9 de dezembro de 2016

Os improváveis heróis


Atualizado as 23:00 com o vídeo dos bastidores do Penta.

Vidente?
Não. Videntes caem no ridículo com frequência.
Apenas mais uma vez consolando alguém descrente. Isto acontece desde o primeiro post deste blog, quando ainda era Blogremio.
Foi lá no distante 14 de agosto de 2005, quando o time penava na série B.
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Abrem-se as cortinas


Porto Alegre, 14 de agosto de 2005, Dia do Papai.
Aqui nasce o Blog do Grêmio, um blog dedicado ao time mais glorioso do Rio Grande do Sul e um dos mais gloriosos da América e do Mundo.
Então, vamos deixar de cerimônia: se papai é o maior, o papai é o Grêmio.
O resto é "quaaaaaaaaase".

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O tempo passou e passou. Muita coisa aconteceu. E muita coisa deixou de acontecer. Tivemos a incrível Batalha dos Aflitos logo no primeiro ano. O blog mudou de nome. E depois apenas campeonatos gaúchos.
E pancadas. E impaciência. E mais pancadas. E desesperos. E ainda mais pancadas. E mais impaciência. Parecia que não haveria fim. Fui atrás do Ilgo Wink que havia entrevistado um vidente, aquele sim, com alto nível de acerto. Ele previu antes de morrer lá em 2006 as vitórias do cocô irmão e a longa travessia do Grêmio. Mas o Ilgo não lembrava mais. Investigou os e-mails e concluiu que seria este ano ou no próximo.
Mas não foi por isto que falei que seríamos campeões da Copa do Brasil. Falei porque sabia quem estava trabalhando lá e o que estava sendo feito. Falei porque acredito que todo trabalho sério dá resultado. E sabia que os resultados no Grêmio eram mera questão de tempo.
A equipe montada no vestiário não poderia ser melhor. O doutor Adalberto Preis, se dependesse de mim já teria sido presidente do Grêmio. Sempre fez grandes trabalhos no Imortal. E ele começou exigindo a vinda do Renato e do Espinosa. (E de quebra nos deu a Carol, mas isto é acessório.) E chamou o Dr. Saul Berdichevsky e o Ico, o nosso Arigatô, para completar o time. E manteve toda a equipe de preparadores, analistas de desempenhos, massagistas, médicos, etc. Manteve porque sabia que trabalham com força e vontade.
Esta equipe toda blindou o vestiário e mudou a mentalidade dos jogadores. Melhor dizendo, restabeleceu a mentalidade dos jogadores que estavam abalados pelo peso de anos de derrota. E, certamente, pela insanidade das críticas injustamente pesadas a cada tropeço, mesmo pequeno. O vestiário voltou a ter comando. E a autoconfiança voltou.
E os jogadores todos tem parcela importantíssima no título.
O título é do Marcelo T-Rex Grohe, que pegou pênaltis no momento mais dramático da trajetória.
O título é das duas avenidas Oliveira, que aguentaram no osso todas as vaias.
O título é do encrenqueiro e ultrapassado Edilson.
O título é do Geromel, zagueiro com nome de remédio que foi inventado por Rui Costa. E é também do argentino desconhecido que chegou sob corneta geral e agora é idolatrado por personificar a garra gremista.
O título é sim do "enfeitado" Walace. E é mais ainda do Capitão Desumano e Desconforto Maicon.
E é muito do Barriga de Cadela e do Anão de Jardim que "jamais deveria fardar no Grêmio". E como jogou bola este baixinho!
E é claro, do Soneca Luan, do Éverton e do pereba Pedro Rocha que também "jamais deveria fardar".
É também do Miller, o que não teve refresco da mídia e nem dos justinos mesmo estes sabendo que ele perdeu 7 quilos de massa muscular após sofrer a tentativa de assassinato.
E é de todos os demais jogadores, quase todos eles tão ruins que "jamais deveriam fardar".
Dos goleiros Bruno Grassi, Dida e Leo.
Dos zagueiros Fred, Rafael Thyere, Wallace Reis e Gabriel.
Dos laterais Iago, Lucas Lovat e Wesley.
Dos meias Tontini, Guilherme Amorim, Jailson, Kaio, Lincoln, Machado, Moisés e Arthur.
E dos atacantes Batista, Guilherme, Henrique Almeida, Negueba, Tilica e Ty Sandows.
Não dá para esquecer do pessoal da informática que soube buscar o Kannemann no SAP.
Também não podemos esquecer dos companheiros que haviam quebrado a capela do Olímpico e foram rezar na inauguração da capela da Arena um dia antes da final, pedindo desculpas para a santa.
E finalmente, o título é dos bravos rapazes e da gatinha da Grêmio Rádio Umbro que mostraram que é possível sim fazer jornalismo de qualidade e isento mesmo sendo torcedores.
Pensando bem, o título é de todos nós. A gente até deixa os justinos e os caras do MGI festejarem. Mas não abusem que estamos de olho.

E inteligente foi o seu Nésio, o sogro gremistão que me abastecia de camisetas do Grêmio e que ajudou a tornar o Lucas um gremista de fé. Depois de longos anos de enfermidade e do último ano de praticamente total inconsciência, resolveu partir na segunda-feira. Em tempo de se apresentar para o homem lá em cima e pegar uma cadeira Gold Oeste. Ele, o Geovani Klein e toda a gremistada que encontrou por lá. Lembrei dele no gol do Miller. E chorei. Por sorte as câmeras estavam logo atrás.

É bom ser campeão! Ser penta campeão então é demais!