3 de abril de 2012

Airton, o "Pavilhão"

No dia 03/11/2007, publicamos o post abaixo, na Calçada da Fama do blog. Reproduzimos, como uma homenagem ao inigualável zagueiro Airton Ferreira da Silva, que nos deixou na data de hoje.
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Ficha

Nome: Aírton Ferreira da Silva
Nascimento: 31 de outubro de 1934, Porto Alegre (RS)
Período no clube: 1954 a 1967
Posição: Zagueiro
Data da homenagem: 21/09/1996

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Títulos

1956 a 1960 – Pentacampeão da Cidade e do Estado
1962 a 1967 – Hexacampeão do Estado
1962 – Campeão do Troféu Atenas, Campeão do Troféu Salônica
1962 – Campeão Sul-Brasileiro Invicto
1964 – Campeão da Cidade
1965 – Campeão da Cidade

Na Seleção Brasileira:
1956 – Campeão Pan-Americano
1960 – Vice-Campeão Pan-Americano
1964 – Vice Campeão da Taça das Nações

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Aos 13 anos de idade, jogando na ponta-direita do Força e Luz, um menino esguio, filho de um sapateiro, chamava atenção pela técnica apurada. Aos 20 anos, com um 1,87 metros e porte físico avantajado, se transformara em center-half, o nome como eram conhecidos os volantes antigamente. Suas atuações exuberantes chamavam a atenção de quem o via atuar.

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Segundo se conta...
Era uma vez em Porto Alegre, um center-half de 20 anos que se preparava para entrar em um cinema, acompanhado da namorada, no mês de junho. Talvez enquanto a moça escolhia balas para degustar durante o filme, seu namorado foi abordado por 2 emissários do Grêmio. A proposta era excepcional: além de um bom salário, incluía um automóvel. Nenhum jogador de futebol que atuava no RS possuía carro naquela época.

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Segundo também se conta...
Era uma vez 1954, ano de inauguração do Olímpico Monumental. O Estádio da Baixada, antiga casa tricolor, localizado onde hoje é o Parque Moinhos de Vento, havia sido desmanchado. As tábuas da arquibancada estavam disponíveis. Na negociação com o Força e Luz, além de um valor em dinheiro, foi entregue aquele lote de madeira. Este fato valeu ao jogador contratado o apelido de Aírton “Pavilhão”.

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No Grêmio, o técnico Oswaldo Rolla, passou a escalá-lo na zaga central, ao lado de Ênio Rodrigues (também oriundo do Força e Luz). Foi uma zaga que marcou época. Marcador implacável, impunha-se também no cabeceio, mas principalmente pela técnica refinadíssima, com a qual defendia a cidadela tricolor. Sua marca registrada era o “passe de letra”ou “de charles”. Aírton carregava a bola para perto da bandeirinha de escanteio, arrastando com ele os atacantes adversários. Lá chegando, subitamente posicionava a bola do lado de fora do pé esquerdo e a impulsionava com o peito do pé direito para as mãos do goleiro ou para outro companheiro de equipe, para deleite da torcida e espanto dos atacantes que pensavam tê-lo encurralado.

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Dizem que um passe de letra, num treino da seleção brasileira, lhe custou a convocação para a Copa de 62, disputada no Chile. Aymoré Moreira, o técnico, não gostou de ver um zagueiro fazendo aquilo e o excluiu do grupo. Aírton deve ter adorado, porque...

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Avesso a aviões, ele não acompanhava a delegação gremista em viagens aéreas curtas. Quando o Grêmio atuava no interior do RS, em Santa Catarina ou no Paraná, enquanto a delegação voava, ele seguia de ônibus ou de carro. Seu pânico por aviões era imenso. Na vitoriosa excursão gremista à Europa (1961), Aírton alegou problemas médicos e pediu dispensa. A Direção não lhe deu ouvidos e ele estava no grupo que brilhou nos gramados do Velho Continente.

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Após marcar Pelé com maestria, Aírton foi jogar no Santos (1960). Sem oportunidade para mostrar seu futebol (o Santos tinha Mauro Ramos), preferiu retornar ao Grêmio, sagrando-se Hexacampeão Gaúcho (1962-1967). Há quem diga que o verdadeiro motivo foi outro: aquele Santos de Pelé viajava demais. E, quase sempre, de avião.

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Durante 13 anos, Aírton “Pavilhão” foi o principal jogador do Grêmio. Foi o melhor zagueiro gaúcho de todos os tempos e um dos melhores do mundo. O "zagueiro que driblava" marcou 120 gols na carreira.

Em 1967, com 33 anos, tendo vencido 12 campeonatos gaúchos em 13 disputados (marca nunca igualada), com uma distensão na virilha que limitava seus movimentos, Aírton despediu-se do Grêmio, indo atuar no Esporte Clube Cruzeiro de Porto Alegre. Posteriormente, foi convidado para ser técnico e zagueiro no Cruz Alta, onde se aposentou em 1971.

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Em pé: Orlando, Ênio Rodrigues, Ortunho, Arlindo, Élton e Aírton.
Agachados: Marino, Gessi, Juarez, Milton Kuelle e Vieira.

Na memória tricolor, porém, Aírton Ferreira da Silva nunca parou. No dia 04/08/2004, nos exatos 50 anos da estréia com a jaqueta imortal, Airton foi homenageado pelo Grêmio. Antes de jogo contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro, o "Pavilhão" foi recebido no gramado do Olímpico, onde Luiz Felipe Scolari lhe entregou uma placa alusiva à data e uma camisa número 3 do Grêmio, com seu nome gravado. A torcida aplaudiu de pé o gênio da bola e gritou seu nome em coro, como se tivesse acabado de assistir um gol de letra.

Muito obrigado Airton “Pavilhão” Ferreira da Silva.

Comentários (19)

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Obrigado por tudo Aírton, num mundo cada vez mais repleto de "inhos" você representou o que de melhor e mais emblemático significa ser gremista, não importa o valor que lhe denotam, mas " àquele que a vida eterniza, parece que por uma certa ironia do destino, num momento onde careçemos tanto de ídolos, perdemos um dos maiores, que sua presença entre os eternos fortaleça ainda mais nossa IMORTALIDADE, sirvam nossas façanhas de modelo à toda terra. Siga na luz, Pavilhão.
Foi o maior zagueiro que eu vi jogar. Sem pontapés, nem cotoveladas, só na técnica, foi fantástico. Eu lamento muito a sua viagem. Infelizmente, o futebol ficou mais pobre hoje.
Linda homenagem.
Merecida homenagem.

Alguém sabe se já foi escolhido o espaço da Arena que receberá o nome desse ícone do futebol gaúcho?

P.S: Por que o Grêmio parou de apostar em jovens zagueiros do interior gaúcho? Talvez o diferencial para dar certo na posição seja um pouco mais de gremismo. É o que mais falta para o time atual.
1 resposta · ativo 677 semanas atrás
falou tudo e mais um pouco, pergunta pro odono, e pro pelaipe, esses sim são ''genios'' afinal de contas no rio grande do sul so tem zagueiro ruim, bom mesmo deve ser um zagueiro que vem la do maranhão jogava na reserva do ceara e passa a bola pro adversario no meio campo, eee diretoriazinha [***]
Um homem que aprendeu a AMAR o GRÊMIO...
Talento + Gremismo. Que falta faz um zagueiro desses nos ultimos Grêmios. Que ilumine os jogadores Tricolores lá de cima, que se não tenham talento, que façam ter Gremismo na veia.
O grande pavilhão fechou os olhos.Na mesma semana em que o GRÊMIO escala Werley contundido na zaga,pela absoluta falta,acreditem,de alguém melhor. Que tudo melhore em breve!
2 respostas · ativo 677 semanas atrás
bah mas ate homenagem postuma vira corneta.
Vá em paz grande zagueiro e grande homem e que esse time bicha de hoje não tenha tirado o seu amor e orgulho pelo Grêmio.
Existe algum vídeo do Airton pra mostrar pra esse bando de bundas moles que fazem parte da defesa do Grêmio atualmente. Não sei se existe algum trapo com o seu rosto na geral, mas se não tiver, a homenagem seria justíssima.
Descanse em Paz ao MAIOR ZAGUEIRO QUE O RS JÁ VIU JOGAR!

AIRTON FERREIRA DA SILVA.

ESSE TIME AI NA FOTO ERA UM CANO....SÓ NÃO GANHOU UM TORNEIO ROBERTO GOMES PEDROSA PQ ERA ROUBADO, LITERALMENTE, PELOS TIMES DE SÃO PAULO.
não o vi jogar, sou bem mais novo, mas certeza que era um zagueiro digno de copa do mundo, uma pessoa não é tão querida so por se identificar com o time e pelo que ja li a respeito era um zagueiro diferenciado pelo seu estilo tecnico e de drible ( não iguais ao desses de hoje em dia que driblam sem objetividade ). não entendam como corneta por favor, mas airton faleceu em uma epoca em que temos werley e vilson na zaga, oque ele vivo diria disso? oque grandes zagueiros do gremio vivos ate hoje estão dizendo disso? amigos o gremio é o unico time no brasil que de 5 zagueiros não tem 1 zagueiro confiavel, não acho o gilberto silva muito confiavel mas atualmente é o unico que realmente ta mostrando o minimo de qualidade. como disse um amigo acima: porque o gremio não volta a investir nos zagueiros gauchos? sera que o rio grande do sul não produz mais zagueiros? como uma terra com tantos grandes zagueiros simplesmente hoje pode deixar de produzir grandes zagueiros? infelizmente nossa diretoria mediocre de odono e pelaipe não veem algo que esta na cara deles com uma luz de farol de neblina. li hoje uma coisa que um gremista disse que ate me fez pensar e me deixar ao mesmo tempo feliz e triste, ele disse: ''Agora a defesa está completa: Eurico Lara; Ortunho, Airton Pavilhão, Calvet e Everaldo.'' la em cima realmente nos estamos bem ne, pelo menos la temos zagueiros que podem vestir a camisa do gremio como uma segunda pele e que podem ser chamados de zagueiros. airton, vc como bom imortal aonde quer que esteja nos ajude, da uma mãozinha de qualidade ao werley e ao vilson, so assim pra gente poder confiar em werley e vilson como zagueiros
Caros gremistas,

Nosso blog promove a seção "Análise de Elenco" para destrinchar as 20 equipes do Brasileirão-12.

Tiramos as informações do site oficial e pautamos nossa análise sobre convicções pessoais, projeção da equipe no cenário atual, histórico dos atletas, etc.

Hoje a bola da vez foi o Grêmio.

Gostaríamos de convidar a todos para prestigiarem nosso post e deixarem sua opinião.

Seu registro é muito importante para nós.

Abraços.
Gabriel Casaqui http://obotecoesportivo.blogspot.com.br/2012/04/a...
@botecoesportivo
Pouco tempo atrás um amigo meu, um senhor colorado beirando os 70 anos, me contou que encontrou o Airton na clínica onde ambos faziam exames, e ele perguntou ao Pavilhão se ele tinha conseguido ganhar dinheiro como jogador, pois tinha jogado até no Santos do Pelé. Ele respondeu que ganhou o suficiente para ter uma vida com relativo conforto, sem passar necessidade. Não satisfeito, meu amigo quis saber se ele nunca teve proposta do Internacional, ao que ele respondeu que em meados dos anos 60 dirigentes colorados ofereceram em torno de 2 milhões de cruzeiros (não sei quanto seria hoje, mas segundo ele, era uma fortuna na época), mas ele recusou a proposta. Esse meu amigo, um senhor rico e extremamente apegado ao dinheiro, se desesperou e perguntou se ele era louco de recusar um dinheiro desses, ao que o Airton respondeu: "Louco acho que eu não era, eu recusei porque eu era e sou gremista!"
O mais triste é saber que o Aírton, com quase 80 anos, certamente jogava mais do que Douglas Grolli, Naldo, Vilson e essas outras nabas que o Grêmio contratou esse ano.
Não o vi jogar, mas há uns 15 anos o conheci em sua casa, pertinho do Olímpico, já com problemas de saúde.
Tinham que ver a coleção de camisetas, fotos antigas, medalhas e troféus do Grêmio e da seleção.
Ele mostrava com orgulho.

Vale uma homenagem na Arena. Quem sabe dar nome a um "pavilhão" do estádio?
o goleiro da foto não é Arlindo, e sim Henrique...........

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