21 de agosto de 2011

Com a palavra o leitor Felipe

Inicialmente, para quem está chegando agora e também para quem já esqueceu, publicamos o vídeo abaixo (pode ser encontrado na internet neste link), no qual um candidato de um certo clube, afirma:


"Eu aprendi uma coisa nestes últimos (...) que eu também não conhecia. A imprensa hoje, ou parte da imprensa, principalmente essa imprensa que cuida do futebol, é uma imprensa barata."
Fazemos isso, como preparativo para que o texto abaixo possa ser bem compreendido.
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Fala, Felipe!

O leitor Felipe escreveu uma série de comentários que, pelo conteúdo, decidimos trazer à capa do blog. Leiam abaixo. É tão extenso quanto consistente, oportuno e elucidativo.
Vou me estender em assuntos suscitados pelo post e por outros lembrados pelos comentadores. Aparentemente, podem parecer não terem relação direta entre si, mas o nexo é inevitável. Sobretudo, porque, de comum, o tratamento de dois pesos e duas medidas que é próprio aos jornaleiros esportivos do RS.

Aliás, incrível, mas não são somente os do RS.

Em pleno certame nacional, lendo matérias da imprensa do Sudeste, onde me encontro, o tratamento dispensado ao Grêmio - e aos róseos - não difere em quase nada.

Assim, um dia antes de sair a reportagem do "Dupla Explosiva" sobre o Leandro - quer dizer, a reportagem de um profissional(?) venal a quem jamais o Grêmio e gremistas deveriam dar qualquer informação -, li uma reportagem no UOL de igual sordidez. Nela, repetia-se o bordão nazista - segundo o qual uma mentira seguidamente brandida vira uma verdade - que o jogador é "cai...cai", não se afirmou como revelação de qualidade e, sobretudo, era violento, já o condenando, inclusive, de antemão ao julgamento; que, ao fim, desqualificou a acusação, como foi desqualificada a notícia, nunca desmentida, que o jogador do Atlético-MG havia quebrado o nariz - ao modo do nazista Goebbels, de novo.

Pois bem, além da venalidade corriqueira, o que chama atenção são dois aspectos do fato: 1) a tática cada vez mais freqüente e reiterada de não apenas exaltar qualidades inexistentes dos jogadores róseos, mas em proporção equivalente a de desmoralizar e desqualificar jogadores do Grêmio. Para além, o que é abjeto, da dimensão futebolística. A falta de pudor avança para a destruição da reputação do jogador como pessoa humana; 2) quando a agenda negativa é movida contra o Grêmio, ela funciona em consonância, como um concerto, para gerar repercussão e fixar-se como - falsa - verdade. E, interessante, os "isentos e baratos" não têm extração somente regional, mas nacional. Do mesmo modo que o Grêmio vem sendo roubado - com a perda, inclusive, de títulos, como o do Brasileirão de 2008 - em competições nacionais, como ocorre no Novelletão.

E, lamentavelmente, de comum nisto tudo também podemos verificar o quanto de cordeirismo há por parte de nossas velhas direções de "situação" e "oposição".

Fico tão indignado com pessoas que se apresentam como gremistas e fazem coro a estas leviandades, como com os próprios levianos.

Se não é por oportunismo, pela possibilidade de favorecer a interesses próprios, é por óbvia ingenuidade e, embora esta possa ser perdoável, não deixa de ser bem perigosa.

Os baratos até tentaram pegar no pé do Douglas e do Gabriel - entre outros -, mas perceberam logo que são tipos bastante indiferentes à intriga. Voltaram suas baterias, então, a um garoto recém entrado na maioridade, de extração econômica, sabidamente, das mais pobres.

Não há como saber se ele será de fato um craque. O que se sabe é que, em sua idade, já fez mais do que muitos que se tornaram craques. Não fosse a administração irresponsável do Sr. Odone e sua evolução deveria ser administrada de outro modo, evitando-se de jogá-lo na fogueira, como se faz hoje. Adequado seria, neste momento, que entrasse na parte final das partidas e fosse substituto dos titulares do ataque - tal como se fez, no ano passado, com o Clementino. Não obstante, dada a ausência de atacantes efetivos, foi precocemente chamado à situação de titular e, pior ainda, criando-se a expectativa de que deveria decidir sozinho; e, ainda pior, tendo de correr pelo Douglas, voltar ao meio do campo para marcar, cair pela ponta e fechar pelo meio e ainda fazer gols, do modo como foi aproveitado nos esquemas do Roth e do Julinho.

E, mais importante: além de colaborar em quase todas as jogadas que resultaram em gol, quando jogou, apesar da tarefa complexa, mostrou-se um jogador profundamente compromissado com o Grêmio. Isto pode ser medido. Embora ganhe pelo menos 20 vezes menos que o Douglas, corre 5 vezes mais. E só a má fé para tentar estigmatizá-lo como simulador, violento e indisciplinado.
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Ilustrativo do que escrevo acima, foi o que vi na decisão do mundial Sub-20.

O Leandro seria, facilmente, titular do ataque desta seleção. Bastaria ver os jogos...

Aqui temos mais matéria para a lógica do dois pesos, duas medidas...

Beneficiado pela ruindade do goleiro português, que falhou bisonhamente nos três gols, o Aliciado dos "róseos" tornou-se o "herói" do jogo. Assim, foi tratado pelo comentarista do SPORTV, o que será pouco perto dos festejos que lhe serão concedidos, a partir de amanhã, pela imprensa moranga.

Pois só o lado róseo da atuação do jogador que - não - é dos róseos será explorado.

Não haverá a menção, por exemplo, de que o Fernando, diga-se de passagem, para minha surpresa, fez uma partida praticamente perfeita, quase sem errar passes e com diversos desarmes limpos.

Muito menos que uma outra grande revelação moranga chamada Juan foi facilmente envolvida nos dois gols de Portugal, quase entregou a partida em outra lance e, ainda, não foi expulso por benevolência da arbitragem. Que não viu a tentativa do crack de dar um coice no adversário caído. Quem, amanhã, perguntará para a mãe do afável rapaz o que ela acha disto?

Ninguém, pois não há setoristas gremistas no aterro, nem por perto.

Também ficaremos sem respostas das mães do Andrezinho, como lembrado aqui, e que impôs sua titularidade, simplesmente, negando-se a jogar; ou da mãe do Índio, que certamente aprovaria a conduta que o levou a acidentar-se gravemente em uma balada com garotas de programa, impedindo-o de participar de diversos jogos; ou da mãe do Nei, pela falta de educação de dizer que não estava nem aí para a sua rósea torcida. É certo, também, que o passado do Jô, jogador que foi vetado pelo Siegmann por currículo de indisciplinas, não será invocado. Nem se criará qualquer intriga do Dorival com o Anão, pelo fato deste já haver feito a cama dos técnicos antecessores. Não, não se perguntará sobre o "clima" do vestiário, questão permanentemente em pauta no Olímpico.
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Gostaria, ainda, de tocar em assunto que foi lembrado por alguns e que, ultimamente, é também motivo de minha inconformidade.

O assunto é a Arena e a Copa do Mundo. Os últimos comentários, do Ronaldo e do Beto Imortal, fazem duas referências importantes. O primeiro evoca um enorme ato falho de comprometimento da imprensa rósea, neste caso, da RBS. O segundo, um artigo do Blog Arena, que também li e recomendo. Aqui, além do dois pesos, duas medidas, funciona a lógica revelada por um ex-ministro de Estado, que dizia mostrar o que era favorável e esconder o que era desfavorável.

Sei que muitos não tem tocado neste assunto por vários motivos: 1) preocupa-nos a situação do time, parecendo devaneio perder tempo com a Arena; 2) uma das lembranças mais freqüentes do Sr. Odone, diante das cobranças, a da Arena; o que, paradoxalmente, ao invés de ser motivo de orgulho e esperança de um novo tempo de títulos, passou a ser lido como assunto negativo, a ser repelido.

Sei também que a posição do Blog foi a de nunca encorajar a vinculação da Arena à hipótese desta sediar jogos da Copa, procurando só realçar os seus benefícios.

Não obstante, se o jogo do campo sofre influência do jogo feito fora dele, esta questão tornou-se mais que palpitante.

A Arena poderá ser a grande indutora para um salto no futebol do Grêmio. Acho, aliás, que, sem ela, correríamos um sério risco de maior deterioração do futebol. É claro que há a objeção que, se for tratada como os assuntos do futebol, a Arena não resolverá.

Lendo sobre outros projetos, como o do Atlético-PR, do Palmeiras e do Corínthians, é possível ver que a engenharia financeira da Arena gremista é amplamente vantajosa. E o será também em relação aos róseos, se um dia o seu projeto deixar de gráfico, para ser de engenharia, uma vez que, para firmarem sua parceria, terão de renunciar a tudo que poderia agregar algo financeiramente.

As receitas de várias denominações da Arena, se bem exploradas, é o que nos possibilitará, imediatamente, compensar perdas relativas em relação a outros clubes que foram claramente beneficiados na distribuição das cotas de TV do Brasileiro, notadamente Flamengo, o Corínthians e mesmo o São Paulo.
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Adiante, então, se um dia o Projeto morango sair do Autocad e se transformar em algum punhado de concreto, poderemos compará-lo à Arena do Grêmio e mostrar, mais um vez, como a pseudo-imprensa esportiva do RS foi cabotina.

O problema principal, e que envolve esta última, entretanto, não é este.

Desde que o aterro foi definido como sede da Copa, em sintonia com o conivente silêncio dos jornaleiros, nunca a direção do Grêmio e mesmo os seus torcedores fizeram qualquer movimento público reivindicando que a nossa Arena se tornasse a sede dos jogos no RS. Virou tabu. Muito foi só cogitado, mas o Grêmio aceitou a condição de "plano B" e de resignada espera para a eventualidade da incompetência colorada premiar-nos. Parece que, desde o princípio, temos medo de perder este GRE-NAL, como se isto fosse nos tirar a dignidade.

Enquanto isto, o silêncio dos baratos é o maior sintoma da vexatória situação em que os róseos se meteram, mas que deve ser ocultada. Tinham um projeto próprio que esboroou pela falência financeira, associada à incapacidade de sua "marca" e de seus torcedores de o garantirem. Perderam os prazos exigidos pela FIFA e, sabe-se lá por quais tramóias escusas, são segurados pelo COL. O site do projeto é constrangedor, congelado há três meses, por falta de qualquer coisa a mostrar. Depois de encenarem uma pantomima, divulgando que havia muitos interessados, restou a única propositora, a AG, de quem se tornaram reféns. É claro que a Copa das Confederações já não tem viabilidade. Os róseos, hoje, comem literalmente na mão da AG, que, nesta posição, pode lhes exigir maiores gravames econômicos - para além de eventuais problemas com penhoras.
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Como a pseudo-imprensa trata do assunto do seu remendão?

A Fifa faz visita às obras (???????). Luigi "garante que começarão em setembro". Esta é a manchete. Mais adiante, lê-se que o contrato será, mais uma vez, assinado "em alguns dias" e que o notável dirigente já não quer estipular prazo. A manchete foi a forma de tentar enganar os incautos, fazendo com que estes achassem que a visita da FIFA aprovara o andamento das obras e que esta estava de acordo, também, com sua retomada em setembro. Não é difícil imaginar o teor das manchetes negativas de um acontecimento como este, caso o Grêmio estivesse na situação dos róseos.

Mais: estariam eles em franca campanha de desmoralização junto à FIFA e ao COL, para retirar uma eventual definição do nosso clube como sede da Copa.

Sabem bem eles o impacto que teria, hoje, a perda da Copa para o Grêmio. Não apenas financeira, mas simbólica. A tragédia do Mazembe seria uma canja de entrada.

E se esta situação toda já não fosse inadmissível, um absurdo sustentado pela FIFA e COL, só tão podre como o caso da escolha da também - inteiramente fictícia - Arena corinthiana, ainda não é o pior.......................
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O pior é a COMPLETA INVERSÃO que há no tratamento deste assunto, mas que não é vista pela curiosa cumplicidade entre o silêncio dos baratos e o silêncio resignado da direção do Grêmio e dos gremistas.

Mesmo que, repito, MESMO QUE o Projeto róseo possa se viabilizar, nada justifica que o Remendão seja o Estádio da Copa. Não há maior aberração. Qual motivo justificaria, se é que os motivos devem ser racionais e objetivos, e não definidos pela má e indecente política, que este puxado, inferior em todos os aspectos pelos quais se possa abordar, possa tomar o lugar da maior e mais qualificada Arena privada que - efetivamente - se construirá no Brasil?

Se algum dos dois estádios deve ser o "plano B", que seja o deles. Afinal, é para isto que serve um remendo;

Se algum clube deve se envergonhar de reivindicar a sede da Copa, e não só pelo andar das obras, mas pela sua qualidade, é o do pessoal do aterro, não o Grêmio.

Se alguém precisa de conchavos e concessões duvidosas - como se disse que o Odone fez, ao ser o primeiro a assinar o contrato do Brasileirão com a Globo - é a turma que desde 69 se instalou no lamaçal, não o nosso clube, que, ao menos desta vez, teve a diligência de viabilizar um projeto espetacular de engenharia física e financeira. Que a competência seja premiada.

Absurda e injustificável o que se passa, neste caso também. Parece mais uma daquelas situações que só acontece com o Grêmio - para as quais a maioria dos gremistas fica resignada e conformada, como se natural fosse. Só que, aqui, estamos sendo roubados, também, à luz do dia, e as repercussões não deixarão de acontecer no futebol.

Pode-se achar que isto não é decisivo, nem prioritário, nem importante. Sobretudo pelo significado que isto abrange, penso o contrário. De qualquer modo, o que se criou foi uma inversão esdrúxula e injusta de méritos, mais uma vez contra nós, recoberto pelo silêncio geral da conivência com o jogo sujo.

Acho que a atitude deve ser inteiramente outra. Não devemos ter vergonha de reivindicar o que é de direito. Nada perderemos se mais este absurdo se consumar, ao contrário.

Por fim, gostaria bastante se o Blog reacendesse o assunto nos próximos dias.

Sds.
O assunto já está reaceso, Felipe.