Por Milton Jung
Inter 2 x 1 Grêmio
Gaúcho – Beira Rio (POA)
Há três dias vejo um dos meus meninos vestindo a camisa do Grêmio. Não essa tricolor que vestem nossos jogadores em campo, mas camisas estilizadas, com destaque para o azul que nos representa, o símbolo no lado esquerdo do peito e imagens de um passado recente em que o Olímpico era nossa casa. Algumas tem dizeres impressos no tecido, mensagens enaltecendo nossa história e nossos mitos. Vestiu para ir a faculdade e a academia; para passear no shopping, também. Vestiu porque mesmo tendo nascido longe do Rio Grande aprendeu a ser gremista. Gosta de ser visto assim, identificado como tal. Os amigos mais próximos insistem em perguntar para quem ele torce aqui em São Paulo, como se torcer para o Grêmio não fosse suficiente. Ele não titubeia em responder: sou Grêmio e isso me basta!
Hoje, desde cedo, ele e o irmão acordaram mais atentos ao futebol do que costumam ser. Já devo ter contado aqui que, apesar da paixão do pai pelo esporte, eles preferem se concentrar nos times que disputam as competições eletrônicas, especialmente League of Legend, do que na bola rolando. No almoço, queriam saber como estávamos para a decisão e o que nos esperava na partida final.
Mesmo que diante do computador, torceram por mim desde o primeiro minuto de jogo, em Porto Alegre. Viram-me sofrer com dois gols que tiveram origem em falhas indesculpáveis de nossos marcadores. Viram-me vibrar no único lance em toda a partida no qual merecemos fazer nosso gol. Aproximaram-se de mim no segundo tempo para compartilhar o drama do relógio que corria para o minuto final. Lamentaram nossos erros e a falta de criatividade como lamentamos todos nós que torcemos pelo Grêmio.
Neste domingo, em que nossos defeitos se repetiram e nossos méritos não surgiram, assim como eu, os dois ficaram frustrados com o resultado final. É claro! Perder títulos sempre nos deixa com um gosto amargo. Tiveram, porém, mais uma lição de como um gremista é forjado. De que maneira nossa alma se constrói e nosso coração é massacrado. De que forma precisamos aprender a sofrer para nos tornarmos maior. De que o caminho até a vitória é aberto a partir dessas derrotas. Aprendizado que me fez mais forte na infância para me transformar em campeão do mundo na adolescência. E que está aí para moldar uma nova trajetória com as correções de rumo que se fizeram necessárias.
Independentemente do que tenha acontecido hoje e do que venha a acontecer amanhã e depois, nosso destino já está traçado: somos gremistas. E isso nos basta!