16 de fevereiro de 2014

Daniel Matador: Sangue e Vinho

Caros

A noite da última quinta-feira foi simplesmente emblemática. Lá estava, no caldeirão do Parque Central, sentado em uma fileira de cadeiras azuis e brancas, o lendário Carlos Gardel, eternizado por meio de uma estátua no estádio do clube de seu coração. Pois o destino, este galhofeiro, quis que este mesmo Gardel compusesse o clássico tango Por Una Cabeza (que inclusive já foi tema de um post aqui no blog). E quis também que a alma do mestre do tango, por meio de sua estátua de torcedor, vislumbrasse Riveros, o paraguaio louco, meter justamente a cabeça na bola após o cruzamento de Ramiro e anotar o gol da vitória do Grêmio em solo charrua. Uma vitória no primeiro jogo da Libertadores da América. E não apenas o resultado mereceu ser comemorado, mas principalmente a postura da equipe. Jogamos como libertadores fôssemos. Corremos, lutamos, suamos e deixamos o sangue no campo. Como deve ser.
Após a consagradora apresentação em território uruguaio, as atenções voltam-se para o ruralito. Impossível sentir interesse por um campeonato como este enquanto se disputa a maior competição do continente. Naturalmente que nem todos possuem este privilégio, alguns só possuem o charmosão para jogar, mas cada um com seus problemas. O tricolor subirá a serra gaúcha para enfrentar o Esportivo em Bento Gonçalves, na terra do vinho. O estádio Montanha dos Vinhedos possui uma boa estrutura, devendo proporcionar boas condições para que os comandados de Enderson Moreira possam aperfeiçoar o entrosamento e desenvolver a equipe com novas alternativas.
Uma equipe mista deve entrar em campo para representar nossas cores. No treinamento do sábado, o time titular foi composto por Busatto, Moisés, Werley, Bressan, Wendell, Ramiro, Riveros, Alán Ruiz, Jean Deretti, Maxi Rodríguez e Luan. Confesso que me agrada muito esta formação. Ver Ruiz, Deretti e Maxi compondo o meio de campo seria algo muito interessante. Resta ver como Luan irá comportar-se atuando como único atacante de ofício, apesar de que o garoto já demonstrou que possui personalidade para tal. Prova disso é o fato de ter atuado contra o Nacional como se jogasse há anos no time titular. Para aqueles que conhecem, é de outra cepa.
Mesmo que o jogo em si seja apenas a continuidade de um torneio medíocre, é o Grêmio que estará em campo. Ainda que o ânimo não seja sequer comparável ao de uma disputa de Libertadores, são as três cores que estarão representadas na terra dos parreirais. A torcida tricolor já deu mostras de que é esmagadora maioria na serra gaúcha e certamente se fará presente em considerável número na Montanha dos Vinhedos. Na quinta tivemos Libertadores no Uruguai, neste domingo temos ruralito em Bento. Assim como no filme homônimo de 1996, protagonizado pelo grande Jack Nicholson, o Grêmio está vivendo dias de sangue e vinho.
Saudações Imortais