26 de março de 2010

Histórias Imortais - [ 2 ]



Vivida por André Marins
Nasci em 1982, numa família de colorados. Até os seis anos de idade não tinha noção do que era futebol. Via meu pai e meus tios, vestidos de vermelho, gritando, vibrando, xingando, (na verdade, mais xingando do que vibrando), enquanto assistiam a 22 caras correndo atrás de uma bola na TV. Não achava muita graça naquilo, preferia brincar de carrinho com meus primos.

Mas, aos sete anos de idade, com uma idéia melhor do que era futebol, assistindo um jogo qualquer sentado no sofá da sala ao lado do meu pai, perguntei-lhe que time era aquele, com uma bela camisa em azul, preto e branco. Ele respondeu: "Ah, esse é o Grêmio, por que?" Eu falei: "Bom pai, a partir de hoje, eu torço pro Grêmio!" Ele me disse: "Mas, por que meu filho? Nossa família toda torce pro Inter!" Respondi: "Não sei pai. Só sei que torço pro Grêmio!!!"

Tamanha foi a minha convicção que, desde esse dia, meu pai e meu irmão, nunca mais tentaram me convencer a me tornar um colorado.

Pois já com uns oito ou nove anos de idade, fã do desenho Thundercats, pedi a meu pai de presente, um tanque espetacular dos thundercats, que era relativamente caro na época. Sentindo que meu pai estava indeciso em me dar ou não o presente tão desejado, proferi a maldita frase: "Pai, se tu me der esse tanque, eu viro colorado!"

Nunca vou esquecer o que meu pai respondeu: "Meu filho, gostaria eu que isso fosse verdade, mas sei que teu coração é gremista. Portanto, não será um brinquedo que te mudará e isso me orgulha, pois um homem de verdade não se vende por nada nessa vida. Mesmo sendo colorado, sinto que nada nesse mundo mudará o amor que tu sente pelo teu time, o Grêmio."
Retornei ao meu pai; "É verdade pai, nada vai fazer eu mudar de time, nem um tanque dos Thundercats."

Me arrepio até hoje ao lembrar dessa história e narro esse fato em forma de homenagem ao meu velho pai, um colorado convicto, que teve a sabedoria de reconhecer em seu filho mais novo, um gremista de quatro costados!

Esse meu velho, chamado Áureo, é tão sabedor do meu amor pelo Grêmio, que chorou abraçado a mim na fatídica Batalha dos Aflitos. Tamanho era meu desespero, que fiz um colorado chorar de alívio após o inesquecível gol do Andershow. Ele sempre diz:”Nunca chorei pelo Inter, mas já chorei pelo Grêmio.