9 de abril de 2014

Daniel Matador: Homens valentes dos tempos antigos

“Havia gigantes na Terra naqueles dias... havia homens valentes dos tempos antigos, homens de renome.
Gênesis 6:4
Caros

Seu Algoz postou no último final de semana um texto e um vídeo que trouxeram a nostalgia de volta. Ao menos para mim e para tantos outros que acompanharam épocas onde o Grêmio não mandava a campo um time de futebol para jogar uma partida. Ele enviava um bando de carniceiros disposto a pelear com sangue por um pedaço de campo. Um exército de renegados que sabia que a única maneira de sagrar-se vencedor seria meter as garras pretas da chuteira nas fuças do adversário. Um grupo de bandidos que não se preocupava se o atacante que ousasse adentrar na grande área tinha família ou não. Davam NO MEIO, para o pobre diabo não tentar uma segunda vez, caso seu objetivo fosse seguir carreira no futebol.

Estive no Olímpico em 1997 e vi com meus próprios olhos. Era a primeira partida das finais da Copa do Brasil entre Grêmio e Flamengo. Ainda no primeiro tempo, bem em frente de onde eu estava, Dinho deu um SARRAFO em Sávio. Foi sumariamente expulso e o time ainda assim conseguiu suportar a pressão da equipe que tinha Romário em grande fase como sua estrela. O jogo terminou empatado sem gols e no jogo da volta o tricolor sagrou-se campeão, erguendo a taça em um Maracanã lotado após empatar em 2 a 2.

Estes eram tempos imemoriais. Eram dias onde gigantes trajavam o manto. Onde mesmo o menos badalado nome do elenco entrava em campo e sabia a dimensão do escudo que ostentava no peito. Onde um obscuro João Antônio pisava o gramado do Maracanã como titular com o braço enfaixado e ainda assim fazia um gol antológico. Onde um limitadíssimo Luciano substituía o titular Rivarola ainda no primeiro tempo e ajudava a conquistar a taça. Onde um apenas esforçado Otacílio tinha a sagrada missão de ocupar o lugar do quase lendário Dinho e fazer jus a tal honraria.

Mas estes, meus amigos, parecem ter sido tempos muito antigos. Na realidade, nem tão antigos assim. Mas a “geração Tcheco”, infelizmente, não é contemporânea destas eras. Em verdade lhes digo, crianças: naquele tempo, havia homens entrando em campo com uma camisa azul, preta e branca. Uma farda que gelava a espinha do mais corajoso adversário que botasse os olhos nela. Aqueles eram homens valentes dos tempos antigos. Homens de renome, que conquistaram tal alcunha com sangue e luta. Nos campos do Rio Grande, do Brasil e da América, estes seres forjaram a tradição tricolor. E é em honra desta tradição que clamamos hoje aos que entrarão vergando o mesmo manto na Arena contra o Nacional do Uruguai para libertar a América. Sejam gigantes como aqueles que os precederam. Escrevam seus nomes na história. Tornem-se lendas. Sejam homens valentes. Homens de renome. Tragam de volta os tempos antigos, nem tão antigos assim, quando éramos reis e dominávamos a Terra.

Saudações Imortais