Caros
Após uma
semana em que toda a imprensa tomou um verdadeiro nó cego da direção e chutou
todos os nomes possíveis e imagináveis, sem contanto acertar sequer na trave, o
Grêmio anunciou o substituto do técnico
Luís Felipe Scolari. E quem chega para
comandar o
tricolor é justamente um ex-atleta de Felipão, lançado por ele no
clube quando tinha apenas 19 anos.
Roger Machado Marques, ou simplesmente
Roger, foi um dos ícones do lendário
Grêmio de 1995. Era apenas um garoto
quando, em 1994, Felipão pinçou-o das categorias de base, deu-lhe a camisa 6 e colocou-o na lateral
esquerda do time. Uma posição e uma camisa das quais o garoto criado no bairro Auxiliadora, em
Porto Alegre, tomou conta e posse durante toda uma década.
|
Roger já era titular da lateral esquerda gremista em 1994, com apenas 19 anos. |
Roger foi um
jogador multicampeão pelo
Grêmio. Logo em seu primeiro ano entre os
profissionais conquistou a Copa do Brasil de 1994 de forma invicta. No ano
seguinte teve sua consagração com o time que libertou a América. Em 1996 foi
campeão brasileiro e da Recopa Sul-Americana. Em 1997 fez o cruzamento para o
gol de
Carlos Miguel que calou o Maracanã lotado e deu ao
Grêmio sua terceira Copa do
Brasil, também de maneira invicta. Em 1999 conquistou a Copa Sul e em 2001
ergueu sua terceira Copa do Brasil pelo
tricolor, no ano do tetra
gremista
nesta competição. Também conquistou
os ruralitos de 1995, 1996,
1999 e 2001. Roger jogou mais de 700 jogos como profissional, sendo mais de 500
pelo
Grêmio. Jogou 7 Libertadores da América, sendo um dos jogadores
brasileiros que mais atuou nesta competição.
|
Roger é um dos jogadores brasileiros que mais vezes disputou a Libertadores da América. |
No ano de
2004 Roger deixou o
tricolor e rumou para o oriente, a fim de defender as cores
do Vissel Kobe, do Japão, onde permaneceu por cerca de 2 anos. Retornou ao
Brasil para acompanhar o nascimento da filha e foi convidado para jogar no
Fluminense. Sob o comando do maior ídolo gremista da história,
Renato
Portaluppi, Roger bateu um recorde ao fazer o gol que deu o título da Copa do
Brasil de 2007 para o clube das Laranjeiras, o quarto troféu desta competição
erguido por ele, marca esta que até hoje não foi superada por nenhum outro jogador. Roger também foi
convocado três vezes para a seleção brasileira.
|
Em 2011, Roger atuou como auxiliar técnico no Grêmio. |
Em 2011, já
tendo aposentado-se da carreira de jogador, foi convidado a integrar a comissão
técnica do
Grêmio como auxiliar técnico. Substituiu o treinador principal em
duas ocasiões neste período, justamente em dois Grenais, sendo que em ambos o
tricolor foi vitorioso pelo placar de 2 a 1 (o primeiro no remendão e o segundo
em Rivera). Em janeiro de 2013 recebeu o diploma de graduação na faculdade de
Educação Física, tendo sido aprovado com as notas mais altas da turma. No ano
de 2014 dirigiu o Juventude e, ao final da temporada, já fora do clube serrano,
passou um período na Europa, onde reciclou-se e teve contato com novas
metodologias da área. Neste ano, foi o técnico do Novo Hamburgo, tendo sido
desclassificado dentro da Arena justamente pelo
Grêmio, em um jogo decidido nas
cobranças de tiros livres diretos, após um empate em 1 a 1 no tempo normal.
|
Presidente Romildo Bolzan apresentou oficialmente o novo técnico. |
Fica até
estranho ter que apresentar o currículo de um campeão como Roger. Todo gremista
deveria ter obrigação de conhecer sua história. Mais do que um atleta, Roger
sempre foi um cidadão exemplar. Até hoje me recordo da carta que endereçou à torcida
do Fluminense, cuja diretoria não teve a dignidade de chamá-lo para
comunicar-lhe que estava dispensado ao final de seu contrato. É possível achar
o conteúdo completo da carta na internet. Mas vou reproduzir aqui um trecho que
traduz muito da personalidade que sempre moldou o camisa 6:
“Mas este é o
futebol. Ou será que esta é a vida do futebol? Vejo pelos exemplos de jogadores
que, com muito mais representatividade que eu num clube, são sumariamente
dispensados. O que mais me assusta, no entanto, é ver que os menos
profissionais, que fazem e acontecem em seus períodos de contrato, com atrasos,
bebidas e outras coisitas mais, saem da mesma forma que os que se comportam de
forma profissional e regrada. Eu não mudo. Que mudem os outros.”
|
Roger foi multicampeão pelo Grêmio. |
Este é o
técnico que o
Grêmio contratou. Um
tricolor de alma e que chega com a chancela
de ter no currículo conquistas maiores do que qualquer jogador do atual elenco
gremista. Que ele possa mostrar para estes que hoje serão seus comandados o
significado de vestir as três cores. Para que eles saibam como realmente honrar
a camisa riscada de azul, preto e branco. Da mesma forma como um dia um
jovem camisa 6 a vestiu e honrou. Bem vindo de volta, Roger. A nação
tricolor estará
contigo.
Saudações
Imortais