26 de fevereiro de 2012

A inviabilidade é financeira

Post atualizado com acréscimos de informações e menção ao que interessa mais: o jogo desta tarde.
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A parceria para reforma do aterro emperra em questões técnicas já abordadas neste e em outros espaços. Estas questões técnicas, porém, estão fortemente vinculadas à viabilidade financeira do negócio. Este é um problema sério. Em 09/12/2011, divulgamos um post sobre isso (leia aqui). A atratividade do investimento é muito baixa. O retorno em nível adequado é impossível.

Está claro: a AG estabeleceu os parâmetros de rentabilidade que lhe interessam. Fora deles, não tem porque participar. Não é instituição de caridade e deve explicações sobre os investimentos aos seus acionistas. Noticia-se que um dos "parceiros" da SPE seria o próprio Internacional. Este não tem garantias a oferecer. Ponto.
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Matemática pura

Divulga-se que a AG pleiteia no Banrisul não R$ 100 milhões, mas R$ 200 milhões. Façamos uma conta simples. A linha de crédito do ProCopa define os seguintes encargos financeiros para operações indiretas: TJLP + Remuneração do BNDES + Remuneração da Instituição Financeira + Taxa de Intermediação Financeira. No caso específico, respectivamente:
  • TJLP: 6,00% a.a.
  • Remuneração Básica do BNDES: 0,9% a.a.
  • Remuneração da Instituição Financeira: 2,00% a.a. (*)
  • Taxa de Intermediação Financeira: 0,5% a.a.
  • Total: 9,4% a.a.
(*) Consideramos que a AG, por seu porte, consiga uma Taxa de Remuneração da IF de 2,00% a.a. (a taxa máxima cobrada pelo BNDES em operações diretas é de 3,57%). O empréstimo teria um custo financeiro final de 9,40% a.a.

Isto daria uma prestação anual de R$ 28,5 milhões, durante 12 anos (prazo máximo para obras de reforma e ampliação). Como obter este retorno num estádio de futebol? E isso só para pagar o empréstimo. Há ainda o capital próprio investido, que igualmente requer remuneração e retorno.

Obs: o cálculo da prestação foi feito pelo Sistema Price, que alivia o desembolso nos primeiros anos. Pelo Sistema SAC, mais usual em empréstimos do BNDES, a parcela do primeiro ano seria de R$ 35,4 milhões.
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As entrelinhas da nota

Um dos tópicos da nota divulgada pela AG diz textualmente:
– Pouco mais de 45 dias após a aprovação do contrato pelo Conselho Deliberativo do clube, a construtora conseguiu definir todos os demais investidores necessários à viabilização do projeto;

Importante observar a menção a "...45 dias...". Noticiou-se haver cláusula na minuta que resguardava: "Caso o Internacional não encontre um agente financiador para as obras em um prazo de 100 dias a AG poderá retira-se do processo sem pagar nenhuma multa." A menção aos 45 dias parece um lembrete a isso. E atentem bem: o responsável por obter o empréstimo seria o SCI.

Versões mais alarmistas dão conta de que a AG poderia retirar-se não só sem pagar multa, mas também sem devolver o valor recebido, relativo aos camarotes comercializados e à venda dos Eucaliptos. A dúvida remanescente refere-se ao início da contagem deste prazo: aprovação pelo CD ou assinatura do contrato. A menção aos 45 dias na Nota reforça a ideia de aprovação pelo CD. Então, o que já parece ruim... Já se vão 73 dias desde a aprovação da minuta pelo CD morango. Para 24 de março é um pulo.
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E os isentos?

Curiosamente, os "isentos" da imprensa gaúcha, tão ágeis quando se trata de repercutir problemas do Grêmio, não apresentaram a palavra de Luigi (limitaram-se a dizer que o assunto não diz respeito ao Internacional (sic)), Pífero, Fernando Carvalho, Ibsen Pinheiro, Affatato... Enfim, lideranças que poderiam tranquilizar a comunidade do aterro.

Tudo que parecem interessados em fazer até agora é jogar a culpa sobre a AG, forçando-a a assumir um negócio que lhe é nocivo ou preparar a opinião pública para uma solução "necessária" para os interesses do estado. Entenda-se como "necessária" o uso das tetas do erário público, diretamente ou através de mamadeira de aluguel.
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O jogo da tarde

Em meio a tudo, há o mais importante: o Grêmio, único time da capital que sobrevive às agruras do Gauchão. Hoje à tarde, em Caxias, joga-se a passagem para a final da Copa Piratini.

Jogo duro, com estreia de Luxemburgo no comando da equipe. Sem a mesma pegada do Gre-nal, o jogo não terá as facilidades do último, pois o adversário é mais qualificado.

Léo Gago, inexplicavelmente, tomou medicação sem consultar os médicos e está fora do jogo. Volta Marquinhos. No mais, o time é o mesmo do Festival de Chocolate da Quarta-feira de Cinzas.

Quem puder apoiar o time no estádio Francisco Stédile que o faça. Há sinais de mudanças boas no horizonte. Hora de os corneteiros não atrapalharem, já que em nada ajudam.
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Leiam abaixo o texto de retorno do seu Algoz.