22 de junho de 2011

Modelo Pedro pedreiro

O Grêmio dos últimos anos lembra o personagem do poema musicado de Chico Buarque. Nossos dirigentes parecem ter incorporado, há vários mandatos, o modelo de gestão Pedro pedreiro.

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem.

O presente é a melhor testemunha. Estamos finalizando o mês de junho. Jogadores considerados fundamentais para as pretensões do time acabam de ser contratados. Anuncia-se que outros mais virão. Todos só poderão estrear no mês de julho. A Libertadores da América, principal competição do ano, já se esvaiu e o Brasileiro parece comprometido.

Pedro pedreiro fica assim pensando, assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando prá trás.

Talvez no auge do modelo, há não muito tempo e em plena Libertadores, esperamos 45 dias pelo treinador Paulo Autuori. O homem chegou com bagagem de missionário e ticket de primeira classe. Soube-se depois que apenas esperava o dia de voltar pro norte.

Esperando, esperando, esperando, esperando o sol, esperando o trem...

O nível do futebol atual exige dos clubes profissionalismo, planejamento, motivação, qualidade no plantel e treino, muito treino. Sem isso, fica-se entregue aos caprichos do acaso.

Pedro pedreiro espera o carnaval e a sorte grande do bilhete pela federal...

Entrar no mês de julho sem ter sequer o plantel definido é a negação de tudo que se precisa para ter um clube vencedor. Infelizmente, tem sido assim, pelo menos na última década.

Pedro não sabe mas talvez no fundo espere alguma coisa mais linda que o mundo, maior do que o mar, mas pra que sonhar se dá o desespero de esperar demais...

O nosso Grêmio necessita passar por uma profunda reflexão. Os homens de todos os matizes que se sucedem na direção precisam despir algumas peças da vaidade que lhes estufam as silhuetas, debruçarem-se sobre a realidade do clube e pensarem, um pouco que seja, com determinada inteligência e ávida paixão, no bem da nossa Instituição. Sem isso, seguiremos repetindo erros antigos e inventando novos. Ficaremos esperando que nos caia algo no colo, fruto de uma conjunção de acasos que não vêm,
que não vêm,
que não vêm,
que não vêm...