22 de outubro de 2017

Daniel Matador - Era jogo-treino, mas não precisava avacalhar

Grêmio 1 x 3 Palmeiras

Michel voltou hoje após parada por lesão e anotou até gol.

Caros

A história, e no futebol não poderia ser diferente, é cíclica. Os mais jovens podem não lembrar, mas nos épicos idos dos anos 90 (que década, meus amigos, que década!) o Grêmio mandava no futebol, fosse no RS, no Brasil ou mesmo na América. Em 1996 o esquadrão avassalador de Felipão era o atual bicampeão da Libertadores e maior candidato ao título daquele ano. O time já estava nas semifinais, onde enfrentaria o América de Cali, time bancado pelos barões da droga colombiana. Só que, além da Libertadores, o tricolor também disputava em paralelo o ruralito e a Copa do Brasil (da qual havia sido vice-campeão no ano anterior).

Em termos de nomes, a grande equipe daquela época era o Palmeiras, financiado pela multinacional Parmalat. Só que este mesmo Palmeiras acabava, quase sempre, levando uma surra de relho da equipe de Scolari. Naquele 1996, numa terça-feira, enfrentávamos o América de Cali no Olímpico pela primeira partida das semifinais da Libertadores. Míseros 16 mil torcedores compareceram para ver Goiano marcar o solitário gol da vitória. Sim, isso mesmo. Ninguém estava dando bola para a semifinal da Libertadores. O que importava era derrotar os palmeirenses. E, na sexta-feira da mesma semana, no segundo jogo da semifinal contra o Palmeiras, o Olímpico entupiu com 50 mil tricolores babando pela classificação contra o odiado alviverde paulista.

A torcida, durante toda a semana, bradava pela utilização de time titular neste jogo, mesmo considerando que, menos de uma semana depois, o time teria de viajar até a Colômbia para decidir sua passagem para a final, onde poderia enfrentar o River Plate e ser tricampeão da América. O time já estava cansado por conta do enfrentamento pela Libertadores e a opção racional seria um time reserva, mesmo que isso ocasionasse a desclassificação. Mas Felipão e a diretoria resolveram atender a torcida, escalaram time titular, chegaram a devolver o placar do primeiro jogo (vencido pelo Palmeiras por 3 x 1), mas a arbitragem anulou o terceiro gol, marcado legalmente por Jardel. O time não classificou-se e chegou esfacelado à Colômbia, onde acabou sucumbindo no segundo tempo por visível questão física e foi derrotado por 3 x 1, perdendo a chance de ser tricampeão continental.



Pois hoje a história se repete, e com o mesmo Palmeiras enfrentando o tricolor em seus domínios antes de uma partida pela semifinal da Libertadores. Só que, desta vez, Portaluppi e a direção não ouviram a torcida e agiram com a razão. Botaram um time reserva, apenas fortalecido pelas presenças de Michel e Luan, que atuaram justamente para retomar o ritmo de jogo para o confronto contra o Barcelona do Equador. Que é o que realmente interessa.

1º Tempo: Grêmio 0 x 0 Palmeiras

Logo aos 3 minutos, Jael recebeu a bola em impedimento, porém deixou a mesma para Arroyo. Ambos partiriam sozinhos, pois a zaga estava toda para trás. Óbvio que o apitador Ricardo Marques Ribeiro, fazendo jus à sua história, marcou impedimento e impediu o provável gol gremista. Aos 7, Everton lançou Arroyo, que avançou e, quase em frente a Fernando Prass, sofreu uma carga da zaga. Em lance ocorrido logo em seguida, Michel sequer encostou em Tchê Tchê, mas o apitador parou o lance porque o jogador palmeirense apatifou e ficou deitado no chão.

A movimentação do jogo era intensa, mas sem chances claras de gol. Aos 31, Luan lançou Léo Moura na esquerda, que avançou e devolveu para o mesmo Luan chutar, mas a bola subiu demais. Aos 36, jogadaça de Everton, que driblou dois marcadores e invadiu a área pela direita, mas concluiu pra fora. Aos 44, perigoso ataque palmeirense, mas Paulo Victor defendeu muito bem o chute de Keno. O apitador deu só um minuto de acréscimo, porém nada mais aconteceu e o primeiro tempo terminou com o placar em branco.



2º Tempo: Grêmio 1 x 3 Palmeiras

O time voltou do intervalo com Jaílson entrando e Bruno Rodrigo saindo. Marcelo Oliveira, com isso formou a dupla de zaga com Thyere e Kaio foi fazer a lateral esquerda. Não eram nem 3 minutos quando Dudu chutou e Paulo Victor estava pronto para aparar, mas a bola desviou no agora zagueiro Marcelo Oliveira e acabou fazendo a bola entrar. Aos 9, em erro que propiciou contra-ataque, Moisés pegou um rebote e meteu um canudo no ângulo esquerdo para aumentar a vantagem. Aos 19, outra falha da defesa e Dudu aproveitou para escorar e anotar o terceiro. Uma mudança que acabou mexendo em três setores alterou totalmente a composição do time.

No minuto seguinte, Beto da Silva entrou no lugar de Arroyo. Aos 33, para dar um alento, Michel aparou um rebote em um bate-rebate na zaga palmeirense e descontou.

Aos 36, Luan saiu para a entrada de Dionathã. Só que daí para frente não havia mais nada para ser feito. O Palmeiras fez o que qualquer equipe que esteja ganhando fora de casa deve fazer e postou-se atrás. O Grêmio até tentava alguma coisa, mas sem a mínima inspiração. E terminou assim.




Como jogaram:

Paulo Victor: transmite segurança para a zaga. Sem culpa no gol. Nota 5
Léo Moura: fez o feijão com arroz na lateral e ainda arriscou um ou outro lance. Nota 6
Thyere: não comprometeu individualmente, mas a zaga fez água com ele e Marcelo Oliveira. Nota 5
Bruno Rodrigo:  deve treinar muito mal, pois foi sacado para que Marcelo Oliveira ficasse em seu lugar. Nota 5

Marcelo Oliveira: é ruim e zicado. Foi só sair da lateral para a zaga que a bola desviou nele e o Palmeiras abriu o placar. Nota 2
Michel: voltou para readquirir ritmo de jogo. Considerando o tempo parado, voltou bem. Tanto que conseguiu até marcar um golzinho. Nota 7
Kaio: não obstante ser oriundo da base, até hoje não fez nenhuma partida que mostrasse algo diferenciado. Nota 3
Luan: sem a mesma intensidade do jogo contra o Corinthians, mas tem readquirido o ritmo para o jogo contra o Barcelona. Nota 6
Everton: um dos poucos que tentou alguma coisa no ataque. Cansou no segundo tempo. Nota 6
Arroyo: ainda não mostrou nada que o qualifique sequer a ficar no elenco. Não fez absolutamente nada. Nota 1 (só por ter fardado)
Jael: é impressionante o fato de um centroavante já ter feito cerca de uma dezena e jogos e não ter anotado um golzinho sequer. Nota 1 (só por ter fardado)

Jaílson: entrou para a saída de Bruno Rodrigo. Não fez nada demais em campo. Nota 4
Beto da Silva: entrou no lugar de Arroyo. Não fez nada além do que seu predecessor havia feito. Nota 3
Dionathã: entrou no lugar de Luan, já na finaleira. Sem nota

Renato Portaluppi: hoje a derrota passa muito por ele. Sua mexida no intervalo detonou todo o time. Nota 2

Arbitragem: o trio era mineiro, formado pelo apitador Ricardo Marques Ribeiro e auxiliado por Guilherme Dias Camilo e Sidmar dos Santos Meurer. Só fizeram merda. O resultado não passou por eles, mas atrapalharam tudo que puderam. O apitador deu até cartão amarelo para Luan no momento da substituição, em uma grande lambança.

Tomando por base o que aconteceu em 1996, hoje era jogo para os reservas e, na melhor das hipóteses, dar ritmo de jogo aos titulares que jogarão a partida pela Libertadores (casos de Luan e Michel). Mas isso não significava que deveria ter ocorrido o fiasco que houve. Sim, porque perder de 3 na Arena é fiasco, a não ser que o juiz expulse uns 4 jogadores. O gol de Michel ainda deu uma atenuada, mas foi uma jornada bem ruim, principalmente no segundo tempo. Agora, tudo que interessa é esquecer esse jogo. Porque só a Libertadores importa.

Saudações Imortais