15 de maio de 2009

Um "grande" timinho



Esta história poderia também se chamar "Crônica de um morte anunciada".

Alguns anos atrás, reuniram-se alguns califas para estudar a formação de um grande time. Tinham em mãos livros, apostilas e recortes de jornais e revistas que diziam que um grande time deveria ter uma espinha dorsal forte. Um grande goleiro. Um volante de contenção de categoria. Um médio volante de grande qualidade. Um centro-avante matador. Este seria um grande time diziam os jornais, livros e comentaristas que conheciam futebol.

Mas havia um problema: ninguém de mediana qualidade queria jogar no time dos califas. Tinha fama de perdedor e mau pagador de salários. Um ano antes haviam contratado um jogador muito ruim chamado Danei. Pois ele chegou no aeroporto da cidade dos califas e logo fez uma frase solene:

Quero ver se jogo bem aqui para ser contratado por um grande clube.

Era doloroso tudo aquilo. Enquanto isto, o rival dos califas empilhava títulos. E eles abriam o cofre e não encontravam nem mosca. Nem teia de aranhas porque estas também haviam se mandado. Estavam num beco sem saída quando o califa Hernando Robalho, que este era o nome dele, falou que tinha a solução.

Besteira isto que time precisa de uma espinha dorsal boa. Jogador bom é caro e, pior de tudo, não quer jogar aqui. Melhor é contratar jornalistas e juízes. Os que são contratáveis são baratinhos e jogam muito mais do que craques. Conheço também uns donos de mercadinho que nos ajudam a comprar a mercadoria.

E assim foi feito. O goleiro era um frangueiro mas os gols importantes contra o timinho eram anulados. O volante era um carniceiro que não ia jamais expulso. O médio de apoio era um anão argentino. O atacante era um fracote que até jogava razoavelmente, quando deixavam.
Mas os jornalistas da folha... Estes jogavam demais. Não viam os "erros" dos juízes, elogiavam os "craques" como se galácticos fossem, escondiam que os cofres estavam raspados. Tratavam os donos de mercadinhos como grandes torcedores que faziam tudo por paixão.

Tudo ia muito bem até que o timinho encontrou com uma turma mais forte. Uma turma que não estava envolvida com grandes campeonatos continentais e não tinha treinadores medrosos. Aí o "grande time" caiu na real. Só contava com a sorte para sobreviver precariamente. Tinham que recorrer cada vez mais à bondade dos "investidores" para segurar o anão argentino e os outros "craques". Ficava cada vez mais difícil para os contratados da imprensa falar baboseiras porque estes sabiam que ninguém é cego e, todos sabem, ratazanas sempre saem do barco logo que ameaça afundar.

Moral da história: Esta é uma história sem moral, mas sobre imoralidades. Cada um conclui como quiser.