15 de agosto de 2016

Avalanche Tricolor: espírito Olímpico volta no Dia dos Pais

Milton Jung


Grêmio 3×0 Corinthians
Brasileiro – Arena Grêmio


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Sou gremista porque meu pai decidiu assim. Nasci sem cor nem clube, como nascem todos os bebês. E no momento em que meu destino teria que começar a ser traçado foi ele quem me ensinou, nos moldes da época, o caminho a seguir.

Foi meu pai quem me levou pela mão ao estádio Olímpico que ficava logo ali, quase na esquina de casa. A primeira vez, pelo que me lembro, foi para ver Pelé em campo. E daquela lembrança tenho a caminhada pelo “beco”, como chamamos as ruas de terra e cercadas por casas pobres, para cortar caminho.

Pode ter me levado antes ao estádio, mas a memória me trai. Sei, porém, que depois daquele jogo, levou-me duas, três, quatro, um centena de vezes, até que eu soubesse percorrer aquele caminho sozinho.

Meu pai me forjou gremista, sentindo o frio das cadeiras cativas no arco de cima do estádio Olímpico e visitando os corredores internos daquele monumento construído para abrigar nosso time de coração. Tive o privilégio de ver jogos ao lado dele na cabine de transmissão da rádio Guaíba. As arquibancadas lotadas causavam arrepios e minha emoção muitas vezes se transformou em lágrimas, tanto pela vitória quanto pela derrota.

Hoje, ao ver a Arena do Grêmio tomada por mais de 50 mil torcedores, em um domingo especial no qual se comemora o Dia dos Pais, percebi que o espírito do Estádio Olímpico estava de volta. A torcida cantou e vaiou. Atreveu-se a pedir olé quando o placar estava decidido. O caldeirão esquentou.

Mesmo distante, tinha a impressão de que estava lá, sentado em um das cadeiras ao lado do pai, no velho Estádio Olímpico – que ganhou este nome por abrigar a Universíada – os Jogos Olímpicos Universitários, em 1963.

O número de torcedores presentes jamais havia sido registrado em partidas disputadas na Arena. E se estavam lá é porque sabiam que o time poderia responder a altura. Torciam para que isso acontecesse. E aconteceu.

Um time que começou a partida com postura diferente das últimas, semelhante a que nos deu vitórias importantes neste campeonato. Que não se importou com as ausência de dois de seus maiores talentos, Luan e Wallace, que ajudam o Brasil a ser melhor nos Jogos Olímpicos.

O resultado foi que nossos atacantes, Pedro Rocha, Everton e Miller, fizeram o que esperamos deles: gols. Nossos defensores, com destaque para Geromel, o Incrível, e Marcelo Grohe, cumpriram com méritos suas funções. E, mesmo com uma partida a menos, estamos de novo na disputa da liderança.

No Dia dos Pais, o espírito do Estádio Olímpico esteve de volta. E eu pude lembrar mais um vez como o pai foi importante na minha formação.