Hoje, Grêmio forma seu esquema a partir da herança deixada por Renato. Os três volantes àquela época já sofriam contestações por limitar a criação das jogadas. Grêmio, esse ano, vinha bem na inversão dos volantes e na subida de um deles como elemento surpresa. Mas o que mudou de lá pra cá? Enderson mudou a formação. Edinho como primeiro volante, seguido por Ramiro. À frente deles, uma linha com três jogadores: Dudu na esquerda, Luan no meio e Riveros na direita, este último mais agudo dentro da área, mesmo sem ter qualidade no passe, tampouco no chute. Enderson colocou Riveros na direita pra conter a lateral, bem como Dudu, que nutrido de velocidade é capaz de efetuar o mesmo do outro lado com certa agilidade.
Acontece que, na medida em que as trocas de posições dos meias/volantes foram acontecendo, o meio campo foi se comprometendo. Hoje, o Grêmio não tem organização em campo. Corre desesperadamente para recuperar posição deixada em aberto na meia-cancha. E, principalmente, algo que tem me deixado estarrecida: a defesa que corre. Há tempo não via o Grêmio num conflito tático tão grande: a zaga correndo pois está mal posicionada. Nem precisaria dizer que isso acontece porque os volantes avançam.
O Grêmio é frágil mesmo com três volantes. Mesmo com Dudu e Luan voltando até a defesa pra recompor. Mesmo sem meia armador. Há alguns jogos que perdemos o domínio do meio - e, consequentemente, o jogo. Ora, se já abre-se mão de peças ofensivas na escalação, isso também precisa acontecer durante o jogo? Todos os jogadores devem ter comprometimento defensivo, mas não nessa inversão de papéis que o time do Grêmio se tornou. Dudu é veloz, não significa que deve usar disso para o bem defensivo. Se Riveros está na meia direita pra conter a lateral, por que insistir nas subidas do Pará?
Grêmio precisa rever seus conceitos. Precisa se reorganizar. Recua o lateral que é ineficiente no ataque mas guerreiro na defesa. Coloca dois volantes para que guardem posição e assim estabiliza-se a zaga. Os dois meias velozes: Dudu e Luan nas pontas esquerda e direita, respectivamente. Um meia armador centralizado e, lááá na frente, Barcos. O Grêmio tem potencial pra jogar bem. Tem peças que podem render mais, mas precisa que elas efetuem papéis conforme suas características e se organizem taticamente. Se conter os dois volantes, não será exposto o meio e o potencial de Dudu e Luan suprirão a falta da subida deles. Às vezes, o mais simples é mais eficiente.
Muito se criticou os meias armadores no Gre-nal. Evidente que, num meio campo onde a troca de posição acontece com frequência, a entrada de dois meias que não marcam deixariam nosso time completamente exposto, pois ninguém guardou posição. Entretanto, isso não muda o fato do Grêmio precisar urgentemente de criatividade. É possível melhorar as coisas. É possível reverter resultado, é possível ser campeão. Esses fatos que foram supra tecidos não significam a incredulidade do torcedor. Pelo contrário, mostram que o Grêmio tem capacidade pra fazer muito mais.
Dessa forma, não tenho dúvidas que o Grêmio conseguirá corrigir seus erros e enfrentar com superioridade o San Lorenzo em Porto Alegre. A torcida jogará junto e, acima de tudo, terá o espírito guerreiro da Libertadores ao seu lado. Vamos acreditar, vamos passar! O Grêmio é capaz!