15 de abril de 2009

Fé, risco e Orkut


Estádio Nacional de Santiago do Chile
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Da fé

Há muito constatamos: os atuais homens do futebol do Grêmio são homens de fé. Mais do que convicção, eles professavam fé cega de que o "vizi" era o homem para comandar o time. Ainda creem nisso. Apenas foram impelidos a tirá-lo pelos gritos de "Odone, Odone!", ao final do último jogo treino no aterro.

Agora, demonstram fervor religioso na busca de Paulo Autuori. Sem dúvida, seria uma grande contratação. A questão, porém, é o tempo que passa. O clube vive tempos de agenda leve. O time poderia estar sendo treinando, ensaiado, ajustado para os embates decisivos que vêm por aí, tanto na Libertadores quanto no Campeonato Brasileiro. Reféns da fé, condenam o time, a torcida e a sí mesmos a uma espera demasiada.
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Uma coisa, pelo menos, já poderia ter sido clareada: se o sheik não liberar Autuori logo (isso parece definitivo), virá ele em maio, quando o contrato abre uma brecha? Ou será que o sheik tem, também em maio, opção de vetar a saída do técnico? Estará Autuori negociando em duas frentes: liberação agora ou em maio? Estarão esperando os próximos resultados de campo para firmar fé ou não?

O fato é que a novela se estende em demasia, sem que se tenha claro qual pode ser o desfecho. Isto remete a uma segunda questão.
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Do risco

Os homens de fé, talvez sem se darem conta estão colocando a sí mesmos em situação delicada. Eventual fracasso futuro na Libertadores poderá ser atribuído à demora em substituir o "profe". Vejam que vencer uma Libertadores não é tarefa fácil. Porém, a postura dos dirigentes aponta para uma quase certeza de que com Autuori o título vem. Uma temeridade, um risco excessivo, uma fatura que será cobrada.
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O futuro passa também pelo jogo de hoje, contra a Universidade do Chile. É possível vencê-lo. O jogo de Porto Alegre mostrou uma disparidade tão grande (foram 14 chances claras de gol desperdiçadas) que a vitória poderá sim ser alcançada hoje. Para isso, é preciso não abdicar de atacar, não jogar pelo empate. Um time equilibrado, jogando de igual pra igual, pode trazer os 3 pontos. Cabe a Marcelo Rospide transmitir o recado e armar o time com esta disposição.
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Do Orkut

Através de página no Orkut, o ex-jogador China se oferece para treinar o Imortal. Com todo o respeito que China merece, não creio ser o caminho adequado para obter o cargo. Penso mesmo que a iniciativa elimina qualquer chance dele alcançar seu objetivo no momento.

Se o Grêmio atende, a moda pega e, amanhã, o Orkut terá páginas de D'Alessandro, Nilmar, Sandro... pedindo "Una oportunidad para jugar em Grêmio, una gran equipo", ou "Por favor, preciso jogar em um time grande: Grêmio, olha eu aqui." E assim por diante. Não é o caminho.