1 de agosto de 2016

Soberba ou medo? Os dois


No domingo em que jogou contra o Sport em Recife, o Grêmio deu a todos a impressão que jogou acreditando que faria o gol quando quisesse. Levou dois e foi atrás do empate. Quando parecia que viraria levou o terceiro fatal após nova falha clamorosa da defesa. Aí era tarde. Soberba.
Após aquele jogo, houve muita cobrança, muita entrevista, muita conversa.
No domingo seguinte se viu em Porto Alegre um jogo quase perfeito contra o São Paulo. O quase fica por conta da quantidade grande de gols perdidos.
Depois disto a semana cheia mostrou mais e mais entrevistas com o mesmo discurso. O time tinha que jogar concentrado para ganhar fora especialmente dos clubes que estão embaixo na tabela. Falaram os jogadores, falou o Roger, falaram os dirigentes."

Ontem foi o jogo com o América MG. No mesmo estádio onde o Grêmio ganhou duas vezes, com folga e muita autoridade do Atlético Mineiro. Sim, deste Atlético considerado por muitos como o maior candidato ao título.
Pois o Grêmio conseguiu uma proeza ontem. Conseguiu quase perder para o lanterna do campeonato.
Mas fez pior o tricolor velho de guerra. Se no jogo contra o Sport Recife deixou a soberba atrapalhar, ontem quem causou o desastre foi o medo. Medo sim. Quase pânico.
Contra um time que está cansado de apanhar até de goleada e até de time da Série C do brasileiro se viu um Grêmio covarde, tristemente covarde, travado no seu próprio campo e livrando-se da bola o mais rápido que podia. O candidato ao título (candidato?) jogou por uma bola.
Foi patética a atuação e os grandes heróis tornaram-se meninos assustados e frouxos.
Poderiam até não ter ganho o jogo ontem. Se a derrota fosse acompanhada de gols perdidos em profusão, time no ataque, falhas da zaga, tudo se aceitaria. Mas a derrota foi por falta de atitude. Falta de coragem,

Qual a causa?
O que mudou entre os dois jogos?

Penso que só há uma razão. Ontem o time chegaria à liderança se vencesse.
E sempre, sempre, sempre que o time tem chance de dar um salto na tabela, fraqueja. Tem sido assim há anos. Em 2008 conseguiu perder um campeonato em que tinha aberto 11 pontos sobre o segundo colocado.
São os quinze anos sem título que estão pesando? Em 2008 eram apenas sete anos.
Pois eu me lembrei de uma história de 1981.
Naquele ano o Grêmio chegou à final contra o São Paulo. Chegou na final aos trancos e barrancos. Os paulistas tinham um timaço. Timaço na década de 80 era timaço mesmo. Pouquíssimos jogadores iam para a Europa e a grande maioria ficava aqui.
Eram tempos de mata-mata e até aquele ano o tricolor invariavelmente caia nas quartas ou nas semi-finais.
Pois Ênio Andrade era o técnico. E em preleção na véspera do primeiro jogo ouviu de Tarciso o seguinte:

- Não adianta professor, o Grêmio não dá sorte em decisões.

Ele manifestava o sentimento do grupo.
Ênio Andrade agiu rápido e com muita conversa e ajuda de outros reverteu. O time jogou duas grandes partidas vencendo em Porto Alegre, após sair perdendo e perder pênalti e em São Paulo. Foi o primeiro título. Com o Grêmio Tarciso seria, depois, Campeão da América e Campeão do Mundo.

Pois, aparentemente, estamos novamente diante de um grupo, com dificuldade de afirmação. Está mais do que provado que a responsabilidade e, mais do que isto, que a possibilidade de chegar mais alto trava os jogadores. Todos. Não é um, nem são dois ou três que não dão conta. É o coletivo. Quando mais deveriam ser seguros, não mostram atitude.
Não adiantam os discursos indignados de que vão jogar mais concentrados e blá-blá-blá. O torcedor cansou desta lenga-lenga. Estão indignados? Que mostrem em campo jogando com coragem.

De quem é a culpa? Deles mesmos? Do Roger? Da direção?
Como resolver?
Não dá para mandar todos embora. Aliás, muitos deles em outros times já se mostraram vencedores.
Quem sabe contratar uma equipe de psicólogos. Aliás, o Grêmio tem psicólogo na sua equipe de funcionários?
Resolveria? Não sei. Mas pelo menos seria algo diferente do que foi feito até agora.
A torcida não aguenta mais e não tem mais nenhuma paciência com a repetição de partidas covardes e medíocres.

Fora isto sobra apenas uma esperança que remete para o sobrenatural, para a crendice. E qual é esta?
Um astrólogo. Bruno Vasconcelos. Ele era entrevistado todos os anos pelo Ilgo Wink e tinha um número grande de acertos.
Pois ele vaticinou em 2004 que o Grêmio ficaria muito tempo sem ganhar nada. E que só voltaria a ganhar um título importante em 2015 ou 2016. Está aqui ó.
Então? 2015 passou no seco mas este ano ainda há dois campeonatos para serem jogados. Vai dar? Saberemos no final do ano.

Enquanto isto vocês preferem o que? Um tratamento científico ou sentar e esperar que a profecia se cumpra. O problema, já aviso, é que ele acertava muito mas não tudo.