Todo ser convicto transforma-se facilmente em um ser retórico.
Uma manhã de domingo antecedendo uma tarde sem futebol relevante é um momento bom para reflexões filosóficas.
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Não obstante as apostas e a crença na santidade, os tempos têm sido de incertezas, é legítimo que se diga. Quem sabe ao que me refiro entenderá o que escrevo. Aos que não puderem entender, sinto por não poder ser mais explícito.
O futebol é um esporte coletivo e não só no campo. A troca de idéias, o debate de alternativas, a troca de impressões devem anteceder as decisões que pisam o gramado. Mesmo no tênis, um esporte no qual o atleta entra em quadra sozinho para um verdadeiro duelo com o adversário, o estudo do oponente e a estratégia para o jogo são discutidos, pelo menos, entre o jogador e o seu staff técnico.
Não é possível ou aconselhável que se deixe tudo entregue a um único intelecto. Normalmente, quando um cérebro humano adota uma convicção, tudo vê para justificá-la e validá-la continuamente. As provas que a enfraquecem não são enxergadas por conveniência ou por miopia analítica.Em pouco tempo, a tênue linha que leva à teimosia é transposta e o ser retórico torna-se ainda mais eloquente na defesa das suas cidadelas. Sem o contraponto de outras opiniões capazes de trazer novos ângulos de visão, é isso que acontece.
Nietzsche escreveu que "as convicções são inimigas bem mais perigosas da verdade do que as mentiras". Certamente estava pensando no fato de as mentiras poderem ser desveladas. Já uma má idéia protegida por muros de convicção é mais difícil de esvaecer.
Assim vamos. Indo tudo bem, tudo será creditado a um só. Acabando mal, o débito será atribuído principalmente a um outro, que não o mesmo destinatário do crédito. Cabe às partes dividirem responsabilidades presentes, bem como os méritos e eventuais fracassos colhidos ali adiante. Sem isso, o futuro torna-se lotérico e entregue à mística. Raramente missões com estes componentes chegam a bom termo.
É o que posso dizer, por enquanto.
