Vivida por Júlio Tricolor
Os policiais paulistas
Pouco antes do final dos nos 80 eu fazia parte de uma torcida organizada do Grêmio. Numa excursão para o Rio, estávamos de passagem por São Paulo. Durante a travessia, um policial em uma motocicleta resolveu parar o ônibus no meio da cidade. Mandou todo mundo descer. Pensamos tratar-se de uma revista ou coisa do gênero. De repente o cara sacou uma faca e começou a cortar as faixas e as bandeiras que estavam à mostra. Não havia argumento que fizesse o homem parar. Então, do nada, surgiram mais dois policiais de moto e aos berros mandaram o cara parar e começaram a bater boca. Como metade dos que passavam parava para ver o que estava acontecendo, armou-se o barraco.
O primeiro policial era corintiano e estava fulo da vida porque, poucas semanas antes, o Grêmio tinha botado o Curíntia na roda. Os dois que chegaram depois, eram palmeirenses. Começaram os três a trocar baixarias.
Nosso motorista fez sinal para todos nós entrarmos no ônibus e ficarmos bem quietos. Ligou o motor e saímos, com meio corpo para fora do ônibus assistindo o bate-boca dos milicos-torcedores no meio da rua. O ônibus foi se afastando, se afastando... até sumir da vista.