*O texto abaixo foi enviado pelo leitor Jonas Silveira
Antes de começar gostaria de agradecer ao blog pela oportunidade de contribuir com um texto, especialmente pela garantia de que não há como negativá-lo, o que usualmente ocorre com meus comentários. (RÁ!)
Não, antes que alguém o mencione, o maior inimigo gremista não é o Internacional. O Internacional foi inimigo gremista até o final da tarde desse último "Domingo Sangrento", mas os últimos anos nos permitem imaginar um segundo semestre de total irrelevância para a equipe colorada. Já começo a ouvir que serão campeões brasileiros. Não há sinal maior do insucesso colorado do que declarações de seu suposto favoritismo . Eu poderia propor uma enquete do tipo: “Em que mês cairá Abel Braga?”, só não o faço por que só Deus e Fábio Koff sabem o que aconteceria com Enderson caso o Grêmio perca na Argentina. (Vou perguntar lá no Posto Ipiranga...)
O maior inimigo do Grêmio, como manda o clichê, é o próprio Grêmio. Ouço que não valorizamos o Gaúcho (Ruralito/Novelettão/Charmosão), mas ouso discordar. Jogamos a fase decisiva desse campeonato com nossos titulares, apesar da fase igualmente decisiva da Libertadores e da maratona de jogos que nos fizeram disputar. Há maior mostra de humildade e valorização que abaixar a cabeça pra mudanças como as que ocorreram? Certamente não colocamos o Grêmio acima da competição. Penso que deveríamos ter colocado.
É possível que haja uma dimensão paralela onde o Imortal Tricolor também perdeu o Gauchão (visto que é uma competição pensada, organizada e apitada para que isso aconteça), mas o disputou com sua equipe Sub-20. Éverton brigou pela artilharia do Estadual, Breno se firmou na lateral esquerda, Coelho desencantou, Luan não se lesionou. Desconfio que tivesse sido melhor dessa forma. Evitaríamos, na pior das hipóteses, o fiasquento 6x2.
Tal derrota nasceu da supervalorização da competição e do adversário. Tomamos sufoco no final dos jogos contra o Brasil e o Nacional, a equipe disputou uma sequência impraticável de jogos decisivos. Jogamos 14 minutos do primeiro Gre-nal, não fardamos no segundo. O Inter poupou tanto quanto o Grêmio no Gaúcho, se prepararam para enfrentar o arremedo de time que escalaríamos após o moedor de carne pelo qual passamos no final de março e início de abril. Respeitamos muito o rival, nossa preocupação foi se defender do poderoso ataque colorado, que responde por Rafael Moura. Escalamos um volante pra cada meia do Inter e permitimos que nos atacassem em nossa casa e goleassem fora dela. Devíamos ter escalado um jovem meia pra cada idoso no meio do Inter e deixar que eles se preocupassem em correr atrás.
Enderson contribuiu ao “dar continuidade” a sua equipe titular, que teve problemas em diversos jogos. Quanto mais “continuidade” tem a equipe titular, menos jogam os reservas, os pobres coitados que são chamados no intervalo pra virar os jogos que perdemos ao escalar o time titular e seus três volantes. É lamentável.
Nosso treinador escolheu Werley, Ruiz e Pará em detrimento de, respectivamente: Bressan, Máxi e qualquer outro ser humano, real ou imaginário. Não é a toa que seu futuro no comando técnico é incerto.
O grupo do Grêmio, no entanto, tem muita qualidade. Mais do que suficiente pra reverter o momento atual e bem mais do que nos últimos anos. Não me atrevo mais a escalar o time ideal, primeiro por não conseguir escolher os melhores jogadores em cada posição e, em segundo lugar, por saber que Enderson seguirá escalando qualquer outro time, menos o que desejo.
Escrevo tal texto pra lembrar a todos que se inicia, no próximo dia 19, mais um Campeonato Brasileiro, a competição em que fomos vice com um time deplorável que chutava uma bola por jogo no gol adversário. Poderemos conquistar coisas maiores nesse ano se o clube parar de se boicotar.
Só o que desejo é uma equipe que entre em campo pra estraçalhar o adversário, criando diversas oportunidades de gol e finalizando de forma eficiente. Basicamente, gostaria de ver em campo um time que joga futebol por 90 minutos, não 14. O Grêmio precisa se “valorizar”, acima de tudo.
Saudações Tricolores!
Jonas Bernardes Silveira
P.S: #ForaPará. Sério, não dá mais.