigatô faria porque mexe melhor com estes apples da vida, mas não havia rede 3G no local. Não, a culpa disto não é da OAS, mas desconfia-se levemente de um ex-presidente.
Minha mulher foi pela primeira vez a um campo de futebol para ver jogo. Antes, só para show do Paul MacCartney. Começou o jogo e ela olhava o estádio e o I-Phone enquanto falava com as amigas sentadas ao lado. Olhar o jogo nem pensar. Aos 15 minutos ela virou e falou: "eu não entendo nada de futebol ou este jogo está uma bosta?" Ela não falou bem esta última palavra, mas o significado era este. Aí me dei conta que eu também olhava muito para a Arena e seus detalhes e pouco para aqueles firuleiros que fingiam correr dentro do campo. Poucas vezes na minha vida eu vi um grupo de jogadores tão desinteressados com um jogo.
Um jogo? Melhor falar uma coletânea de jogos. Tirem as partidas contra o Fluminense e contra o Caracas na Arena, onde o time foi empolgante, e olhem de lá para cá. Derrota contra os bolivianos fora e algumas vitórias obrigatórias contra times mambembes do interior. Tudo culminou com a ridícula derrota de ontem.
A rigor, o time só correu entre o tempo que levou o primeiro gol e que empatou cerca de 10 minutos depois. Aliás, o primeiro gol pode ser pinçado como um exemplo pronto do que os nossos galhardos atletas aprontaram a quem se dispôs a sair de casa ou sentar em frente ao "pay-per-view" para torcer. Foi um desrespeito total.
Em campo uma massaroca. Na palavra de um personagem importante o time entrou com 3 atacantes e na prática jogou com um, porque os outros dois estavam armando atrás do Fernando. Verdade de quem conhece tudo e também já ganhou muito.
Aí se olhava o banco e eles estavam lá. Marcantonho e W. José. O segundo eu ainda acho que pode dar certo. É novo e, dizem, muito tímido. Pode deslanchar. Mas o primeiro é inexplicável que seja a opção número um para tentar virar um jogo. Bertoglio e Biteco? Só Deus sabia onde estavam. Deus e o Pofexô.
A "atuação" foi tão ruim e danosa quanto é aquele contrato feito com uma certa empreiteira. Aliás, cresce entre quem conhece os detalhes a certeza que a coisa é preta demais.
Por conta do Arigatô assisti a palhaçada do camarote presidencial. E este foi o lado bom da coisa. Saí com a certeza , entre outras coisas, de que nossos valorosos atletas vão começar a correr.
Arigatô vai chefiar a delegação em Passo Fundo e, por conta disto, teve que passar pelo vestiário. Enquanto esperávamos no estacionamento chamava a atenção um punhado de camionetões brancos e pretos, alguns com loiras fogosas e falantes no volante. Aos poucos eles foram aparecendo e um por um os carrões saiam. Alguns para casa, outros, certamente, para a balada. No meio deles chegou com cara chateada o Bertoglio. Puxando a mala, entrou num carro até simples para os padrões e saiu sozinho. Algo me dá a certeza de que ele não fica. Me aterroriza a idéia de que acabe no aterro.
 De bom na noite sobrou a pizza com o Minwer e o Ducker. E a cerveja que o Arigatô me deu para beber em casa porque não me deixou beber na janta por conta da lei seca. Uma Blanche de Namur. Divina como se gostaria que fosse o time do Grêmio. Eles até podem chegar perto. Mas tem que por a correr esta cambada de boçais. E também marcar mais de perto o Pofexô.

28 de março de 2013

Bando de bundões

Voltando da Arena.
Cabeça quente demais para dizer qualquer coisa agora.
Amanhã sai o post do jogo.
Enquanto isto podem xingar à vontade nos comentários.

Daniel Matador: Deixem o futebol para mim

Caros


Como bem citou a Pitica em seu post recente, os últimos dias de postagem no blog têm sido tensos. E o mais incrível: o motivo dos ânimos exaltados não é o futebol em si, mas uma série de eventos periféricos que o fazem menos nobre. Longe de nós imaginarmos que na atual conjuntura mundial as finanças, os métodos de gestão e as novas tecnologias não sejam ferramentas necessárias e talvez até mesmo imprescindíveis para o avanço, quiçá a sobrevivência de um clube de futebol. Mas creio não haver dúvida de que muitos dos que tiveram o privilégio de testemunhar uma partida no Fortim da Baixada ainda pensam que naquela época torcer era algo muito mais simples e prazeroso. A preocupação era só ir a campo para ver o Grêmio e vibrar, antes, durante e depois do jogo.

Hoje a coisa está diferente; aliás, muito diferente. Na tão propagada era do conhecimento todo mundo tem acesso a contratos particulares, consegue divulgar para o planeta inteiro as fotos de reuniões privadas, compartilha em instantes informações alcagüetadas por algum X-9 com interesses espúrios. Em parte é interessante o acesso à informação e a discussão salutar envolvendo os assuntos do clube. Afinal, todos somos parte interessada. Pena que estas discussões descambem para o descontrole, muitas vezes irracional, visto que muitos querem opinar e poucos são os tecnicamente capacitados para tal. Como citou nosso leitor Cláudio em uma réplica de comentário no blog, não adianta argumentar destrinchando o ROI, abrindo o fluxo de caixa ou mesmo analisando projeções de faturamento, despesa e lucro líquido. A gigantesca maioria da galera não entende bulhufas disso. Em um país onde neguinho se dá bem escrevendo redação com receita de macarrão instantâneo ou transcrevendo hino de clube de futebol, o que dá pra esperar? Mas esse é um assunto tão polêmico quanto o direito ao voto dos analfabetos no Brasil, permitido há pouco menos de três décadas atrás.

Entre tabelas, gráficos, finanças e obras civis, há algo muito mais importante: o Grêmio e sua torcida. Independentemente do partido que tomam os dirigentes, suas ações não podem ser capazes de tolher o sentimento pelo clube ou a paixão de torcer. Não foram um ou dois comentários que li com melancolia, citando as derrotistas frases de efeito “larguei o futebol de mão”, “não vou mais ao estádio” e “só voltarei a torcer quando isto acabar”. Se dissabores desta natureza se sobrepõem à alegria de torcer e acompanhar futebol, sinto informar, mas o melhor mesmo é largar de mão. Se todo mundo resolver desistir, se vários abandonarem suas bandeiras, se muitos cometerem o sacrilégio de despir o manto, não tem problema. Deixem o futebol para mim. Eu não vou desistir. Nasci gremista e sou imortal. Vivenciei situações muito mais drásticas do que esta que se apresenta. Passei por todas elas e a luta me fez mais forte.

E depois de fazer as contas de mais e menos, tirar os noves fora, acrescentar os índices e apurar o resultado final, quem estiver de saco cheio de tudo isso, junte-se a mim e faça como eu fiz. Pegue uma xícara de porcelana, misture um pouco de chocolate em pó e café, junte uma pitada de canela e acrescente leite bem quente. Pegue um pãozinho d’água, corte em pequenas fatias, passe manteiga e ponha umas pitadas de manjericão seco, tostando levemente, no forninho elétrico mesmo, cobrindo-as ainda quentes com um fio de azeite de oliva extravirgem. Sente à mesa e ouça um belo fado português enquanto saboreia o momento e desanuvia a alma, agradecendo por ser gremista. E esqueça dos números e conchavos políticos por um instante. Se prepare para torcer de novo, porque logo mais tem jogo do Grêmio. E lembre-se que, acima de tudo isto, está o Imortal Tricolor e sua verdadeira torcida, aquela que não deixa de torcer por conta de situações menores. Mais ou menos como transcrito abaixo, em uma livre adaptação para a singular canção “Minha Mãe, Nasci Fadista”, imortalizada na voz de Frei Hermano da Câmara.

"Minha mãe, nasci GREMISTA
Mora GRÊMIO no meu peito
Não se canse, não insista
Não há ninguém que desista
Quando vive satisfeito"

Saudações Imortais

27 de março de 2013

Tentando entender a equação Grêmio-Arena-OAS


Ontem foi um dia de movimentação intensa neste blog. Tenso... 

Seu Algoz veio com dois quentes e três fervendo na questão da parceria Arena/OAS e a torcida não ficou atrás. Mas querem saber a verdade? Eu adoro isso. Quanto mais debate melhor, e quanto mais quente, melhor ainda. Sabem por quê? Acho muito importante clareza nas relações. Não dá para as coisas ficarem envoltas em cortinas de mistérios porque senão a coisa não dá certo. Logo mais ali adiante , a porca torce o rabo.
A relação torcedor/clube, obrigatoriamente, deve ser baseada na confiança extrema, assim como nos casamentos e nas amizades mais profundas: se quisermos ter a possibilidade de sucesso, o jogo deve ser limpo. Caso contrário, é grande o risco de a vaca ir pro brejo. Ou ainda, como numa sessão de terapia: quanto mais a pessoa expulsa e desnuda seus fantasmas, mais forte e altiva fica para tomar seu rumo na vida.
É  para mais ou menos isso que nos encaminhamos: recolocar o carro nos trilhos para então,  acelerar a locomotiva.
Mas também é importante dizer que o acirramento político não contribui em nada. As pessoas devem deixar suas questiúnculas, idéias geniais, vaidades pessoais e implicâncias de lado e partir para a conciliação. Se alguém sente muita, mas muita necessidade de aparecer, que pendure uma melancia no pescoço e vá desfilar de calcinha na Rua da Praia, fazendo escala na Esquina Democrática. Ou se preferir, no cruzamento entre a Avenida Osvaldo Aranha e a Rua Ramiro Barcelos. Garanto que o Ibope será grandioso.
Desse modo, o verdadeiro torcedor gremista, aquele que se importa com o clube, nunca deve esquecer que acima de tudo está a INSTITUIÇÃO GRÊMIO.
Os homens passam, a paixão fica.
Ninguém aqui está particularmente fazendo perseguições ao ex-presidente Paulo Odone.
Nunca nem vi o homem ao vivo. Considero que ele tem suas glórias e não acho que ele tenha sido mau dirigente. O que se deseja apenas, é que o Grêmio sempre tenha o maior sucesso possível em todas as suas relações comerciais. Seja com a OAS, seja com qualquer outro parceiro (e teremos ainda muitos em várias áreas).
Portanto, fiquei muito feliz e satisfeita com o resultado da reunião de ontem entre as principais lideranças políticas do clube. Não é ufanismo de minha parte, mas simplesmente esperança  no ser humano. Não sou do tipo que dá o braço à torcer para a vida (e ela me lançou os mais variados e difíceis desafios; com orgulho digo que venci todos) e sempre confio em soluções possíveis. Como homens cultos e civilizados que são, Paulo Odone e Fábio Koff mostraram grandeza no dia de ontem e acertaram os ponteiros. A partir de agora, é primordial que todos estejam unidos em torno da mesma idéia: resolver todas as pendências políticas-econômicas e unir forças para lançar o clube a um patamar ainda maior como instituição futebolística. Com união multiplicando forças, é muito mais fácil superar obstáculos e atingir o ápice. O blog, sinceramente, espera que os dois dirigentes trabalhem juntos para encontrar soluções boas para o Grêmio.
E, como gremista, só posso dizer que sinto orgulho dessa comunhão de esforços.
Então, convido a todos os torcedores desiludidos, céticos, preocupados e amuados a voltarem com força na sua paixão. O momento exige que sejamos fortes, confiantes e inteligentes.
Mãos à obra , sem mais perda de tempo.
Vamos em frente que atrás vem gente!!!!!!

Imortal Tricolor, nada pode ser maior!!!!


Arena do Grêmio: o que se busca, é um ajuste no contrato que fortaleça o clube.

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Tentando entender a equação

Na medida do possível, vamos tentando ajudar o torcedor a entender as questões em torno do tema Grêmio-Arena-OAS. Corremos atrás da informação e, com isso, esperamos esclarecer alguns pontos que aguçam a curiosidade e preocupam a torcida tricolor. Assim, transcrevo o questionamento (que é o mesmo de grande parte da torcida) do nosso assíduo leitor Guaru  e a resposta a sua dúvida. E vamos decifrando a equação...

Guaru:

...há questões que me fazem crer que essa apuração de lucro, segregando somente o repasse de 65% do lucro líquido da Arena é um pouco fantasiosa. Vou levantar duas questões:
 

a) O Olímpico teria uma receita de 20 milhões (isso é só a receita de bilheteria, presumo). A Arena terá uma receita de bilheteria, sem sombra de dúvida maior, digamos conservadoramente 30 milhões (lembre-se que o estádio é novo, tem Libertadores, Copa do Brasil e um timaço). Soma-se a isso 41 milhões que serão pagos pelo Grêmio referente a entrada dos sócios. De que forma somando-se os dois valores haverá prejuízo? Como a Arena Porto-Alegrense conseguirá ter despesas na margem de 71 milhões, quando o Olímpico tinha despesa 10 vezes menor?
 

b) Evidentemente que os 41 milhões eram receita direta do clube, e terão que ser "peneirados" pela Arena. O que não é bom, porque na melhor das hipóteses voltará somente 65% do valor. No entanto, me parece que o Grêmio também irá realizar economias pelo fato de não ter mais o ônus de administrar um estádio. Essas economias devem extrapolar os custos diretos apresentados de 7 milhões. Tens alguma posição sobre isso?
Por fim, me coloco à disposição para ler e tentar esmiuçar essas projeções, talvez até ter a audácia de apresentar sugestões, caso tenhas como disponibilizá-las para mim.

Resposta:

Convidamos os leitores para um exercício, relativo aos resultados da Arena.
Pelos balanços do Grêmio, a bilheteria do Olímpico era em torno de R$ 10 a R$ 13 milhões/ano. Pela lógica, a Arena não deve gerar mais do que R$ 20 milhões/ano brutos de bilheteria. Pesquisem na internet e verão que, líquidos, devem sobrar uns R$ 7 milhões (tem de se pagar federação, seguranças, bilheteiros, seguro, serviço médico, impostos etc.)
Importante: a empresa Arena Porto Alegrense pagará de 25 a 30% de impostos sobre a renda (bilheteria e repasses do Grêmio), que o Grêmio não pagava (esta é uma questão crucial). Isso reduz os R$ 41 mi pagos pelo Grêmio para mais ou menos R$ 30 mi de receitas da Arena.
Ou seja, das duas principais receitas (rendas e sócios), sobram uns R$ 37 milhões.
Como a linha de crédito do BNDES é de juros de 5,1% mais TJLP, a Arena Porto Alegrense pagará em torno de R$ 27 milhões ao ano de juros nos primeiros anos.
A Arena Porto Alegrense pagará, ainda, R$ 39 milhões ao ano relativos ao principal da dívida.
Só esses 2 itens (juros e capital) já consomem R$ 66 milhões. Ou seja, faltam R$ 29 milhões para fechar a conta (R$ 66 - R$ 37). Isso sem contar outras despesas como água, energia, pessoal fixo etc.
Então, lucro só depois de pagar boa parte do financiamento (reduzindo ao menos os juros anuais) e, ainda assim, será calcado nas receitas geradas pelo quadro social.
Tem ainda o naming rights ainda não comercializado, mas ele não resolve a equação. Quando muito, ajudará a reduzir ou zerar o prejuízo.

Acho que a partir desses números colocados acima,  fica mais fácil entender a preocupação da atual Direção.
Talvez o que não dê para entender é ver gremistas não querendo ouvir falar em melhorar um contrato que dá todos os sinais de ser nocivo para a saúde financeira do clube.

26 de março de 2013

O trem suburbano tem maquinista

Ao receber um convite para ir ao Olímpico nesta terça-feira, conversar com o presidente Koff, com Raul Régis e com Duda Kroeff sobre as questões da Arena, o deputado Paulo Odone deveria ter assumido um voto de silêncio absoluto. Assumiria, se fosse uma pessoa preocupada, primordialmente, com o Grêmio. Calaria até conhecer o teor do gesto conciliatório. Porém, mais do que simplesmente falar, o político teve um surto verborrágico. Começou criticando o que chamou de "periferia", referindo-se a pessoas que de forma burra e equivocada vazam dados do clube para a imprensa. Na sequência, assumiu ele próprio a função de maquinista do trem suburbano, em uma viagem que foi além do perímetro do bom senso. No périplo, compareceu a programa de TV, concedeu entrevista coletiva e foi a um programa de rádio. Tudo num espaço de menos de 16 horas.

Nestas aparições, advogou com maestria para os baianos: repetiu um discurso rico em ataques ao Grêmio e com hipérboles na abordagem das responsabilidades da OAS. Criticou a atual gestão, criticou Luxemburgo e criticou jogadores do atual elenco. Nem mesmo a agrônoma encarregada do gramado da Arena escapou. Para esta sobrou uma aula sobre a semeadura do azevém. Uma show de comportamento de "periferia".

Claro, os problemas construtivos apresentados pelo estádio desde a inauguração, o péssimo tratamento dado aos sócios, a falta de energia nos refletores em duas oportunidades, a incompetência na construção da área da Geral (que sepultou a avalanche), a falta de urbanidade e a arrogância dos funcionários da construtora no trato com os funcionários do Clube, nada disso foi debitado na conta do real devedor. É tudo culpa do nosso Clube. Santa OAS, nobre deputado! Santa OAS!
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A mágica de transformar 21 em 41

O valor de aquisição do assento dos sócios sempre foi vendido ao Conselho Deliberativo e à torcida como sendo R$ 21 milhões (como se pode ver no vídeo da exposição abaixo, a partir de 18:20 minutos). Subitamente virou R$ 41 milhões, como se nunca tivesse sido menos do que isso. Para o deputado, está tudo certo.



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Os números esquecidos

Na conta apresentada pelo deputado à exaustão, fatias gordas de receitas que evaporaram do caixa do Clube não foram lembradas. Serão deixadas para trás no Velho Casarão, por exemplo, as rendas de jogos, as receitas de locação de camarotes e as de publicidade. Não é pouca coisa. Dava para pagar a inauguração da Arena e sobrava troco para o salário anual do Gladiador.
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O que se espera?

Que o surto tenha passado, que o deputado saia do mundo paralelo onde vive e ajude o clube a avançar nesta intrincada questão, sentando deste lado da banca.

24 de março de 2013

Driblando a vida e fazendo gol de placa


O futebol é uma atividade maravilhosa, digna de grandes momentos. São incontáveis as histórias de sucesso e superação que esse esporte nos proporciona. Seguidamente, ficamos frente à frente com episódios que nos emocionam e trazem lufadas de esperança. É bem verdade, que a toda hora presenciamos atitudes pouco louváveis e que desmerecem o nosso respeito, como violência, brigas de torcidas, corrupção, manipulações, negociatas e por aí afora. Até perdemos o fio da meada, de tantas falcatruas que batem na nossa face como ondas de um mar agitado. Em certos momentos,  nos sentimos como os bobos da corte e somos tomados pela revolta. No auge da irritação, muitos pensam até em abandonar tudo e se afastar do futebol.

Mas por algum motivo, talvez teimosia ou preservação da sanidade, prefiro direcionar minhas energias para coisas positivas, que agreguem valor à minha existência. E quando vejo, lá estou eu envolvida sentimentalmente com coisas que elevam meu espírito e me fazem crescer como ser humano.
Não dou o braço à torcer, de jeito nenhum. Até me aborreço por um par de horas, mas logo esqueço e já estou pegando em armas para voltar à batalha. Sim, porque a vida é uma batalha sobre a próxima.

Depois do episódio da Piratinha Tricolor e da demonstração de dignidade e carinho do atacante gremista Hernán Barcos, fenômeno de popularidade, deparei-me neste domingo com uma matéria no Jornal O Estado de São Paulo sobre o meia gremista Zé Roberto. Fiquei tão impressionada e feliz com aquilo que li, que julguei importante dividi-la com a torcida gremista leitora deste blog. Já era grande admiradora do jogador pelo seu total profissionalismo e dedicação, mas a partir de agora passo a admirá-lo ainda mais e a sentir um grande orgulho de tê-lo vestindo a camiseta sagrada do meu time.
Esse cara é a pessoa certa para continuar no clube após aposentadoria e ajudar a orientar os meninos que seguirão carreira no futebol. Ele é perfeito para a função!!!

Abaixo, reproduzo a matéria completa do Jornal O Estado de São Paulo.
Desejo uma ótima leitura a todos!

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“Veterano, Zé Roberto esbanja um preparo físico invejável aos 38 anos "

Como a gente faz para ter esses “gominhos” na barriga? Essa foi a pergunta que Zé Roberto ouviu de seus colegas depois de ter tirado a camisa em sua apresentação oficial no Grêmio em junho do ano passado.
Os curiosos, todos mais jovens, ficaram sabendo que são necessários 500 abdominais diários, além de não beber e não fumar. Se começarem hoje, poderão chegar ao estágio do Super-Zé que, aos 38 anos, tem um porcentual de gordura de 7%, o mesmo índice da juventude. “Pratico esses exercícios há muito tempo, desde que jogava na Alemanha. Chego antes dos treinos e sempre pratico. Alguns também estão me seguindo.”

No caso de Zé, quem vê cara (e os gominhos) vê o coração. A exemplo do abdômen, o camisa 10 do Grêmio também cuida do espírito. Foi assim desde a infância sofrida na Vila Ramos, zona leste de São Paulo.

Zé Roberto: driblando a vida. Profissionalismo acima de tudo.

A casa de Zé Roberto e seus cinco irmãos era a única que não tinha portão e as janelas tinham remendos com pedaços de madeira. O telhado era um zagueiro que não dava conta das habilidosas pingueiras. De dia, os meninos catavam lata, cobre e papelão para vender no ferro-velho e, com a renda, compravam bolachas. O almoço era arroz com ovo, o máximo que a dona Maria Andrezina da Silva conseguia colocar na mesa com os dois empregos. Uma vez, um dos irmãos queimou a boca ao tentar comer gengibre pensando que pudesse substituir uma batata. O pai? Bebia. E, quando bebia, ficava violento. Fogos de artifício imaginários explodiam na cabeça do menino quando um dos amigos o convidava para ir para casa. Sabia que conseguiria filar a boia. O próprio meia reconhece que foi por milagre que não virou assaltante, viciado ou traficante. Era o futebol que o fazia esquecer da vida.

SEM MISTURA

Dona Andrezina começou a ouvir as pessoas falando que Zé jogava bem e resolveu fazer o gosto do menino. Tirou o dinheiro da mistura para pagar a passagem de dois ônibus e metrô para o menino treinar no Pequeninos do Jockey, clube amador que alcançou grande prestígio no futebol europeu graças aos títulos nas categorias juvenis na década de 90 e que tenta entrar no Guiness por causa dos 220 troféus. “Hoje, ainda me emociono com os sonhos de algumas mães”, conta Zé.

A medida da importância de Zé Roberto para o Pequeninos está na saudação do fundador e presidente José Guimarães Junior. Antes de mais nada, ele manda. “O Zé faz aniversário no dia 6 de julho”, diz o septuagenário, com a memória nos trinques. E a língua também. “Ele é um dos orgulhos da minha vida.”

Com o dinheiro das rifas que a mãe organizava e dos empréstimos a perder de vista feito com familiares, o menino treinava, mas sabia que o futebol estava na corda bamba. Aos 16, desistiu e foi cortador de carne e office boy. A mãe foi mais insistente que ele e arrumou duas peneiras, uma delas na Portuguesa. E o resto já está na enciclopédia do futebol.

Participou do melhor time da história do clube, vice-campeão brasileiro em 1996 e está na seleção de todos os tempos escalada pela própria Lusa. Em 1997, voou para a Europa e jogou oito anos na Alemanha, no Bayer Leverkusen e no Bayern de Munique. Virou ídolo. Em 2007, voltou ao Brasil e foi campeão paulista com o Santos. Resistiu aos apelos da diretoria para renovar o contrato e foi para o Hamburgo. É o segundo estrangeiro que mais atuou na Bundesliga (o primeiro é o peruano Claudio Pizarro).

“Muitos veículos de comunicação pedem entrevistas. Na semana passada, pediram um depoimento sobre os 50 anos do Campeonato Alemão pela importância que eu represento para essa história. Fico orgulhoso”.

ESCRITOR

Faltou falar do livro. Sim, o jogador já virou escritor. Sua vida virou o livro Um sonho para a vida na Alemanha. E, no Brasil, virou Colhendo frutos em terra seca, cujo título foi sugestão da mulher, Luciana.

Quando a reportagem do Estado foi adquirir o livro, em uma loja especializada no centro de São Paulo, o volume estava com 80% de desconto. “Eles imprimiram bastante”, explica a atendente, justificando os seis mil volumes da primeira edição.

“A publicação foi importante para a Central Gospel, porque o livro apresenta uma linda história de superação. Seu testemunho tem causado grande impacto de fé”, afirma o gerente editorial Gilmar Chaves.

A terra seca não parou de dar frutos. Depois de ter sido reserva de Roberto Carlos na Copa de 1998, foi protagonista em 2006 como o único brasileiro da seleção daquele Mundial, feita pela Fifa. Zé confessa que não fica na expectativa pelas convocações da seleção e só pensa jogo a jogo.

Só para recuperar um fio que ficou solto lá atrás: os amigos contam que o inevitável acerto de contas com o pai, que tentou se reaproximar, aconteceu recentemente. Zé Roberto montou uma carpintaria para o pai, mas não quis tentar reatar a amizade.

Zé Roberto é evangélico fervoroso, mas está atento às “coisas do mundo”. Seu filme preferido, por exemplo, é À Procura da Felicidade, aquele em que Will Smith come o pão que o diabo amassou - não gengibre - como um pai solteiro que chega a dormir na rua como o filho, mas não perde a esperança. “Ele consegue o objetivo sem passar por cima de ninguém. É preciso valorizar isso. Por ser uma história real, também nos dá esperança de ir atrás dos nossos sonhos”, analisa o craque.

Zé entregou o final do filme com Will Smith, mas isso é o de menos: quando ele fala, mostra que não é só abdômen que foi bem trabalhado nesses anos e anos de carreira...