Foi um ano difícil no futebol e na vida.
No futebol as decepções pareciam nos levar para outro ano sem conquistas.
Na vida a desmoralização dos políticos e o desemprego tiraram a paz, a alegria e a esperança de muita gente.
Se na vida ainda há muito o que fazer para que possamos ter esperança e alegria de viver em um país em paz e com justiça, no futebol o ano acabou glorioso.
O Grêmio se tornou o Rei de Copas com uma trajetória incontestável. Na única turbulência, exatamente na troca de comando, Marcelo Grohe salvou.
Depois foram partidas exuberantes e administrações de resultado com maestria e segurança absolutas.
Nem preciso falar do bônus aquele que veio para completar a festa.
O blog, como todos, teve seus altos e baixos. Talvez mais baixos do que altos, isto vocês decidem. Culminou com problemas na área de comentários que iremos resolver de uma forma ou de outra.
Por tudo isto, o blog agradece a confiança e a fidelidade e se desculpando por eventuais tropeços, convida a todos os leitores para que entrem em 2017 com esperança redobrada. No clube e na vida. Que tenhamos todos um grande ano de 2017.Pleno de realizações e com toda a paz, felicidade e sucesso que todos merecem.
No vídeo abaixo você entenderá a polêmica surgida nos últimos dias sobre o surgimento da sigla "ivi" - imprensa vermelha isenta. É importante deixar bem claro a história verdadeira em respeito aos nossos leitores e à torcida gremista.
O blog deseja um feliz 2017 a todaa nação tricolor!!!!
Um post muito oportuno que pensamos ser importante publicar aqui também. Afinal, nestes tempos em que vivemos aposta-se muito na repetição de uma mentira para cultivar a fazer florescer uma suposta verdade.
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Coluna do Carlos Josias: Diretor Jurídico do Grêmio 93/98, Conselheiro 94/2010 e Vice-Presidente 2005/07
Entre o Hino de Lupi e a Estrela de Everaldo, no pavilhão maior do clube, há Ortunho – apelido que cunhou por aparência física com jogador Uruguaio Campeão do Mundo em 1950, de mesmo nome – lateral esquerdo vigoroso e vitorioso.
O Negro Ortunho. Para Negro não servia, era Negrão. A figura dele exigia o aumentativo. Forte e imponente, chegava a assustar pela imposição física e no campo era uma fera a proteger a bola.
Fora do campo, uma moça, como se dizia de quem era doce e humanitário no procedimento.
Ortunho começou no Nacional de Porto Alegre e logo a seguir foi para o Força e Luz, de longa história no futebol da cidade. Dali para o Vasco venceu dois títulos estaduais e voltou para se consagrar no tricolor, ganhar o coração da torcida e deixar sua marca na Calçada da Fama.
Campeão Gaúcho de 1959, 1960, 1962, 1963, 1964, 1965, depois de ser bi Estadual no Rio, também faturou o citadino – importante na ocasião – em 1959 e 1960, ainda sobrou para vencer um Pan-Americano em 1956. Vestiu a camiseta amarela da Seleção Canarinho – 1956 e 1960.
Ortunho faleceu em 22 de novembro de 2004 e deixou saudades, reverência e admiração eternamente para o torcedor gremista e muitas histórias, entre elas heroico Grenal em que se feriu na cabeça, e, sangrando abundantemente retornou ao gramado com uma faixa branca na cabeça – vide foto.
Agora prestem a atenção na foto. Ortunho com a faixa na cabeça. Um negro carregado nos ombros, levantado à glória, por um monte de brancos, e isto na década de 60, onde, por suposto, o racismo era muito mais presente do que hoje, e mais forte, afinal o Brasil foi um país escravocrata. Negro, Ortunho era ídolo do clube e tinha o amor e a paixão da torcida que o reverenciava.
Quem já viu uma foto deste tipo ainda mais numa década de 60. Um negro carregado como herói sob os ombros de vários brancos. Quem viu e quem pode mostrar algo parecido? Alguma comunidade brasileira possui isto? Algum clube de futebol? Talvez. O Grêmio tem. Não há talvez para isto no clube tricolor.
Uma mentira muitas vezes repetida vira verdade, era o lema da propaganda nazista. Durante anos repetiram que o Grêmio era um clube racista e teve muito ignorante – desconhecimento - que acreditou. Pior é saber que em pleno 2016 ainda tem canalha que divulga isto e ignorantes para acreditar.
Durante anos omitiram que o primeiro negro no time foi Antunes lá em 1911. Com hino de um negro, com uma estrela no pavilhão maior em homenagem a um negro, e com um negro levantado por brancos em homenagem gloriosa, o Grêmio talvez seja o time mais negro do Brasil.
A cena da foto com Ortunho é a cara do Grêmio, O Dono do Brasil.
Só para avisá-los: o criador deste blog, Arigatô (Odorico Roman) foi convidado pelo presidente Romildo Bolzan e aceitou assumir o cargo de vice-presidente de Futebol do Grêmio!!!!´
Desejamos muito sucesso e felicidades ao nosso Arigatô.
O sucesso dele será o de toda a nação gremista.
Temos certeza de sua competência e capacidade para ocupar tão importante função.
Avante!!!!!!!!
Temos muitas competições pela frente.
Que venha 2017!!!!
Está difícil voltar a se acostumar com esse formato blogger antiquado que o blog está sendo obrigado a seguir. Não sabemos o que aconteceu que fez desaparecer a página de comentários anteriormente utilizada. Espero que consigamos recuperar o mais rápido possível. Perdeu a graça a não interação entre os leitores, o que era um ótimo tempero deste blog. Soube até de gente que está morrendo de saudades do azedume do seu Algoz.
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Barcos
Barcos não interessa ao Grêmio. A direção está atrás de nomes novos para reforçar esse grupo campeão da Copa do Brasil. Não creio que o estilo de jogo de Hernán Barcos se encaixe no perfil de time que os homens do futebol estão construindo para as várias competições que teremos pela frente no próximo ano. Estamos em outro momento. Nada contra o profissional Barcos, mas o momento dele no Imortal Tricolor já passou. É muito difícil um profissional que não tenha conquistado títulos por um clube voltar como solução para algo que nunca conseguiu alcançar. Tudo isso, sem falar no seu salário altíssimo que gira em torno de 500 mil mensais. Essa época de gastança desenfreada com nomes que pouco acrescentam já passou. Trazer alguém que não fará muita diferença e ainda a um preço altíssimo, não tem justificativa. Respeito o desejo de jogador em querer voltar para o Grêmio (quem não gostaria de trabalhar nesse clube?). Mas, não será desta vez.
Quem sabe um dia...
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Premiação
A notícia que mais me impressionou nos últimos dias foi a da premiação que o clube campeão da Copa do Brasil terá a partir de 2018. O felizardo competente verá pingar em seu cofre pelo menos a quantia de R$ 50 milhões. Sem dúvida, é muito dinheiro. Isso tornará a competição ainda mais atraente e significativa. É um valor para ninguém botar defeito. Assim, a CBF divulgou que o novo acordo contratual que irá vigorar a partir de 2018 envolverá um valor três vezes maior do que em 2016.
A venda dos direitos exclusivos para a TV Globo, SporTV e GloboEsporte.com durante cinco temporadas, injetará na competição mais de R$ 300 milhões.
O prêmio ficará assim dividido:
Somando as cotas de cada fase da competição mais os R$ 4 milhões da semi final, o vencedor poderá embolsar no total R$ 68,7 milhões. Estou até estranhando. Nem parece futebol praticado no Brasil.
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Renato é uma personalidade.
Renato é rico.
Renato sabe viver a vida.
Estes são fatos. Não são opiniões.
Um sujeito de personalidade, rico e que sabe viver a vida é diferente de um cara que é pobre. Ou de um cara que pensa que vida é apenas trabalho. Mais ainda é diverso de um sujeito que precisa ralar para por o pão nosso de cada dia na frente da mulher (ou marido) e filhos todo santo dia.
Outro dia Renato deu uma entrevista para o tudólogo. Ele disse assim ó: "eu gosto de praia e de chopp. De que adianta eu trabalhar o tempo todo, acumular um monte de dinheiro e chegar aos oitenta anos rico e sem ter aproveitado a vida?"
Vocês viram? Renato, além de ter personalidade, ser rico e saber viver a vida é inteligente. Aliás, ele é muito inteligente.
Pois Renato treinou o Grêmio em 2013, treinou o Fluminense em parte de 2014 e depois ficou vivendo a vida. Certamente não foi por falta de convites.
Mas foi ele desembarcar em Porto Alegre que começou o mimimi e os ataques.
"Ai Renato não é treinador."
"Ui! Renato é desatualizado."
"Treinador é quem faz estágio na Europa."
"Bla-bla-bla!"
Renato ficou quieto na dele.
Pegou um time desacreditado e totalmente sem confiança (lembram das entrevistas do Geromel, do Edilson e de outros após os últimos jogos da era Roger?) e começou a trabalhar quieto. Quieto e com eficiência. E o resultado foi o que todos sabem.
Mas Renato é um sujeito de personalidade, eu já disse. E certamente tem brios. E sabe que não há nada como um dia após o outro. E aproveitou para dar o troco.
Questionado sobre como havia chegado ao título após ficar quase dois anos jogando futevôlei e tomando umas cevas na praia disse uma verdade:
"Quem sabe, quem conhece futebol não precisa estudar na Europa."
Vou repetir o que ele disse:
"Quem sabe, quem conhece futebol não precisa estudar na Europa."
Simples, óbvio, ululante. E verdadeiro. A prova? Ele ganhou com sobras a Copa do Brasil sem ter o melhor ou o mais caro elenco nas mãos. Ninguém, em nenhum momento pode questionar a justeza da vitória. Não houve um único lance duvidoso marcado à favor do Grêmio que pudesse ser reclamado. Nada. E eliminamos os dois times considerados os melhores do Brasil. Isto também é fato.
Agora vou escrever o que a maioria quase unânime dos jornalistas ouviu, entendeu ou quis ter ouvido:
"Quem sabe, quem conhece futebol não deve precisa estudar na Europa, porque quem estuda na Europa é um retardado e só vai para lá desaprender. Ninguém, jamais, em hipótese alguma deve ir para a Europa estudar."
Pois passados 11 dias da declaração do Renato, continua o mimimi.
"Renato jamais deveria desmoralizar quem foi estudar na Europa."
"Renato presta um desserviço ao país ao dizer que quem vai para a Europa estudar está errado."
"Renato, bla-bla-bla..."
Mas onde foi que o Renato falou isto? Ele apenas disse que quem sabe não precisa ir para a Europa estudar. Alguns podem concordar e outros discordar. Mas nenhum profissional do jornalismo tem o direito de não entender o que ele disse com toda a clareza.
A não ser, é claro, que seja um analfabeto funcional, um recalcado, um idiota ou tudo junto incluído. Estes tudo podem e devemos perdoá-los.
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Série B
Acho que a direção do Grêmio cometeu um grave erro neste 2016. Explico. Montou um time e contratou profissionais que fizeram o clube crescer, se estabilizar nas dívidas e de quebra ganhou uma Copa do Brasil que leva a mais uma Libertadores da América. Não pode. Romildo e seus vices devem sem impichados para o bem do clube no futuro.
Pelo menos é isto que estou concluindo ao ler, ver e ouvir os sagazes rapazes da imprensa esportiva gaúcha. Afinal, o que estão fazendo de festa para o fato do cocô-irmão ter ido para a série B é espantoso. Todos grandes jogadores do mundo querem vir para o remendão pataxó. O número de sócios está aumentando exponencialmente. As receitas vão dobrar. O mundo está de olho neste clube espetacular que está causando uma revolução na forma de ver o futebol.
E o burro do Romildo e sua direção não menos idiota pensando que o bom é ser campeão dos campeonatos que disputa. Que o certo é gastar o que pode e pagar as dívidas que tem.
Que é isto?
Mirem-se no cocô-irmão. Este sim está fazendo o que deve ser feito. Se cair para a Série C, certo que chegará a 300 mil sócios e atrairão o desejo até do Messi. Quando chegarem na D, então, 500 mil sócios será a menor das projeções. A mais pessimista.
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Comentários
Por alguma razão que não sabemos ainda houve uma série de problemas com os comentários via intense debate a ponto de termos de desinstalar o programa. Momentaneamente estamos usando o próprio comentário do blogger que, alô Google!, é uma bosta.
Assim que for possível tentaremos reinstalar o intense debate ou usar outro software de comentário.
Pedimos desculpas pelo inconveniente, mas creiam, estamos mais chateados do que vocês.
Uma história inteira de participação dos leitores pode ter sido perdida.
Sempre que um time é campeão de uma competição temos um protagonista da conquista. Se não sempre, pelo menos na maioria das vezes. Grêmio já teve Renato, Baltazar, Aílton, Jardel, Marcelinho Paraíba, entre outros. O protagonista pode ser o jogador que decidiu o campeonato inteiro, o que fez o gol do título ou o que a torcida abraçou simplesmente por "gostar".
Pensando sobre isso em relação a conquista da Copa do Brasil, conversei com alguns amigos gremistas e fizemos uma retrospectiva do Penta.
No primeiro jogo das oitavas de final Miller foi o jogador que nos deu a vantagem para o jogo de volta. Ganhamos do Atlético-PR por 1 a 0 na Arena da Baixada com gol dele. No jogo da volta, Marcelo Grohe foi de vilão a herói ao falhar bizonhamente no gol de André Lima e depois defender 3 cobranças de pênaltis, inclusive a cobrança de Weverton que daria a classificação ao clube paranaense.
Nas quartas de final, Ramiro fez aquele golaço contra o Palmeiras que certamente está entre os gols mais bonitos (e talvez improváveis) do ano no mundo inteiro. O segundo gol na Arena for marcado por Pedro Rocha. E no jogo da volta, em São Paulo, Éverton fez - por mérito apenas dele - a jogada em que marcou o gol de empate (foi pra cima do marcador, driblou e chutou).
Já nas semifinais Luan marcou um golaço, em uma linda jogada na ponta direita da área do Cruzeiro, e Douglas fechou o placar de 2x0 com um belo chute rasteiro no gol do Victor.
E finalmente nas finais, Pedro Rocha, que já tinha marcado 1 gol contra o Palmeiras, fez 2 belos gols no Mineirão lotado - mas acabou sendo expulso. Éverton, que também tinha marcado um belo gol contra o Palmeiras, aumentou nossa vantagem marcando o terceiro gol contra o Atlético-MG. E por fim, Miller Bolanos, que já havia marcado contra o Atlético-PR fez o gol que fez a Arena explodir, no segundo jogo da final, pouco antes de gritarmos CAMPEÃO.
Eu ainda posso falar de outro jogadores, como Geromel que além de toda classe e qualidade na zaga (melhor do Brasil), ainda teve uma arrancada para cruzamento que resultou no terceiro gol contra o Galo no Mineirão. Douglas que além de gol também deu lindos passes fazendo jus ao apelido de Maestro. Kannemann que como um cachorro louco não só resgatou a "maldade" Tricolor como colocou nomes como Ábila, Lucas Pratto e Robinho no bolso. Maicon que como um capitão de verdade rangeu os dentes como um louco atrás da taça, participando inclusive de gols decisivos.
No final, nem eu e nem as pessoas com que conversei chegamos a uma unanimidade em relação ao protagonista do Penta.
Mas e pra ti, quem foi o protagonista?
Ah, eu falo de atleta, não de treinador. Pra dificultar, não vale o Renato. ;)
Nota do blog: Como devem ter notado desde domingo a área de comentários do blog ficou diferente. Hoje simplesmente desapareceu a opção para comentários. Estamos tentando resolver mas até agora nada. Pode ser um bug do site. Ou não. Será reflexo da eliminação deles? Estamos tentando resolver o mais rápido possível porque sabemos o quanto é importante para vocês poderem utilizar a área de comentários.
Outra nota do blog: Temporariamente, ou não, mudamos os comentários para o aplicativo do Blogger.
Enfim, após 15 anos de espera, o Grêmio conquistou o título de expressão tão reclamado e esperado pelos milhões de gremistas que se espalham pelo globo terrestre. Torcedores azuis que vivem em todos os cantos como Estados Unidos, Japão, Austrália, Colômbia, Argentina, Inglaterra, França e dezenas de outros países. Aqui no blog todos sabem o quanto foi duro e sofrido esses últimos tempos. Quantas vezes, nesse período, o Grêmio QUASE chegou, QUASE foi campeão, QUASE fez feliz o seu torcedor , QUASE...?
Foram muitas vezes. Quando todos pensavam "agora vai", uma balde de água gelada caia nas nossas cabeças e voltávamos para a fila frustrados e indignados. Este blog é testemunha ocular do quanto os leitores torcedores tricolores lastimaram, reclamaram, xingaram, excomungaram tudo e todos. Ninguém escapou da crítica e mau humor (com razão). Nem o SAP. Os blogueiros, então, ouviram poucas e boas.
Mas...
Quando afirmávamos que o Grêmio era um clube que estava se reestruturando e modernizando através de um trabalho sério e competente, sabíamos do que estávamos falando. Também sempre dissemos que o trabalho exigia paciência porque os rumos precisavam ser corrigidos e que não seria uma tarefa fácil. O futebol brasileiro e gremista precisou se adaptar aos novos tempos. Novas estratégias, projetos, métodos, tecnologias tiveram que ser buscadas e implementadas. Uma das tarefas mais importantes que começou já na volta do presidente Fábio Koff, foi a reestruturação financeira do Clube. O futebol mudou. As pessoas que assumiram a direção junto com Koff, entenderam que era preciso mudar. Não era mais possível administrar o clube com amadorismo. Sabiam que contas em ordem e sob controle é relevante para alcançar resultados positivos. Acabou a era do oba-oba, da acumulação de dívidas, da irresponsabilidade. Os clubes que optaram por esse caminho, estão colhendo os resultados daquilo que plantaram.
Vocês são testemunhas de que escrevi muitas vezes aqui neste espaço de que o co-irmão estava com a finanças caóticas. Mas o que eu recebia como resposta de alguns era : vocês falam que estão falidos, mas só contratam medalhões, etc e tals.
E assim, gastavam a rodo enquanto contávamos os vinténs.
Era uma grande festa. Tudo era grandioso, maior e melhor que tudo e todos.
O tempo passou e ... a realidade bateu à porta sem dó.
Veio, tal qual um oficial de justiça, cobrar a conta.
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Arigatô
Equipe campeã: Dutra Júnior, Berdichevski, Arigatô, Preis e Hélio Dourado
Há quatro anos, o criador deste blog se despedia. Ele fora chamado para uma missão muito especial e importante. Uma das mais importantes de sua vida: trabalhar ao lado do grande Fábio Koff. Assim, Arigatô decidiu que deveria revelar-se aos leitores e contar o rumo que seguiria. É muito lindo e emocionante para o blog Imortal Tricolor saber que o seu criador fez parte dessa conquista. Ao mesmo tempo que acompanhava este blog e os anseios do torcedor, muito se dedicou ao clube nos últimos quatro anos. Com seu conhecimento, inteligência e perspicácia, ajudou muito na recondução do nosso clube ao topo. Lá pode conhecer a realidade e o dia a dia do Grêmio e colocar algumas das idéias de quem olha de fora como um simples torcedor. Junto com seus competentes colegas de direção, neste final de 2016 nos entregou um título há muito esperado. Nos últimos meses, esteve ao lado do vice-presidente de Futebol, Adalberto Preis, e do doutor Saul Berdichevski coordenando o vestiário. Os três fizeram um trabalho de excelência.
Por tudo isso, é preciso dizer. OBRIGADO, ARIGATÔ!!!!
(Abaixo a reprodução do seu post de despedida quatro anos atrás.)
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7 de setembro de 2012
Arigatô diz sayonara
Preâmbulo
Há mais de 7 anos atrás, no dia 14/08/2005, com o Grêmio disputando a segunda divisão, inaugurei este espaço, chamado então Blog do Grêmio (daí o endereço blogremio.blogspot.com). O objetivo era ajudar o nosso Grêmio a superar o momento de dificuldade, da forma que tinha disponível: incentivando a torcida a comparecer aos jogos e postando informações e análises sobre o time. Passado um tempo, meu irmão iniciou sua participação com o pseudônimo Perseu Algoz, depois alterado para seu Algoz. O episódio dos Aflitos nos fez trocar o nome do blog para Imortal Tricolor.
O tempo passou, nosso público cresceu e o blog tornou-se uma das referências da nossa torcida na internet. Como torcedores, xingamos dirigentes, técnicos e jogadores, que foram incapazes de aplacar a nossa fome de títulos. Também zoamos a imprensa isenta e o pessoal que habita o aterro. Mais recentemente, criamos a prática do post pós jogo, quase instantâneo. Centenas de torcedores aqui se acotovelam para ler os comentários que postamos tão logo as partidas do nosso Grêmio se encerram.
A identidade do pseudônimo Arigatô (inspirado na conquista do mundial, com uma leve provocação ao outro lado) é conhecida de muita gente. Nunca fiz segredo dela, tendo inclusive participado de lista institucional de blogueiros do Grêmio com o meu nome real, assinando em nome do blog. Aqui, alimentávamos o "segredo" como parte do folclore que se criou. Por mais de uma vez, fotos minhas ilustraram matérias, levando a legenda "um torcedor", como neste post, de 31/10/2011 (no qual fiz as vezes de cicerone de um jornalista escocês que desejava muito assistir ao histórico Grêmio 4 x 2 Flamengo), ou na recente foto com o inesquecível André Catimba.
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A roda do destino
Recentemente, fui surpreendido com um convite ao qual não consegui recusar. Absolutamente inesperado, teve como motivação alguns trabalhos realizados no nosso tricolor e um currículo composto ao longo da vida. Os detalhes do acontecido talvez sejam relatados no futuro, se julgar que há necessidade. As circunstâncias que se seguiram fizeram do convite uma convocação. O objetivo: buscar eleger um projeto que, caso seja escolhido pelos conselheiros e, posteriormente pelos associados, vai elevar o nosso Grêmio a outro patamar como clube de futebol.
Este blog nunca teve viés político e não pretendo fazer dele plataforma eleitoral. Como já disse acima, centenas de pessoas sabem quem é o Arigatô (e também o Gaguinho). Contudo, por uma questão de clareza absoluta, preciso explicitar ainda mais que Arigatô foi o pseudônimo escolhido por mim, Odorico Roman (ou @icoroman, no twitter) para escrever no Imortal Tricolor.
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O futuro
A caminhada será árdua e longa, embora no calendário o final do processo pareça estar logo ali. Eleições tendem a ser desgastantes. No Grêmio dos últimos anos, ainda mais. Espero ter sabedoria suficiente para defender com sucesso o projeto que conheci e abracei. Mais do que isso, espero ter também sensatez para atravessar os dias de debates sem ferir nenhum gremista, coisa que não desejo em hipótese alguma.
Deixo um grande abraço a todos os leitores que me deram a alegria de compartilhar este blog nos últimos sete anos. À Pitica e ao seu Algoz, um beijo, com a certeza de que seguirão conduzindo este espaço com a essência que esteve presente na sua gênese: paixão total e incondicional pelo Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.
Assim, queridos leitores, o Arigatô se cala (por dias ou por anos) e passa a palavra para mim, em outras frentes. Que eu saiba usá-la para construir um Grêmio maior, mais forte e mais unido.
Grêmio 0 x 1 Botafogo Primeiro tempo: 0 x 1 O Botafogo começou com fome e sede. Mas ele precisa porque não está garantido em nada para 2017. A novidade no time reserva era Miller na que ele gosta, de 10. Aos 16 minutos gol do Botafogo. Uma bonita virada da entrada da área. Enquanto isto o Palmeiras empatava. Kaio quase fez aos 31 minutos depois de grande passe de Miller. Da entrada da área bateu alto. Foi a primeira chance do Grêmio. Kaio devolveu o presente para Miller que na cara do goleiro chutou em cima dele. Um gol feito perdido aos 34 minutos.
Aos 43 minutos, o Fluminense, fazendo jus a sua fama, errou um pênalti contra os mazembados. Aos 45 minutos um lance bizarro. Negueba fez falta feia e dois jogadores do Botafogo se estapearam. Um foi amarelado e outro expulso. E terminou. ..... O Botafogo mostrou que é um time bem armado e contou com o desentrosamento do tricolor. Segundo tempo: 0 x 0 O primeiro grande lance do segundo tempo foi aos 2 minutos. Um GOLAÇO! Do SPORT. Arthur e Guilherme entraram no lugar de Kaio e Negueba respectivamente. Aos 23 minutos GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLLL! Do Fluminense! Gol de rebaixado, a bola bateu no zagueiro e desviou do goleiro. Aos 26 minutos o Bota bateu uma falta no travessão. Mas ninguém estava nem aí. Aos 30 minutos gol de Miller anulado por impedimento. Mas né? Enquanto o drama dos candidatos ao rebaixamento corria solto o Grêmio pressionava tentando o empate mas não conseguia marcar.
Aos 49 minutos acabou. NO RIO!
E logo acabou em Porto Alegre.
.....
Vitória merecida do Botafogo. Jogou melhor o primeiro tempo e soube manter o escore.
O Grêmio teve seu momento de êxtase na quarta e seria demais pedir que os reservas entrassem focados no jogo.
Como Jogaram
Leo:Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10
Wallace Oliveira: Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10
Thyere: Está se firmando como um reserva muito confiável.Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10
Kannemann: Com ele não tem jogo sem interesse. Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10
Iago: Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10
Jailson: Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10
Kaio: Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10
Negueba: Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10
Miller: Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10
Everton: Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10
Henrique Almeida: Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10
Arthur(Kaio): Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10 Guilherme (Negueba): Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10
James Freitas: Tem de descontar a festa de quarta, quinta e sexta. Nota 10
Arbitragem: Jailson Macedo de Freitas - é um dos poucos bons juízes no Brasil.
Atualizado as 23:00 com o vídeo dos bastidores do Penta.
Vidente?
Não. Videntes caem no ridículo com frequência.
Apenas mais uma vez consolando alguém descrente. Isto acontece desde o primeiro post deste blog, quando ainda era Blogremio.
Foi lá no distante 14 de agosto de 2005, quando o time penava na série B.
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Porto Alegre, 14 de agosto de 2005, Dia do Papai.
Aqui nasce o Blog do Grêmio, um blog dedicado ao time mais glorioso do Rio Grande do Sul e um dos mais gloriosos da América e do Mundo. Então, vamos deixar de cerimônia: se papai é o maior, o papai é o Grêmio.
O resto é "quaaaaaaaaase".
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O tempo passou e passou. Muita coisa aconteceu. E muita coisa deixou de acontecer. Tivemos a incrível Batalha dos Aflitos logo no primeiro ano. O blog mudou de nome. E depois apenas campeonatos gaúchos.
E pancadas. E impaciência. E mais pancadas. E desesperos. E ainda mais pancadas. E mais impaciência. Parecia que não haveria fim. Fui atrás do Ilgo Wink que havia entrevistado um vidente, aquele sim, com alto nível de acerto. Ele previu antes de morrer lá em 2006 as vitórias do cocô irmão e a longa travessia do Grêmio. Mas o Ilgo não lembrava mais. Investigou os e-mails e concluiu que seria este ano ou no próximo.
Mas não foi por isto que falei que seríamos campeões da Copa do Brasil. Falei porque sabia quem estava trabalhando lá e o que estava sendo feito. Falei porque acredito que todo trabalho sério dá resultado. E sabia que os resultados no Grêmio eram mera questão de tempo.
A equipe montada no vestiário não poderia ser melhor. O doutor Adalberto Preis, se dependesse de mim já teria sido presidente do Grêmio. Sempre fez grandes trabalhos no Imortal. E ele começou exigindo a vinda do Renato e do Espinosa. (E de quebra nos deu a Carol, mas isto é acessório.) E chamou o Dr. Saul Berdichevsky e o Ico, o nosso Arigatô, para completar o time. E manteve toda a equipe de preparadores, analistas de desempenhos, massagistas, médicos, etc. Manteve porque sabia que trabalham com força e vontade.
Esta equipe toda blindou o vestiário e mudou a mentalidade dos jogadores. Melhor dizendo, restabeleceu a mentalidade dos jogadores que estavam abalados pelo peso de anos de derrota. E, certamente, pela insanidade das críticas injustamente pesadas a cada tropeço, mesmo pequeno. O vestiário voltou a ter comando. E a autoconfiança voltou.
E os jogadores todos tem parcela importantíssima no título.
O título é do Marcelo T-Rex Grohe, que pegou pênaltis no momento mais dramático da trajetória.
O título é das duas avenidas Oliveira, que aguentaram no osso todas as vaias.
O título é do encrenqueiro e ultrapassado Edilson.
O título é do Geromel, zagueiro com nome de remédio que foi inventado por Rui Costa. E é também do argentino desconhecido que chegou sob corneta geral e agora é idolatrado por personificar a garra gremista.
O título é sim do "enfeitado" Walace. E é mais ainda do Capitão Desumano e Desconforto Maicon.
E é muito do Barriga de Cadela e do Anão de Jardim que "jamais deveria fardar no Grêmio". E como jogou bola este baixinho!
E é claro, do Soneca Luan, do Éverton e do pereba Pedro Rocha que também "jamais deveria fardar".
É também do Miller, o que não teve refresco da mídia e nem dos justinos mesmo estes sabendo que ele perdeu 7 quilos de massa muscular após sofrer a tentativa de assassinato.
E é de todos os demais jogadores, quase todos eles tão ruins que "jamais deveriam fardar".
Dos goleiros Bruno Grassi, Dida e Leo.
Dos zagueiros Fred, Rafael Thyere, Wallace Reis e Gabriel.
Dos laterais Iago, Lucas Lovat e Wesley.
Dos meias Tontini, Guilherme Amorim, Jailson, Kaio, Lincoln, Machado, Moisés e Arthur.
E dos atacantes Batista, Guilherme, Henrique Almeida, Negueba, Tilica e Ty Sandows.
Não dá para esquecer do pessoal da informática que soube buscar o Kannemann no SAP.
Também não podemos esquecer dos companheiros que haviam quebrado a capela do Olímpico e foram rezar na inauguração da capela da Arena um dia antes da final, pedindo desculpas para a santa.
E finalmente, o título é dos bravos rapazes e da gatinha da Grêmio Rádio Umbro que mostraram que é possível sim fazer jornalismo de qualidade e isento mesmo sendo torcedores.
Pensando bem, o título é de todos nós. A gente até deixa os justinos e os caras do MGI festejarem. Mas não abusem que estamos de olho.
E inteligente foi o seu Nésio, o sogro gremistão que me abastecia de camisetas do Grêmio e que ajudou a tornar o Lucas um gremista de fé. Depois de longos anos de enfermidade e do último ano de praticamente total inconsciência, resolveu partir na segunda-feira. Em tempo de se apresentar para o homem lá em cima e pegar uma cadeira Gold Oeste. Ele, o Geovani Klein e toda a gremistada que encontrou por lá. Lembrei dele no gol do Miller. E chorei. Por sorte as câmeras estavam logo atrás.
É bom ser campeão! Ser penta campeão então é demais!
Papai, ganhamos. Estou escrevendo antes do jogo este texto sem receio de dar azar para o nosso time, pois confio nos Imortais que jogarão.
Papai, ganhamos. Foram muitos anos, vendo você vidrado na frente da TV, se virando com seus compromissos para acomodar tempo porque “hoje tem jogo do Grêmio”.
Não cresci no Menino Deus, posso contar em uma mão as vezes que fui ao Olímpico e em um dedo as minhas visitas à Arena. Vivi muito do futebol através de você. Nunca entendia muito bem o fanatismo, apesar de sempre ter gostado de ouvir as histórias, mas sempre me considerei gremista.
Papai, ganhamos. Foi de uns anos para cá que comecei a entender o que move as pessoas para o esporte, me apaixonar pelas jogadas e aprender assim como você faz para aprender League of Legends, que eu adoro explicar para você.
Papai, ganhamos. Você narrou o último título nacional do Imortal e hoje comemorou como nunca essa vitória que é mais que merecida. O Vovô está em Porto Alegre, mas com certeza deve estar sentindo a mesma coisa.
Papai, ganhamos. Via os jogos esporadicamente, de canto de olho: “como está o Grêmio?”, perguntava para mostrar que você não estava assistindo sozinho. Sofria junto, mesmo de trás da tela do computador.
A última vez que lembro ter torcido como nunca foi na Batalha dos Aflitos. E que jogo!
Não entendia muito bem o que acontecia, mas via por você o que o Grêmio estava passando, sofria sem saber ao certo por quê, mas se você estava sofrendo era porque valia a pena.
Papai, ganhamos. Não peguei o Grêmio Copero, o Grêmio Campeão Mundial, o Grêmio de Tite, de Danrlei, de Ronaldinho Gaúcho, de Renato Gaúcho (jogador), de Yura, de Tarciso.
Peguei o Grêmio Vencedor da Série B do Campeonato Brasileiro, título que falo com orgulho.
Peguei o Grêmio de Anderson, de Galatto, de Mano Menezes, de Tcheco, de Kléber Gladiador, de Pará, de Barcos, de Victor, de Róger, de Marcelo Grohe, de Geromel, de Douglas, de Luan. Todos os que citei na segunda lista foram porque marcaram para mim os jogos do Grêmio, são os meus craques.
Papai, ganhamos. Novas amizades que fiz nessa minha fase da vida me ensinaram a amar ainda mais o esporte, me ensinaram o que é cadenciar o jogo, me ensinaram nomes de jogadores que eu nunca saberia sozinho, me ensinaram tudo e muito mais para que eu pudesse entender uma fração do que você sente ao ver o nosso Grêmio entrar em campo.
Papai, ganhamos. O Vovô tinha um grito de gol sem igual, um grito que você fez no gol de Marcelinho Paraíba, em 2001, um grito que eu fiz quando narrei o Brasil nas Olimpíadas, neste 2016. Um grito que passou por três gerações: o mesmo número de gols no “Gol Gol Gol” do Vovô.
Posso não ter narrado um jogo do Grêmio (ainda) ao fazer esse grito, mas ele foi uma homenagem que fiz para os dois Milton Jung que marcaram e marcam a minha vida.
“A certa altura ele sugeriu que todas as emoções e os
pensamentos humanos não provinham do coração, mas sim daquelas curvas moles e
amorfas que constituem o cérebro. Menciono essa afirmação ingênua apenas para
demonstrar como até mesmo um homem inteligente e culto pode cometer graves
erros.
Ninguém que já tenha examinado o coração, esse
poderoso órgão que pulsa com vida própria no centro do corpo, alimentado por
grandes rios de sangue e protegido pelas paliçadas de ossos, pode duvidar de
que seja ele a fonte da qual vertem todos os pensamentos e emoções.
O coração utiliza o sangue para disseminar essas
emoções pelo corpo. Você já sentiu seu coração agitar-se e acelerar diante de
uma música maravilhosa, um rosto encantador ou as belas palavras de um discurso
eloquente? E já sentiu alguma coisa saltar dentro de sua cabeça? Mesmo o sábio
oriental teve de capitular diante de minha estrita lógica. Nenhum homem
racional pode acreditar que uma massa exangue e leitosa, inerte e enovelada em
seu recipiente ósseo, possa gerar os versos de um poema ou o desenho de uma
pirâmide, possa fazer um homem amar ou empreender a guerra.”
Taita, o médico do faraó, na espetacular obra O
Último Deus do Nilo, de Wilbur Smith, explicando aos incautos que é o coração que comanda tudo, e não o cérebro.
O capitão Maicon ergueu a taça do pentacampeonato da Copa do Brasil na Arena. (Foto: Lucas Uebel)
Caros
O Grêmio é
pentacampeão. O maior campeão da história da Copa do Brasil. O Rei de Copas.
Ninguém venceu tanto. Mas, para chegar a esta conquista, o tricolor teve de
fazer uma escolha e uma renúncia. No ano passado, o presidente Romildo Bolzan trouxe
o técnico Roger, um iniciante na função com passado vencedor como jogador do
clube. E ele deu ao Grêmio algo que o clube precisava: cérebro. O Grêmio de
Roger sempre foi cerebral. Dava toques. Compunha funções. Montava táticas.
Deu muito
certo durante um tempo. O futebol cerebral, de toque de bola, fez jogos
memoráveis e deixou boquiaberta a crítica e até mesmo a torcida dos times
rivais. Era quase consenso que o modelo, uma versão tupiniquim do Barcelona,
deveria ser perseguido por todos como sinônimo de bom futebol. As conquistas
seriam líquidas e certas, apenas o fatal resultado de um futebol pragmático e
bem jogado.
Ah, mas o
futebol, ele é uma caixinha de surpresas! Os deuses do futebol são marotos.
Eles são levados pela paixão e é ela que move o esporte mais visceral do mundo.
O Grêmio tinha cérebro. Mas faltava coração. E o cérebro, sem coração, uma hora
acaba definhando. Ninguém aguenta passar a vida toda envolto apenas com as
coisas do cérebro. O coração precisa ter seu lugar também. E, quando o cérebro
estava dando sinais de estafa, o tricolor buscou o coração. E buscou no lugar
onde ele sempre esteve.
O Grêmio
trouxe Portaluppi. Renato não participa de seminários sobre futebol em
universidades. Renato não dá palestras sobre análise tática. Renato não vai
fazer estágio na Europa. Roger era cérebro. Portaluppi é coração. E, por ser
coração, teve a perspicápia de não desfazer-se daquilo que o cérebro já havia
produzido de bom. Mas deu seu toque pessoal na mistura. E o resultado de tudo
isso só podia ser um: a volta do campeão.
Renato é o coração do Grêmio. (Foto: Lucas Uebel)
Foi o coração que fez Grohe
passar de vilão a herói em uma improvável classificação nos pênaltis. Foi o
coração que Ramiro usou para pegar uma bola na veia e abrir o placar com um
golaço contra o campeão brasileiro Palmeiras. Foi o coração que fez Everton
Cebolinha dar a classificação contra o mesmo Palmeiras em sua própria casa.
Lembram que o time cerebral não costumava reverter placares adversos?
Novamente, foi o coração que fez Luan encerrar um jejum de gols e marcar um
tento antológico no Mineirão. Foi ocoração que permitiu ao pândego Douglas sacramentar a vitória que
garantiu a passagem para as finais. Ninguém duvida que foi o coração que permitiu
ao execrado Pedro Rocha fazer a maior partida de sua vida e anotar dois golaços
na casa do Galo. Este mesmo coração fez Geromel virar ponteiro direito e cruzar
uma bola para Everton calar novamente o Mineirão. E ninguém nega que foi este
mesmo coração o responsável por Bolaños, que tanto sofreu nesta temporada, ter
sido posto em campo para marcar o gol que garantiu o título e fez explodir a torcida presente na Arena.
Aprendam,
crianças: isso que estamos vivenciando é a ordem natural das coisas. O tricolor
vence. O tricolor ergue taça. O tricolor dá volta olímpica. Sabem por que a Goethe é o lugar das comemorações? Porque ali ficava a Baixada, nosso primeiro estádio. E aí, erradamente, uma galerinha também resolveu comemorar nas imediações quando finalmente ganharam alguma coisa. Saiam da Goethe! Ali não é o lugar de vocês! Aquele território é tricolor! E nós o retomamos no dia de hoje. O que ocorreu nos
últimos anos foi um período onde os deuses do futebol hibernaram e permitiram
que apenas o cérebro atuasse. Mas agora o coração está de volta. O
pentacampeonato gremista foi no coração. Comemore, torcedor do Grêmio! O Rei de
Copas está de volta!
Após forte emoção no minuto de silêncio em homenagem ao time da Chapecoense, o jogo mais esperado pela torcida gremista no último ano finalmente começa.
4 min: Júnior Urso cabeceia sobre a goleira de Grohe.
8 min: Pratto chuta de longe e a bola passa perto da trave.
12 min: Luan do Atlético chuta de fora da área e a bola raspa a trave.
14 min: jogo segue tenso e áspero. As duas equipes mostram nervosismo. Grêmio joga recuado.
17 min: Pratto segura Kannemann e o juiz marca falta contra o Grêmio.
19 min: Luan é puxado pela camisa no contra ataque. Douglas cobra a falta e quase marca.
22 min: Maicon chuta forte e a bola é desviada para escanteio.
23 min: Grêmio pressiona e consegue novo escanteio.
30 min: Robinho cabeceia e a bola passa perto novamente da trave de Grohe.
33 min: o jogo segue nervoso e pobre tecnicamente. Grêmio abusa do chutão, mas consegue segurar o ímpeto dos mineiros que mantêm maior posse de bola.
35 min: em boa jogada no ataque, Éverton chuta forte e Victor defende segurando firme no meio do gol.
40 min: em passe MAGISTRAL de Douglas, Éverton avança em velocidade e perde a melhor oportunidade de estufar as redes. Victor faz defesa espetacular e impede o gol do Tricolor que colocaria o Atlético em sérias dificuldades no jogo.
43 min: começa a bater o desespero nos mineiros que tentam de todas as formas chegar ao gol gremista, mas o Imortal Tricolor consegue neutralizar as jogadas do Atlético fechando todos os espaços com rigorosa marcação.
47 min: o Grêmio conseguiu amarrar a equipe do Atlético MG na primeira etapa e alcançou o objetivo planejado de impedir que tomassem vantagem no placar. Estamos muito próximos de mais uma conquista, senhores!
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Segundo Tempo: 1 X 1
5 min: o Grêmio administra o resultado e segue a mesma estratégia dos primeiros quarenta e cinco minutos de não deixar o Galo jogar. A marcação é muito bem executada, mas Renato impaciente pede que o time "jogue".
11 min: o Tricolor assume as rédeas do jogo e começa a pressionar o Atlético MG chegando várias vezes ao ataque.
16 min: #QueremosACopa
20 min: no desespero, os mineiros começam a arriscar de qualquer jeito contra o gol de Grohe, mas estão muito longe de conseguir marcar. O tempo passa...e o Grêmio firme na defesa...
27 min: #RenatoMito
30 min: muita transpiração e o Atlético experimenta uma reação pressionando muito, pouco resultado para muito esforço. A defesa gremista é intransponível. Time focado e totalmente dedicado ao resultado que lhe interessa. Jaílson substitui Ramiro.
35 min: mais uma vez Éverton assusta Victor e consegue o escanteio.
45 min: É PENTA! É PENTA! É PENTA! É PENTA! É PENTA! É PENTA!
46 min: Golaço do Atlético.
Como Jogaram
Marcelo Grohe: Nota 10
Edílson: Nota 10
Geromel: Nota 10
Kannemann: Nota 10
Marcelo Oliveira: Nota 10
Maicon: Nota 10
Douglas: Nota 10
Walace: Nota 10
Ramiro: Nota 10
Luan: Nota 10
Everton: Nota 10
Jaílson: Nota 10
Bolaños: nota 10
Renato: a nota que um ídolo mito deve receber: 10.
Arbitragem: Luiz Flávio De Oliveira (SP), auxiliado por Marcelo Carvalho Van gasse (SP) e Kleber Lúcio Gil (SC). No geral, um bom desempenho. Não atrapalhou o espetáculo.
Não pedi licença ao Ilgo Wink, mas tenho certeza de que ele não vai reclamar da reprodução do texto.
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Quando leio ou escuto alguém sugerir que o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil fiquem sem conclusão por causa da comoção em torno da tragédia que vitimou dezenas de jogadores, técnicos, dirigentes e jornalistas fico pensando qual a motivação, o que está por trás desse tipo de manifestação.
Sei, partindo de dirigentes e jogadores de um clube que está com um pé na segundona não resta nenhuma dúvida. Da ética e da vergonha na cara, então, não resta nada.
Mas quando é um jornalista que está vendo companheiros seus trabalhando – desde o primeiro minuto – com a voz embargada e lágrimas nos olhos para cobrir a morte de inúmeros colegas, aí fico meio que sem chão.
Será mesmo que são jornalistas esses que sugerem que pare tudo? Os jornais pararam de sair? As redações ficaram em silêncio?
Aí, lembro de uma noite de um domingo de verão, há muitos anos. Eu, na redação do jornal Correio do Povo, editando o esporte com equipe reduzida, recebo uma ligação: um filho meu, de 10 anos, havia sido atropelado no litoral quando passeava de bicicleta, que estava no hospital local passando por cirurgia na cabeça, mas que tudo estava sob controle.
Não sei o que fariam esses que defendem o fim do futebol neste ano – curiosamente na mesma corrente do presidente patético -, mas eu fiquei trabalhando até fechar as páginas do esporte, e ainda escrevi uma coluna. Lágrimas nos olhos e uma vontade louca de pegar o carro e seguir para o hospital de Capão da Canoa.
Não sei de onde tirei força e serenidade para concluir o trabalho.
Então, quando leio e ouço esse pessoal querendo parar tudo – e um ainda tendo a ousadia e a desfaçatez de cobrar ação nesse sentido do presidente Romildo Bolzan – aí me bate uma revolta, uma irritação tão profunda que me faz escrever e expor algo da minha vida para mostrar que compromisso assumido, é compromisso honrado; e também me invade um nojo que me faz interromper por aqui.
Estas coisas de morte me assustam e emocionam.
As tragédias me deixam mais quieto e em choque do que outra coisa. Tem gente que precisa falar e falar e falar.
Eu prefiro o silêncio.
Só me pronunciei, e no twitter, quando fiquei estupefato com vocês sabem o que. O Daniel Matador disse tudo.
Não! Não vou continuar este assunto asqueroso.
Só chorei ontem à noite, 36 horas depois de saber da notícia. Chorei com aquele magnífico espetáculo de dignidade, de amor, de carinho e de celebração ao ser humano protagonizado pelo povo colombiano. Colômbia que conheci ano passado e de onde vim apaixonado. Não me engano com minhas paixões. Obrigado Medellin.
Vi uma parte de um programa da ESPN reproduzido ontem, em que Caio Jr. falava feliz entre risadas sobre seu momento e seus sonhos. Pensei em Denner, Biteco, Thiego, Mario Sérgio e Paixão. Uns mais outros menos foram parte das nossas vidas. E, como sempre digo, basta ter jogado ou trabalhado no Grêmio para receber meu respeito e agradecimento eterno.
Pensei em escrever algo mais adiante. Mais frio. Menos tocado. Mas hoje recebi um mail de um leitor do blog. E resolvi transcrevê-lo aqui.
Por várias razões. Mas por uma em especial. Não foram só ex-atletas nossos que morreram. Morreu um de nós. Apenas torcedor como somos. Apaixonado pelo tricolor como nós todos. Ansioso pelo título como estamos.
Mas resolvi transcrever porque ele também era jovem e cheio de vida. Como Biteco e Denner ele dava os primeiros passos na profissão.
E como eles e todos os outros, ele foi assassinado pela ganância de irresponsáveis.
O nome dele é Giovane Klein.
Através dele, quero deixar aqui no blog a nossa homenagem e agradecimento pelo que todos fizeram pelo Grêmio. E também a nossa imensa e dolorida, muito dolorida saudade.
Como disse Isabella, a tua amada que ficou Giovane: "a final da Copa do Brasil foi transferida pra dar tempo de tu te acomodar bem por aí na tua nova casa e assistir a conquista de um título tricolor como há anos tu esperavas!" _____ Quem mandou foi o leitor Bruno Folha do Rosário:
O Giovane Klein era repórter em Chapecó e foi uma das vítimas do acidente com o avião da Chapecoense e ele era Gremistão. Acho que tu deve conhecer alguém no Grêmio que possa organizar a homenagem que ele merece do clube. Compartilho contigo a matéria que saiu no Jornal do Almoço aqui de Pelotas, aos 00:40 de reportagem o pai dele fala sobre a paixão pelo Grêmio. Compartilho também o texto que a namorada dele escreveu e publicou no facebook dela.E dou a ideia de dar o nome dele a uma das salas de imprensa do clube (da Arena ou do CT) assim como fez o Flamengo com o Victorino Chermont.
Queria te contar como tá tudo por aqui nessas últimas horas, e vou pegar emprestada a tua invejável sensibilidade pra te contar da forma mais serena possível, então onde estiver, faz teu mate e senta aí pra ler:
Te conto que tá sendo difícil, mas as coisas parecem que ainda estão dentro do planejamento de quem ia trabalhar no jogo...veja bem, a chape segue ganhando essa repercussão enorme que tu vinhas acompanhando de perto! Só que, como tu também estavas acostumado, a pauta deu uma virada...não aquela que gostaríamos, mas virou e vocês todos são os personagens principais!
Te conto que os jogadores e toda equipe da chape seguem sendo tratados como heróis! Aliás, nesse mundo que tanto amaste, o da bola, grandes nomes estão por aqui rezando por vocês! Equipes pelo mundo enviaram energias positivas, o futebol inglês que tu tanto gostava de acompanhar "deu show" mais uma vez na copa da liga inglesa! A torcida do Liverpool cantou, e por um minuto o estádio inteiro se calou! Confesso que me arrepiei como tu cada vez que parava pra assistir a um jogo europeu e ficava admirado com o respeito deles ao minuto de silêncio...eles fizeram exatamente isso pra ti! Ah, os clubes brasileiros também estão reverenciando a chape. A Arena do teu Grêmio tá verde...e a final da Copa do Brasil foi transferida pra dar tempo de tu te acomodar bem por aí na tua nova casa e assistir a conquista de um título tricolor como há anos tu esperavas! A torcida que te encantou quando tu assistias à final da libertadores, a do Atlético Nacional, também resolveu torcer pra chape nessa final...aliás, deu pra chape o título! Esses torcedores vão estar onde vocês estariam hoje de noite, e acho que vai estar lindo! Te conto que Neymar, Cristiano Ronaldo e tantos outros nomes fizeram suas homenagens! Ah, e aquele que dá o nome ao livro que tá ainda na tua mesa de luz, o Tite, também tá entre esses feras que se comoveu com o que aconteceu. O futebol mundial tá com vocês!
Falando nisso, assim como aconteceu na volta do teu trabalho recente na Argentina, tem MUITO telespectador falando comigo nas redes sociais pra falar do teu sempre impecável trabalho! Gente que eu nem conheço, mas que te conhecem bem e te admiram muito!
Te conto que a nossa casa tava cheia de amigos, como tu gostava que ela estivesse! O clima não era nada bom, mas eu te escrevo pra falar que as lembranças eram boas, quanta gente cativastes por aqui hein?
Te conto que Pelotas tá cheia de orações, aliás, Pelotas, Livramento, Bagé (por onde passamos) e tantas outras cidades. Chapecó então nem se fala...a cidade que tu te apaixonou tá triste, é verdade, mas tá emanando muita energia positiva, dá pra sentir pelo silêncio nas ruas! Aquela que foi tua segunda casa nesses últimos anos, a Arena Condá, ontem teve lotação máxima, tava linda...tu ia te orgulhar tanto!
Te conto que no meio de tudo isso meu lado jornalista tá atento, como também sempre acontecia contigo. Uma cobertura "daquelas" tá acontecendo em Chapecó, no Brasil, no mundo!! Galvão Bueno que te emocionou ao narrar o último jogo do grêmio pela copa do Brasil, tá nos emocionando ao falar de ti e de todos com tamanho carinho e consideração! O Bom Dia Brasil lembrou de ti e da última reportagem que fizeste para o programa sobre essa ascensão da chape. Nem deu tempo de te falar da repercussão da tua matéria de domingo no Esporte Espetacular! Como estava no teu cronograma naquele email que me mostrastes antes de viajar, tu estavas no Jornal Nacional...só de um jeito diferente do esperado! Nossos colegas mais próximos estão segurando uma barra enorme...mas como tu sempre dizia: "o grupo tá unido!"...e mas o nosso JA, o news, o meu querido Bom dia SC e o teu querido Globo Esporte parecem um programa único. Um trabalho que é a tua cara como jornalista, humano e acima de TUDO SENSÍVEL! Tua sensibilidade tá aqui meu amor!
Te conto que a nossa filha de 4 patas tá sem entender muita coisa, mas tá inquieta...esperando tu chegar. Conversa com ela daí, por favor!
Por último te conto que estou sem chão! Fui acordada de madrugada pensando que teria que trabalhar em mais uma cobertura de enchente na cidade, chovia tanto...acho que eram lágrimas! Mas te conto que no fim desse dia 29, teve aquele pôr do sol maravilhoso que adorávamos admirar da sacada de casa! Espero que tenha sido tu falando que tá tudo bem! Espero que estejas em paz! Espero que só encontre coisas boas por aí...e TE espero, PRA SEMPRE! Encontrei aqui teu escapulário que tu não levaste porque tinha arrebentado...dentro dele os teus desejos de saúde e no verso alegria, amor e no verso meu nome! Em meu nome, o meu amor eterno a ti! Só pra te lembrar que sempre e pra sempre, te amo! ️"