Caros“Finja que é uma corrida comum, mas pelo amor de Deus, não esqueça que não é.”Trecho de Garra de Campeão, de Marcos Rey
Em outubro do ano passado escrevi um post onde citava a saudosa Coleção Vaga-Lume, uma série de livros infanto-juvenis que marcou época para toda uma geração. Na ocasião, citei o livro Bem-vindos ao Rio, de Marcos Rey. Caso alguém se interesse ou queira relembrar, o post é esse http://blogremio.blogspot.com.br/2013/10/daniel-matador-bem-vindos-ao-rio.html
Pois bem, acabei socorrendo-me novamente deste autor e desta coleção para falar do Grêmio e do jogo de amanhã. No livro Garra de Campeão, o jovem Felipe chega a São Paulo e começa a disputar campeonatos amadores de motocross. Por conta de seu talento, passa a vencer e competir em torneios cada vez mais importantes, até chegar a um onde o principal adversário é um veterano das pistas que também é seu adversário fora delas. Recomendo demais a leitura, principalmente para os jovens que querem iniciar este hábito. Na fase final de uma das corridas que vai disputar, Felipe recebe um conselho de seu tio, o grande apoiador de suas peripécias nas pistas. Como já não tinha muito a perder, do alto de sua experiência, ele orienta o pupilo: “Finja que é uma corrida comum, mas pelo amor de Deus, não esqueça que não é”.
Lembrei-me desta frase para sintetizar meu sentimento em relação à partida final deste ruralito direcionado que finalmente chega a seu final de maneira melancólica. Nem vou alongar-me em todas as questões que já vínhamos citando desde o início e que são provas cabais do favorecimento feito a outras agremiações. A escalação do árbitro para o jogo de amanhã é um acinte, um deboche, uma fanfarronice das mais bizarras (para bom entendedor, meia palavra basta). A escolha do local da partida, então, é um dos mais lamentáveis episódios que já se viu no âmbito esportivo na história deste Estado. Nem comento a questão do adiamento do jogo em uma semana apenas para conciliar interesses particulares de um clube. Tudo que envolveu a organização deste campeonato é para lamentar, esquecer e torcer para que nunca mais ocorra.
O Grêmio deverá possivelmente enviar a campo seu time titular, ao menos dentro das condições e atletas disponíveis. A provável equipe será composta por Marcelo Grohe no gol, Pará e Wendell nas laterais, Werley e Rhodolfo na zaga, um trio de volantes composto por Edinho, Ramiro e Riveros, Alan Ruíz sendo responsável pela armação e Dudu e Barcos no ataque. Servirá, na melhor das hipóteses, como um bom treino para a Libertadores da América, onde teremos confronto na semana que vem contra o time do San Lorenzo pela fase de oitavas-de-final. Uma vacina para a possibilidade de não conquistar o título? Nem tanto. Apenas a constatação de que este torneio, que já era levado em pouca conta, vale menos ainda do que se imagina.
Um ponto, entretanto, me faz ver o jogo de amanhã com um pequeno resquício de dúvida. E se o destino for maroto? E se o velhinho que joga os dados estiver inspirado e resolver aprontar? E se aquela cigana louca inventa de tirar uma carta que diga que o Grêmio vai sair campeão? Improvável, dirão. Talvez sim. Mas o destino é aquela garota que pode largar a companhia que a trouxe para a festa achando que tudo já estava no papo e acabar ficando com o rapaz que estava meio de canto no salão. E por isso que clamo aos jogadores do Grêmio: ao adentrarem em campo mais uma vez vergando o manto, finjam que esta é apenas mais uma partida comum. Mas, pelo amor de Deus, não esqueçam que não é.
Saudações Imortais