30 de março de 2010

Histórias do Gaguinho - [ 1 ]

Eu morava num pré-prédio de apartamentos em Porto Alegre. Ti-tinha um vizinho meu, do apartamento de ba-baixo, que era muito co-cô-lorado. Era tão co-cô-lorado, que nem os outros mo-moranguinhos aguentavam ele.

Durante a semana, ele co-costumava pendurar aquela bandeira rosa horrorosa na ja-janela, transformando o prédio numa tapera, num no-nojo. Dia de jo-jogo, costumava reco-colher a meleca. Dizia que bo-botava em cima da TV pra dar sorte. Devia ter um ga-gato da Net, porque nunca ia no ate-terro.

Ti-tinha noites que eu ia dormir mais tarde. Então, eu arrastava ca-cadeiras no ta-tabõao da sala, só pra me divertir no dia seguinte, quando ficava sabendo que o vermículo tinha acordado o síndico pra re-reclamar. Aliás, o síndico também era co-côlorado, co-com o que a diversão era du-dupla.

Um dia, eu olhava a fachada do meu prédio. Aquela nojeira pendurada me revolveu o esto-tômago. Resolvi dar um basta naquilo. Voltei pra ca-casa e comecei a pensar na solução pra aquela baixa-xaria. Co-cortar com uma tesoura eu não podia, porque não alcançaria janela abaixo e também po-porque ele ia saber que tinha sido eu. Que-queimar era uma boa idéia, mas poderia provocar um incêndio no pré-prédio e, do mesmo modo, ia levantar suspeitas sobre a minha no-nobre pessoa. Fi-fiquei algum tempo imaginando o que fazer. Aí, veio a i-dé-déia. Só tive que ma-maturar.

Sábado de manhã, dia de sol fo-forte. Te-3 ovos no freezer, por te-3 horas à temperatura máxima. Ainda co-congelados, enterrados e deixados descansar no sol por do-12 horas. Fi-ficaram no po-ponto. Aí, fu-fui rápido. Que-quebrei os ovos podres, pu-pus num tu-tubo de borrifar roupa com metade de água, fe-fechei, sa-sacodi. Sa-sacodi bem. Sa-sacodi mais. Pro-pronto. Fiz uma ne-névoa descer e encharcar o trapo ro-rosa. O calor do sol co-completou a obra.

No dia seguinte tinha jogo do co-côlorado. Esperei na ja-janela a hora que o vizinho ia recolher a “bandeira da so-sorte” para co-cobrir a TV. Difícil descrever o que se pa-passou. O po-pobre morango urrava, indagando o que ti-tinha acontecido com o nojo ro-rosa: “Mas o que é isso? Pu-puta que pariu”. Devia estar fedendo mu-muito. Eu ouvia a mulher dele xi-xingando, dizendo para ele su-sumir com aquela imundícia. O fi-filho perguntou: “Pa-pai dá pra lavar?” A mulher interrompeu: “Na mi-minha máquina e no meu tanque esse fe-fedor não entra”. A co-coisa só se acalmou qua-quando co-começou o Fantástico.

O que fizeram com a po-podridão não sei. Só sei que nu-nunca mais vestiram o meu prédio com pano ro-rosa.

O si-síndico andou me indagando coisas sobre o episódio. Eu di-disse pra ele que era ve-vegetariano estrito. Não co-comia ovo, porque era bem mais saudável co-comer moranguinho.