29 de setembro de 2011

Mário ... qual Mário?


Um belo amigo meu cocôlorado fanático e doente que frequenta o blog me cobrou:

- Não vai falar do Mário, o fujão beicinho?

Eu respondi que ia sim. Que não havia falado antes porque havia assuntos mais importantes e urgentes na fila. E também porque eu preferia ficar olhando tudo antes de chutar o balde. A hora chegou.

Mário foi para a festa depois de fazer grande partida no domingo e aproveitando a folga para gastar o tanto ainda que havia sobrado de energia que tem todo o atleta de 20 anos. Perdeu o vôo por conta disto e não só por isto. Fosse isto importante de verdade para ele e teria saído do bar direto para o aeroporto.
Perdeu o vôo porque a seleção não é a principal coisa da vida dele. As razões para isto podem ser qualquer uma das que foram especuladas à exaustão por pessoas sérias, pouco sérias e também pelos canalhas de plantão. Não interessa a razão. Interessa a atitude. E aí, chupim que sou, transcrevo quase totalmente o comentário do Felipe no post abaixo (espero que não passe a cobrar pelos comentários).
E o Mário mostrou que é um sujeito anti-social. Não aceitou ser objeto passivo da seleta sociedade que transforma jovens em mercadoria e demarcou que, simplesmente, o valor que conta é o da sua qualidade como jogador e pessoa.

O Mário perdeu, então, boas companhias. Deu um prejuízo de alguns milhões de dólares ao seu empresários e a outros que vivem de sugar o talento alheio, como cartolas e marketeiros de jogadores que se travestem de jornalistas. Não gostou da idéia de viajar só para ficar hospedado num hotel, recebendo dirigentes de clubes estrangeiros e empresários. Não se deslumbrou com os acenos à noite Milão; como bom caipira do grande ABC, a noite de POA, com os jovens amigos, é que vale à pena.
O Mário não é normal, mas não é louco. A normalidade é um padrão, que ele recusou. O normal, neste mundo, é ser um dentuço pilantra, que se move só pela ética do dinheiro como valor absoluto. Se tivesse aderido a esta seleta sociedade, poderia fazer o que quisesse que seria absolvido. Por exemplo, assassinar pessoas, não ser julgado e virar comentarista de futebol; ou bater na namorada e posar armado ao lado de traficantes; ou, quem sabe, até matar a amante e ir jogar.
É isto que está incomodando o entorno empresarial da bola (técnicos, jornaleiros, cartolas e agentes PHIPHA). Isto e, é claro, o fato indesculpável, para eles, dele ser jogador do Grêmio. Logo do Grêmio, este clube indócil e peleador com alma castelhana. Este clube e esta torcida que odeia seleção e que torce para que nenhum de seus ídolos seja convocado. Como ousam desafiar o "orgulho nacional" desta forma?
Vai que a moda pegue. Vai que outros Mários resolvam mostram que preferem ser humanos a serem apenas mercadoria. Isto seria um desastre. Trucide-se o infiel então.

Então, no meio disto, trago uma frase do Felipe de novo.
De se esperar que possa, com o mesmo destemor, suportar a pressão. E que o Grêmio lhe dê o apoio que merece.
E ficamos nós com a nova piada da praça. Perguntemos ao manos, aos merchands neves, aos isentos e baratos, aos homens da cbf a qualquer um que apareça na nossa frente:

Viste o Mário?

Deixem que perguntem qual Mário.