6 de julho de 2010

Rindo na desgraça



Um dos significados da palavra graça é pilhéria. Desgraça também pode ser o contrário da graça: calamidade, miséria, infortúnio. O leitor pode escolher qualquer uma das três palavras e o time que vimos hoje em campo estará bem retratado.

Desfalcado por gripes e tubos de ensaio (estes os atuais "ó do borogodó" em matéria de escalação de times), o Grêmio foi a campo hoje sem Victor, Douglas, Borges, Jonas e Hugo, para enfrentar o Avaí. Aliás, um grande mistério o Avaí. É verdadeiramente notável que consiga ainda mandar um time a campo, depois de tantos jogadores perdidos nas incursões contratantes da dupla Silas-Meira.

Mas vamos ao que importa, já adiantando que hoje não vai haver a análise "Como atuaram", porque eu fatalmente me tornaria deveras repetitivo. Desfalcado ou não, o time foi uma droga. É inadmissível que seja assim. Explico: para entender absurdos, às vezes é bom olhar bem dentro dos seus olhos. Pois, olhemos.

Comenta-se, de boas fontes, que a folha de pagamento do Grêmio é de R$ 4,2 milhões. Se tirarmos R$ 600 mil para remunerar absurdamente bem a comissão técnica de um clube, sobram R$ 3,6 milhões. O que se faz com isso? Buenas, pode-se contratar 11 titulares, pagando, para cada um, R$ 200 mil em média. Lá se vão R$ 2,2 milhões. Sobram R$ 1,4 milhão, para contratar 14 reservas, ganhando, em média, R$ 100 mil por mês. Olhando assim, no olho do absurdo, a gente pode sentir a verdadeira desgraça de ver um time com tal orçamento jogando a miséria com que somos brindados.

Tenho procurado não me exceder nas críticas, porque opiniões ácidas, ainda que prenhes de razão, costumam não ser ouvidas e, portanto, em nada auxiliam. Mas, convenhamos...
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O melhor do time que perdeu de 3 x 2, foi Marcelo Grohe. A defesa foi um desastre. A zaga parecia defesa de pebolim: nunca subiu para cabecear. O meio campo não existiu. No ataque, tivemos os dois atos que deram título ao post. Primeiro, a jogada inesperada de André Lima no primeiro gol. Numa manobra surpreendente, deixou o zagueiro para trás e serviu Bérgson que concluiu como gente grande. Era o 1 x 1.

Depois, veio o 3 x 1 e a grande depressão. Talvez muitos, como eu, ficaram com a TV ligada, apenas por um desejo. Ocorre que a torcida do Avaí estava de sacanagem com o nosso goleiro, chamando-o de "frangueiro". Frango não houve no jogo e Grohe, desde o primeiro tempo, evitava vexame maior. Ocorre, ainda, que a vitória por 2 gols de vantagem dava o título ao Avaí, mas não o triunfo por vantagem mínima. Então, em meio ao triste espetáculo que se desenrolava no gramado da Ressacada, emoldurado pelo coro provocativo da torcida avaiana, cresceu um desejo: que o Grêmio fizesse um gol e tirasse o "título" da torcida do Avaí. Pois o desejo materializou no último minuto do tempo complementar da prorrogação (quem viu o jogo entenderá esta descrição). Foi o riso final em meio à calamidade.
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Não me contento com pouco assim, mas melhor encontrar sempre algo do que rir, porque, ao que parece, o semestre será longo. Tratemos de fazer, então, com que não seja tão tenebroso.
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Vejam, abaixo, momentos do jogo.