8 de junho de 2010

William by Gaguinho

Ele não marcou, mas o Gaguinho fez uma poesia.
Ele merece.



Bo-bola redonda,
que não vejo há horas,
por onde cê anda?
por onde laboras?

Te vejo tão pouco,
e o po-povo só zomba,
quando ricocheteias
no peito de pomba.

Quem me acha craque.
no jo-jogo boceja.
Quem sabe das coisas,
pragueja e pragueja.

Mas culpa não tenho,
se a vida conspira.
Na área me embrenho,
mas erro na mi-mira.
Há quem veja em mim,
pés de curupira.

Pra gol de maestro,
até já fiz plano.
Tudo calculado,
traçado euclidiano.
Sou quase ambidestro
e sa-samaritano.

Vem, bola medonha!
Te pego de je-jeito.
Não sou um pamonha!
Te mato no peito,
giro sobre a zaga,
um giro perfeito.

"É bu-bu-bu-bucha!"
Acordo do sonho.
Na arquibancada,
Geral se estrebucha.
Em vez da patada,
um chute bizonho.

A bola, constato,
tá mais pra um caroço,
subiu como um ja-jato,
caiu lá no fosso.