5 de maio de 2015

E la nave vá

Conversa de filho para pai


Ontem à noite cheguei do trabalho e meu filho, 20 anos disse que queria falar comigo.

- Pai, tu tá bem?
- Sim. Por que?
- Pai, li o blog e os comentários.
- E?
- Tens certeza que é isto que tu queres? 
- Sim filho.
- Vale a pena continuar?
- Os caras estão deprimidos, frustrados, em alguém tem de descontar.
- Vale a pena continuar?
- Filho, os comentários entram pelo olho esquerdo e saem pelo direito.

O pós jogo


Última vez que explico. O  pós jogo é feito no calor do jogo e é fechado sem correções e sem reflexões.
Eu, a Pitica, o Daniel, o Arigatô no passado escrevemos e publicamos. Não se mede o que mais deve ser ressaltado.
No post de domingo aparecem várias vezes a irritação com o time e as críticas aos jogadores e treinador. É só olhar os comentários e as notas.
Ao final do primeiro tempo está escrito assim:
Um fiasco amenizado pelo gol. O Grêmio parece que entra com medo quando joga decisão. E sentiu muito os gols. Restava saber se mudaria o psicológico para o segundo tempo.
Ao final do jogo, a análise sucinta é esta:
Grêmio teve 20 minutos de péssimo futebol. E depois teve 75 minutos em que Vuaden fez tudo o que deveria fazer para garantir o título para os mafiosos do remendão pataxó.Alguns ingênuos dirão que o resultado não passa pela arbitragem. Claro que não. 
Não retiro uma letra do que escrevi.


Um ensinamento aos incautos


Há muitos anos atrás, quando a maioria da imprensa brasileira, incluindo a esportiva, era profissional e honesta, havia vários jornalistas que diziam qual era o time de coração. Os morangos tinham vários. Alguns até respeitados.
Tinha um jornalista que também era delegado e foi dirigente do SCI que seguido repetia uma frase quando achava que o time dele tinha sido prejudicado pela arbitragem. Era colorado fanático o Hugo Amorim. Mas ele dizia uma frase que eu sempre concordei:
Um time tem o direito de ganhar um jogo mesmo que não jogue bem. 
Esta frase parece óbvia mas não é óbvia quando colocada num contexto em que se usa a pretensa ou mesmo real melhor atuação do vencedor para justificar os erros de um árbitro.
Ela pode ser dita de outro jeito. Assim ó:
Não tem importância os erros do juiz porque o time A jogou melhor mesmo e mereceu.
É. Os erros do Daronco no primeiro jogo culminando com a expulsão injusta do Geromel não tiveram influência no resultado? Geromel não fez falta domingo?

Antes de continuar vou explicar mais uma coisa: juiz malandro, inteligente, que chega a padrão FIFA, não rouba escandalosamente. Não dá um pênalti inexistente que todo mundo dirá que não foi. Juiz malandro, inteligente que chega a padrão FIFA irrita o time que quer irritar com faltas inexistentes, truncando o jogo, dizendo palavrinhas que incomodam no pé de ouvido, errando um impedimento que pode ser desculpado, amarelando só um lado.
Juiz malandro, inteligente, que chega a padrão FIFA trunca o jogo quando tem que truncar e aparentemente favorece o que quer desfavorecer quando as coisas já estão aparentemente decididas.
Se alguém duvida pegue o tape de domingo. Até os 2 x 0 nada a favor do tricolor. Dos 2 x 0 até o intervalo jogo solto e bem apitado. Na volta com 2 x 1 jogo truncado.
- Rhodolfo foi bem expulso,  dizem os ingênuos. É?
Então olhem este link da Corneta do RW.
Vocês leram algo sobre os lances lá mostrados? Rhodolfo foi na bola. Com força e na bola. Foi expulso direto. E os outros?
- Ah! Mas o Grêmio não criou nada, insistirão.
Dos problemas do Grêmio falo mais abaixo, mas o quanto a arbitragem tendenciosa, truncada e arrogante influenciou na ausência de chances?
Vocês acham que aquela bola que o Mamute tirou limpa e estava entrando área adentro quando foi marcada uma falta inexistente não seria pelo menos chance de gol?


E o Grêmio?


O Grêmio tem um problema emocional e um problema técnico.

O emocional talvez seja o pior. O peso de anos sem ganhar faz com que o time entre assustado em decisões. Qualquer pequeno problema serve para desestabilizá-lo. 
Lembram do jogo com o Novo Hamburgo? Jogava bem. Levou um gol e foi desastroso até o intervalo. Na volta, mesmo melhor, pariu uma bigorna para empatar e classificar.
O Grêmio, enfim, tem tremido em jogos decisivos. Quando passa a tremedeira a vaca já foi para o brejo.

O problema técnico é outro. Os jogadores no geral não são ruins. O conjunto é que não funciona. O time é muito lento na transição da defesa para o ataque. E falta fundamentalmente um matador. Tive sim saudades do Barcos, do Moreno e até do Lucas Coelho.
Há quanto tempo não se vê um contra-ataque de 4 ou 5 toques na bola de uma goleira à outra do time tricolor? Não lembro a última vez que vi.
E domingo não foi diferente. A saída lenta para o ataque dava chance para o adversário recuar e se fechar todo. E aí as coisas se complicam muito.
E Felipão, que é sim um técnico excepcional e vai ganhar título pelo Grêmio logo, errou na escalação e na proposição do jogo.
Deveria ter entrado com Walace e ficado mais fechadinho esperando para dar o bote. O cocô irmão só tem uma jogada de ataque. É o lançamento para a correria dos dois da frente. Deram espaço e levaram dois. 
Felipão quis contrariar seu currículo e sua receita vitoriosos. Se ferrou.

E a torcida?


A torcida gremista no estádio foi espetacular até o final do jogo. Teve que passar por um brete imundo, foi recebida à pedradas, encontrou confusão na porta e ainda viu o time levar 2 gols em 18 minutos. 
Nem por isto se intimidou e deixou de cantar mais alto do que o resto do estádio.
O que foi feio foi o que fez no final. Nada justifica o vandalismo cometido com a quebra das cadeiras.
E nada justifica muitos comentários postados no blog. Os primeiros após o jogo até se entende: cabeça quente e cheia de álcool é um problema. O Arigatô estes dias whaszapeou para mim: "se beber não twite".
Mas os que continuaram na segunda-feira e ainda hoje não tem perdão.
Não sobrou ninguém. Até o Presidente Koff, o maior presidente da história dos clubes do Brasil, lutando pela vida em uma cama de hospital, foi ofendido vilmente por panacas desqualificados.
Isto foi mal. Foi mal sim. Muito mal.


E o dia seguinte?


No ponto de vista do futebol, não é hora de terra arrasada. A direção está procurando alguns reforços e vai seguir lutando.
A política de recuperação das contas não será abandonada.

No extra-campo, também nada mudou.
O que se viu nestes dias foi nenhuma palavra sobre o apedrejamento da torcida do Grêmio e muito blá-blá-blá por conta da quebra das cadeiras do Remendão Pataxó.
O que se viu e ouviu hoje, foi um promotor, mais um, amigo e torcedor do mesmo time destes aqui, declarar que a culpa de não terem sido recolhidos os ingressos da torcida do Grêmio no jogo de domingo era da própria torcida do Grêmio. Ha-Ha-Ha. Nada mais precisa ser dito.

A outra notícia? Um auditor está investigando se faz denúncia contra um torcedor do Grêmio por suposto crime racial contra um cocô-irmão no jogo de domingo. Baseado numa foto. Já a mãe do Paulão e a denúncia do Potter no caso Fabrício descansam para o todo sempre dentro de uma gaveta.

E para finalizar: tem muito gremista querendo ser mais realista do que o rei. Em nome de uma pretensa fidalguia se juntam aos patifes de todos os lados sempre prontos para apedrejarem o Grêmio. Para estes recomendo esta leitura.

E la nave vá.