Cada um tem seus sons preferidos. Às vezes, mais de um, cada qual aplicado a uma circunstância. É o caso. Ontem, dediquei o dia a curtir o som mais doce que se pode ouvir, em se tratando de futebol. Foi intenso, mavioso, deliciante.
É claro, o som da torcida tricolor cantando no estádio, empurrando o time ou extravasando a alegria de um gol são de uma categoria incomparável, são ondas hors concours. Não é ele que refiro. Falo de um som que vem do lado contrário, que faz o tímpano vibrar como uma sinfonia de Mozart: o choro do secador.
Senhores, ontem foi maravilhoso. Aquelas pessoas que nunca assistem a jogos que o Grêmio ganha, sabiam cada detalhe do lance protagonizado pelo jogador Dulcich, do Aurora. Do chute do Tcheco ao movimento em falso do bom goleiro. Dissecavam o lance em nível sub-atômico. E lamentavam e esperneavam e rangiam dentes. Um espetáculo indescritível.
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Ontem, tive oportunidade de consolar um desses chorões. Disse-lhe: "Graças ao Grêmio, vocês estão participando da Libertadores, no ano do centenário. Aproveita e, se possível, até compra um sofá novo, porque secação em centenário só se vive uma vez. "
Eu, por meu turno, me preparo para os próximos concertos.