19 de abril de 2011

Mais dados sobre o paciente

No post Uma radiografia do paciente traçamos uma comparação entre o plantel atual do Grêmio e o de 2010. Constatamos que perdas verdadeiras poderiam ser consideradas apenas as saídas do Jonas e do Paulão, já que os demais eram contestados ou rejeitados. Concluímos dizendo que estes desfalques não podiam ser apontados como determinantes na brutal queda de rendimento do time.

Há quem discorde, como o Ilgo Winck, pessoa que não conheço e da qual não sou amigo, talvez apenas por não nos conhecermos. Ele inclusive postou algo com teor de amargor próximo aos 60 IBU, ao avaliar as conclusões da análise em seu boteco. Para ele, a ausência de Jonas explica quase tudo.

Respeitosamente, discordo muito dessa avaliação. O principal motivo dos percalços do Grêmio atual está em seu sistema defensivo. Gabriel, visivelmente aéreo, não fica na lateral. Rafael Marques luta para dar conta de si mesmo e ainda precisa cobrir o zanzar sem rumo do Gabriel pelo campo. Os zagueiros sobem ao ataque sem coordenação e a lateral esquerda vive as incertezas que se sabe.

Estas fragilidades são visíveis a olho nu e passam longe da centroavância. Mas, como sou afeito a aferir minhas impressões com dados reais, fui novamente aos números. O Grêmio de Renato, versão 2010, fez 51 gols em 24 jogos do Campeonato Brasileiro. A versão 2011 marcou 52 em 27.

Agora, percebam o detalhe: jogando contra adversários sabidamente mais fracos (Gauchão), tomamos este ano 30 gols (mais de 1 por jogo), contra 23 (menos de 1 por jogo) no ano passado. Resumindo: em média, se fizesse um gol por jogo em 2010, o time saia com a vitória. Neste ano, na média, fazendo um gol perde todos os jogos. Na Taça Piratini só não levamos gol em duas partidas (Ypiranga e Canoas). Na Farroupilha, em oito enfrentamentos, nossa defesa não foi vazada apenas, vejam só, pelos dois rebaixados (Inter SM e Porto Alegre).

Para mim, salta aos olhos que o conserto do time passa, necessária e urgentemente, pela arrumação do sistema defensivo. Isso não significa dizer que um centroavante que aproveite a maioria das chances criadas não faz falta. Mas um tipo assim faz muito tempo que não passa perto do Olímpico. Prosit!