Fazendo contato
1967! Eu não estava entendendo muito bem o que se passava, quando um vizinho e sua irmã foram pedir à minha mãe para me levarem na esquina da Protásio Alves com a João Guimarães. Depois eu soube: acontecia a festa do Hexacampeonato. Lembro de uma enorme bandeira com faixas em azul, branco e preto e buzinas que não paravam. Em meio à balbúrdia, o meu vizinho me colocou sobre seus ombros. Lá do alto, comecei a gritar: GRÊMIO, GRÊMIO! Nunca mais parei. Lembro dele rindo com a minha gritaria e lembro do dia seguinte, da minha mãe furiosa. Não pude ir à aula, por falta de voz.
Na mesma João Gumarães tinha uma serralheria. Todos os domingos o pai de um amigo, Eugênio, me levava com eles para um café colonial em Dois Irmãos. Ou “Docermão”, como ele falava. Num destes domingos, era a final do campeonato gaúcho de 1968. Quando voltávamos de lá, em um Simca (carro chique pra época), o pai dele ligou o rádio bem na hora do segundo gol do Alcindo! O velho enlouqueceu. Desatou a buzinar... e buzinar... e buzinar... Até que, de repente, o carro simplesmente parou, no meio do nada! Acabara a bateria. Aí, quem começou a buzinar no ouvido do pai do Eugênio foi a mãe do Eugênio. Furiosa, esbravejava palavras que eu não entendia. Alemão puro! Pela voz dela e pela cara dos dois, boa coisa ela não dizia. Fomos rebocados por um caminhão de volta à Porto Alegre. Para não perder a viagem, o Simca de bateria nova, o velho ainda nos levou para passear e ver a festança! A vitória de 4 x 0 sobre o aterro foi demais. Mas o pai do Eugênio buzinou bem pouquinho.